sexta-feira, 29 de outubro de 2010

ORANDO COMO JESUS ENSINOU

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TEXTO ÁUREO
“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41).
- Esta exortação é uma lembrança para vigiarmos e não cairmos no fracasso na hora da provação (Mc 14.38). No texto paralelo a este, Pedro e os demais apóstolos negligenciaram a única coisa que poderia livrá-los de fracassar na tentação; vigilância constante e oração: nossa vida cristã fracassará com certeza se não orarmos. Nossa guerra contra as forças espirituais do mal exige dedicação a oração, isto é, orando "no Espírito", "em todo tempo", "com toda oração e súplica", "por todos os santos", "com toda perseverança". A oração não deve ser considerada apenas mais uma arma, mas parte do conflito propriamente dito, onde a vitória é alcançada, mediante a cooperação com o próprio Deus. Deixar de orar diligentemente, sob todas as formas de oração, em todas as situações, é render-se ao inimigo e deixar de lutar (Lc 18.1; Rm 12.12; Fp 4.6; Cl 4.2; 1 Ts 5.17).
VERDADE PRÁTICA
Ao orar o Pai Nosso, o Senhor Jesus ensina-nos a essência da oração.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Mateus 6.5-13
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Explicar porque a oração é vital ao crente.
- Compreender as implicações espirituais e práticas da oração-modelo.
- Conscientizar-se de que a Palavra de Deus nos ensina a orar.
PALAVRA-CHAVE
Modelo:- Representação em escala reduzida de objeto a ser reproduzido em dimensões normais; maquete.
COMENTÁRIO
(I. INTRODUÇÃO)
Na lição de hoje, estudaremos a respeito da oração mais conhecida de todos os tempos: a Oração do Pai Nosso. Para ensinar os discípulos a orar, Jesus proferiu esta conhecida oração (Mt 6.9-13). Esse modelo de oração é singular pela sua simplicidade e adequado pela sua objetividade e propósito; é um modelo que serve aos crentes. Com esta oração modelo, Cristo indicou áreas de interesse que devem constar da nossa oração. Esta oração contém seis petições: três dizem respeito à santidade e à vontade de Deus e três dizem respeito às nossas necessidades pessoais. A brevidade desta oração não significa que devemos ser breves quando oramos. Às vezes, Cristo orava a noite inteira (Lc 6.12). Boa aula!
(II. DESENVOLVIMENTO)
I. A ORAÇÃO DEVE SER INERENTE AO CRENTE
1. Aprendendo a orar com o Mestre. O maior exemplo de oração. Constantemente, Jesus procurava estar a sós em oração com o Pai, principalmente nos momentos de grandes decisões. Sendo Ele o Filho de Deus, cujos atributos divinos lhe assegurava o direito de agir sobrenaturalmente, poderia dispensar a oração como prática regular de sua vida. No entanto, ao assumir a forma humana, esvaziou-se de todas as prerrogativas da divindade e assumiu plenamente a natureza humana (Fp 2.5-8) experimentado todas as circunstancias inerentes à vida humana, inclusive a tentação (Hb 4.15). Isto significa que o Senhor dependeu tanto da oração como qualquer outra pessoa que se comprometa a servir com inteireza de coração a Deus. A oração foi o instrumento pelo qual Cristo suportou as afrontas, por ela, não deu lugar ao pecado, por ela, tomou o peso da cruz e venceu o maligno (Mt 26.36-46). Os evangelhos registram a vida de oração do Mestre: Depois de passar uma noite em oração, Jesus escolheu os doze para serem seus apóstolos. Se Jesus, o perfeito Filho de Deus, passou uma noite toda em oração ao Pai, para tomar uma importante decisão, quanto mais nós, com nossas fraquezas e nossos fracassos, precisamos orar muito e cultivar uma íntima comunhão com nosso Pai celestial. A oração modelo registrada em Mt 6.9-13, não é simplesmente uma fórmula para ser repetida como uma reza ou um mantra, a menos que o Mestre não tivesse condenado ‘as vãs repetições’ dos gentios. Seria incongruente. O seu propósito é revelar os pontos principais que dão forma ao conteúdo da oração cristã. Finalmente, ela não é uma oração universal, para toda a humanidade, mas destina-se exclusivamente àqueles que podem reconhecer a Deus como Pai, por meio da fé em Cristo Jesus.
2. Os discípulos já conheciam a respeito da oração? O Salmo 55.17 registra a busca perseverante de Davi em oração (de tarde, e de manhã, e ao meio-dia), os judeus tinham um horário determinado para as orações: de manhã (as 9h), à tarde (as 15h) e à noite (no pôr do sol). O apóstolo Paulo nos exortou a levar todas as nossas ansiedades a Deus em oração, com a promessa de que, assim, a paz de Deus guardará nossos corações e mentes (ver Fp 4.7). Os discípulos já tinham conhecimento da importância da oração, pois os judeus devotos e os gentios que criam em Deus tinham como costume orar. “Quando orares, não sejas como os hipócritas (v. 5). Como podemos saber se a nossa religião é realmente hipocrisia? Quando é para ser vista pelos homens. É apenas hipocrisia quando as igrejas têm bons coros, exigem pregação de elevado estilo, fazem orações eloquentes..., mas sem o Espírito. É hipocrisia colocar todas as mercadorias na vitrine, dando a entender que a loja tem grande estoque. É hipocrisia quando a adoração sai da boca para fora; é sinceridade somente se sair do íntimo do coração. Os hipócritas... se comprazem em orar em pé nas sinagogas (v. 5). Muitas vezes, a hipocrisia é tão acentuada nas igrejas que o mundo julga que todos os crentes são hipócritas. Jesus ensinou acerca disso, porque os líderes religiosos de sua época, gostavam das orações em lugares públicos para chamarem a atenção (Mt 6.5,6), porém Jesus ensina que devemos ter o nosso momento secreto com o Pai em oração (Mt 6.3).
3. A oração era algo habitual para Jesus e seus discípulos. Lucas ressalta mais do que os outros Evangelhos a prática da oração na vida e na obra de Jesus. Quando o Espírito Santo desceu sobre Jesus no Jordão, Ele estava orando (Lc 3.21); em certas ocasiões, afastava-se das multidões para orar (Lc 5.16), e passou a noite em oração antes de escolher os doze apóstolos (Lc 6.12). Ficou orando em particular antes de fazer uma pergunta importante aos seus discípulos (Lc 9.18); por ocasião da sua transfiguração, Ele subiu ao monte a orar (Lc 9.28); sua transfiguração ocorreu estando Ele orando (v.29); e estava ele a orar antes de ensinar aos discípulos a chamada Oração do Senhor (Lc 11.1). No Getsêmani, Ele orava mais intensamente (Lc 22.44); na cruz, orou pelos outros (Lc 23.34); e suas últimas palavras antes de morrer foram uma oração (Lc 23.46). Está registrado que Ele também orou depois da sua ressurreição (Lc 24.30). Ao observarmos a vida de Jesus nos outros Evangelhos, nota-se que Ele orou antes do convite, Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos (Mt 11.25-28); Ele orou junto ao túmulo de Lázaro (Jo 11.41,42) e durante a instituição da Ceia do Senhor (Jo 17). Enquanto estava neste mundo, Jesus freqüentemente procurava estar a sós com Deus (cf. Mc 1.35; 6.46; Lc 5.16; 6.12; 9.18; 22.41,42; Hb 5.7). Passar tempo a sós com Deus é essencial para o bem-estar espiritual de cada crente. Devemos estar continuamente conscientes de que a falta de oração individual ao nosso Pai celestial é um sinal inconfundível de que a vida espiritual dentro de nós está em declínio. Se assim acontecer, devemos repudiar tudo que ofende ao Senhor e renovar nosso compromisso de perseverar em buscá-lo e a sua graça salvífica. O empenho constante de Jesus era levar seus seguidores a reconhecerem a necessidade de estarem continuamente em oração, para cumprirem a vontade de Deus nas suas vidas.
SINÓPSE DO TÓPICO (1)
A oração deve ser uma prática habitual na vida do crente.
II. A ORAÇÃO-MODELO
1. “Pai nosso, que estás nos céus” (v.9). Muitas pessoas erroneamente compreendem a oração do Pai Nosso como uma oração que devemos fazer palavra por palavra. Alguns tratam a oração do Pai Nosso quase como uma fórmula mágica, como se as palavras por si só tivessem algum poder específico ou influência sobre Deus. A Bíblia nos ensina o oposto. Deus está muito mais interessado em nossos corações quando oramos do que em nossas palavras. Na oração, devemos derramar nossos corações a Deus (Fp 4.6-7), e não simplesmente recitar a Deus palavras memorizadas. Pelo seu uso do "Pai nosso", Jesus fala daquela relação especial estabelecida pela fé e continuada pela submissão à vontade divina (Mt 7.21). Esta é a oração do discípulo. Esta é a oração do "filho de Deus" renascido. Somente aqueles que receberam o evangelho do reino, que seguem o “novo e vivo caminho”: o seu Filho Jesus Cristo (Hb 9.20; Jo 1.12,13; 14.6), são privilegiados para orar "Pai nosso.…". O Espírito Santo nos transmite a confiança de que, por Cristo e em Cristo, agora somos filhos de Deus (v. 15). Ele torna real a verdade de que Cristo nos amou, ainda nos ama e vive por nós no céu, como nosso Mediador (Hb 7.25). O Espírito também nos revela que o Pai nos ama como seus filhos por adoção, não menos do que Ele ama seu Filho Unigênito (Jo 14.21,23; 17.23). Finalmente, o Espírito cria em nós o amor e a confiança que nos capacitam a lhe clamar: "Aba, Pai" (v. 15). Ao contemplar a Deus como Pai, o crente deve ter em mente três verdades bíblicas sobre o amor de Deus:
a) Deus nos amou primeiro. Uma palavra a qual a cristandade deu um novo significado – ágape – amor. Empregada pelos poetas gregos, ágape denota uma benevolência invicta e boa vontade inconquistável que sempre procura o bem maior da outra pessoa, independente do que ela faz. É o amor autoconcedido que dá livremente sem esperar receber nada em troca e sem considerar o valor de seu objeto. Agape é mais um amor por escolha do que philos , que é amor por acaso; e refere-se a vontade, ao invés da emoção. Agape descreve o amor incondicional que Deus tem pelos seus. Pela Palavra temos o conhecimento e a certeza de que a esperança de futuras grandes bênçãos não virá a ser falsa, pois o Espírito Santo dá generosas provas em nosso coração do amor de Deus por nós.
b) Deus nos adotou como filhos pelo Espírito de adoção (Rm 8.15). A verdade que Deus é nosso Pai celestial e que nós somos seus filhos é uma das maiores revelações do NT. Ser filho de Deus é o privilégio mais sublime da nossa salvação (Jo 1.12; Gl 4.7); ser filho de Deus é a base da nossa fé e confiança em Deus (Mt 6.25-34) e da nossa esperança da glória futura. Como filhos de Deus, somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rm 8.16,17; Gl 4.7). Deus quer que nos tornemos cada vez mais conscientes, mediante o Espírito Santo, o Espírito de adoção (Rm 8.15), de que somos seus filhos. O Espírito suscita a exclamação Aba (Pai) em nosso coração (Gl 4.6) e produz o desejo de sermos guiados pelo Espírito (Rm 8.14). É fundamental, contudo,saber que, mesmo sem o reconhecimento, por enquanto, por parte de outros, podemos ter a certeza de que somos filhos de Deus e de que nascemos dele. A revelação pública dessa verdade aguarda a revelação publica do próprio Deus quando Ele se manifestar, por ocasião do segundo advento.
c) Deus nos fez herdeiros seus. Deus nos oferece livremente a vida eterna em Jesus Cristo. Salvação (gr. soteria) significa “livramento”, “chegar à meta final com segurança”, “proteger de dano”. Na Soteriologia de Paulo, esclarece-se uma verdade fundamental no tocante ao modo de Deus lidar com a raça humana no seu todo: Deus castiga os malfeitores e recompensa os justos (Jo 5.29; Gl 6.7,8). Os justos são os que foram justificados pela fé em Cristo (1.16,17; 3.24) e que perseveram em fazer aquilo que é certo, segundo o padrão divino (Rm 2.7,10; Mt 24.13; Cl 1.23; Hb 3.14; Ap 2.10). Paulo nos faz lembrar que a vida vitoriosa no Espírito Santo não é nenhum caminho fácil. Jesus sofreu, e nós que o seguimos sofreremos também. Esse sofrimento é considerado um sofrimento em conjunto com Ele (2Co 1.5; Fp 3.10; Cl 1.24; 2 Tm 2.11,12) e advém do nosso relacionamento com Deus como seus filhos e da nossa identificação com Cristo.
2. “Santificado seja o teu nome” (v.9). A oração modelo é iniciada dirigindo-se ao ‘Pai nosso…’, salientando a relação íntima que podemos ter com Deus. Entretanto, na frase seguinte (‘santificado seja o teu nome’), Jesus ressalta a separação entre Deus e nós, em santidade, glória e pessoa. Note como as primeiras expressões desta oração mantêm uma relação estreita com os primeiros três dos dez mandamentos. Moisés começa com a condenação da corrupção da exaltada posição de Deus com falsos deuses, ídolos e uso do nome de Deus em vão. Jesus começa com uma afirmação da unicidade de Deus no universo e em nossas vidas. Com este conceito firme em nossas mentes, jamais corromperemos quem Deus é. O termo santificar pode ser definido como ‘separar de tudo o que é comum e profano, estimar, prezar, honrar, reverenciar e adorar como divino e infinitamente abençoado’. Quando oramos, não estamos tendo uma conversa informal com um colega igual a nós. Ainda que nossas orações tenham que refletir a bem íntima relação que temos desenvolvido com Deus, precisamos sempre reconhecer que estamos nos aproximando de um ser muito poderoso, santo e justo, somente por causa do acesso que Ele mesmo nos garantiu através do sangue de Cristo. ‘…teu nome’ - No Velho Testamento, os judeus receberam um nome especial para Deus. Em Êxodo 3.13,14, Moisés disse que os filhos de Israel perguntariam a respeito do Deus que o enviou: ‘Qual é o seu nome?’. Deus mandou Moisés dizer-lhes, ‘Eu Sou me enviou a vós outros’. A palavra traduzida como ‘Senhor’ (YAHWEH) vem da palavra-raiz para ‘Eu Sou’. Portanto, no sistema mosaico, um certo ‘nome’ foi usado para Deus. Eles não poderiam usar este nome de nenhum modo vão (Lv 24.16). Aparentemente, os judeus estavam tão temerosos de usarem o nome de Deus em vão que a pronúncia deste nome foi perdida. Ainda que eles tomassem grande cuidado no uso do nome de Deus, é claro que seu respeito pelo próprio Deus deixou a desejar. Através de Malaquias, Deus contrastou esta falta de reverência do povo judeu dos seus dias com a atitude que deveria prevalecer na nova aliança: ‘Mas, desde o nascente do sol até ao poente, é grande entre as nações o meu nome; e em todo lugar lhe é queimado incenso e trazidas ofertas puras, porque o meu nome é grande entre as nações, diz o Senhor dos Exércitos’ (1:11). Neste modelo de oração, a ênfase de Jesus não está em separar uma designação específica para Deus, e sim, em nossa atitude para com a natureza e a pessoa de Deus. A pessoa de Deus não pode se limitar a um determinado nome mais do que sua presença pode permanecer num templo feito com as mãos. É preciso notar, contudo, que os judeus foram hipócritas mostrando grande respeito pelo nome especial de Deus, mas pouco pelo próprio Deus. Podemos fazer o mesmo, dizendo que respeitamos a Deus, mas então usando seu nome em vão. As pessoas que usam os termos ‘Senhor’ e ‘Deus’ sem nenhum pensamento em Deus não estão santificando seu nome. ‘Santificado seja o teu nome’ deve ser uma expressão substancial do coração e não um mero código de acesso para ganhar entrada na presença de Deus. De fato, no contexto próximo de Mateus 6, Jesus está fazendo um contraste. Ele está dizendo ao povo que não ‘digam todas as coisas certas’ para serem vistos pelos homens. Em vez disso, temos que nos aproximar sinceramente de Deus, de coração, com nossas petições e agradecimentos, para sermos ouvidos por ele. Jesus nos mostra que precisamos começar tornando claro que sabemos quem é a criatura e quem o Criador.
3. “Seja feita a tua vontade” (v.10). É importante compreender o relacionamento entre a vontade de Deus e a responsabilidade do crente. Não é da vontade de Deus que nenhum crente caia da graça (Gl 5.4) e seja depois excluído da presença de Deus. Não é, tampouco, da sua vontade que alguém pereça (2 Pe 3.9), nem que deixe de vir ao conhecimento da verdade e ser salvo (1 Tm 2.4). Há, no entanto, muita diferença entre a perfeita vontade de Deus e a sua vontade permissiva. Deus não anula a responsabilidade do homem arrepender-se e crer, mesmo que isso signifique que sua perfeita vontade não é realizada (Lc 19.41). De modo geral, a Bíblia refere-se à vontade de Deus em três sentidos diferentes:
(1) A vontade de Deus é outra maneira de se identificar a Lei de Deus. Davi, por exemplo, forma um paralelo entre a frase “tua lei” e “tua vontade” no Sl 40.8. Semelhantemente, o apóstolo Paulo considera que, conhecer a Deus é sinônimo de conhecer a sua vontade (Rm 2.17,18). Noutras palavras: como em sua Lei o Senhor nos instrui no caminho que Ele traçou, ela pode ser apropriadamente chamada “a vontade de Deus”. “Lei” significa essencialmente “instrução”, e inclui a totalidade da Palavra de Deus.
(2) Também se emprega a expressão “a vontade de Deus” para designar qualquer coisa que Ele explicitamente quer. Pode ser corretamente designada de “a perfeita vontade” de Deus. E a vontade revelada de Deus é que todos sejam salvos (1Tm 2.4; 2Pe 3.9) e que nenhum crente caia da graça (ver Jo 6.39).
(3) Finalmente, a “vontade de Deus” pode referir-se àquilo que Deus permite, ou deixa acontecer, embora Ele não deseje especificamente que ocorra. Tal coisa pode ser corretamente chamada “a vontade permissiva de Deus”.
De fato, muita coisa que acontece no mundo é contrária à perfeita vontade de Deus (o pecado, a concupiscência, a violência, o ódio, e a dureza de coração), mas Ele permite que o mal continue por enquanto. A chamada de Jonas para ir a Nínive fazia parte da perfeita vontade de Deus, mas sua viagem na direção oposta estava dentro de sua vontade permissiva (Jn 1).
O ensino bíblico a respeito da vontade de Deus não expressa apenas uma doutrina. Afeta a nossa vida diária como crentes:
(1) Primeiro, devemos descobrir qual é a vontade de Deus, conforme revelada nas Escrituras. Como os dias em que vivemos são maus, temos de entender qual a perfeita e agradável vontade de Deus (Ef 5.17).
(2) Uma vez que já sabemos como Ele deseja que vivamos como crentes, precisamos dedicar-nos ao cumprimento da sua vontade. O salmista, por exemplo, pede a Deus que lhe ensine a “fazer a tua vontade” (Sl 143.10). Ao pedir, igualmente, que o Espírito o guie “por terra plana”, indica que, em essência, está rogando a Deus a capacidade de viver uma vida de retidão. Semelhantemente, Paulo espera que os cristãos tessalonicenses sigam a vontade divina, evitando a imoralidade sexual, e vivendo de maneira santa e honrosa (1Ts 4.3,4). Noutro lugar, Paulo ora para que os cristãos recebam a plenitude do conhecimento da vontade divina, a fim de viverem “dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo” (Cl 1.9,10).
(3) Os crentes são exortados a orarem para que a vontade de Deus seja feita (cf. Mt 6.10; 26.42; Lc 11.2; Rm 15.30-32; Tg 4.13-15). Devemos desejar, com sinceridade, a perfeita vontade de Deus, e ter o propósito de cumprí-la em nossa vida e na vida de nossa família (ver Mt 6.10 nota). Se essa for a nossa oração e compromisso, teremos total confiança de que o nosso presente e futuro estarão sob os cuidados do Pai (cf. At 18.21; 1Co 4.19; 16.7). Se, porém, há pecado deliberado em nossa vida, e rebelião contra a sua Palavra, Deus não atenderá as nossas orações.
SINÓPSE DO TÓPICO (2)
A oração-modelo ensina reconhecer a Deus como Pai; expressar sua soberania, santidade e dependência plena do Eterno.
III. DECORRÊNCIAS PRÁTICAS DA ORAÇÃO-MODELO
1. “O pão nosso de cada dia”: A terceira petição do modelo de oração diz: ‘O pão nosso de cada dia dá-nos hoje’; é, provavelmente, a petição mais conhecida, na mais conhecida das orações. Deus dá através de seu mundo natural criado. Desde o tempo de Noé, Deus tem prometido ‘...não deixará de haver sementeira e ceifa...’ (Gn 8.22). O crente sabe e reconhece sua dependência de Deus, é Ele quem dá a capacidade para ganhar, a possibilidade de germinação e o crescimento das plantações, ainda que possamos trabalhar com nossas mãos (Ef 4.28), entendemos que nosso trabalho não apaga a realidade da dádiva de Deus. ‘Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo’ (Tg 4.13-17). O Israel antigo recebia o maná diariamente. Isto era para humilhá-los e prová-los. Deus queria que eles aprendessem que eram dependentes d’Ele. O crente vive ‘de tudo o que procede da boca do Senhor’ (Dt 8.2,3). Israel fracassou miseravelmente em aprender a lição. Sua descrença e falta de confiança em Deus fizeram com que fossem ignorantes do propósito de Deus. Ouçam o ponto de vista deles sobre o propósito de Deus. ‘E por que nos traz o Senhor a esta terra, para cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa?’ (Nm 14.3). Se eles tivessem reconhecido e apreciado o cuidado diário de Deus, não teriam deixado de entender a meta final de Deus. Uma realidade em nossa vida é o perigo da abundância de boas coisas que nos faz deixar de apreciar o cuidado diário de Deus. Tornamo-nos crentes mimados. Sim, é pelo pão diário que oramos, porque é pela graça de Deus que comemos e vivemos cada dia. Entendendo nossa total dependência de Deus, estamos contentes ‘tendo sustento e com que nos vestir’ (1Tm 6.8).
2. Perdão das nossas dívidas. Esta declaração de Jesus salienta o fato de que o crente deve estar pronto e disposto a perdoar as ofensas sofridas da parte dos outros. Caso ele não perdoe seu ofensor arrependido, Deus não o perdoará e suas orações não terão resposta. Aqui está um princípio essencial para obtermos o perdão de Deus (18.35; Mc 11.26; Lc 11.4). “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mt 6.14,15). Quando um crente ofendido deixa de estender o perdão a outro, ele deixa de exemplificar a imagem de seu Senhor. Ele mesmo foi perdoado por Cristo quando se submeteu ao evangelho. Quando Pedro perguntou a Jesus quantas vezes tinha que perdoar seu irmão que peca contra ele, Jesus respondeu: ‘até setenta vezes sete’ (Mt 18.22). Jesus, além disso, ilustrou com a parábola do servo injusto a importância de perdoar aos outros. Este servo injusto recebeu o perdão de uma grande dívida para com o seu senhor, mas quando chegou sua vez de perdoar um camarada que estava em débito para com ele, meteu-o na prisão, em vez de perdoá-lo. Quando o senhor soube do que tinha acontecido, pediu a presença do servo injusto, chamou-o de peverso e incompassivo e, por causa da raiva dele, entregou-o aos torturadores até que pagasse tudo o que devia. Que lição para nós nestes dias!
3. Livramento do mal. Não poderá haver nenhum poder celestial em nossa batalha contra o pecado, Satanás e o mundo, nem vitória em nossa tentativa de ganhar os perdidos, sem muita oração diariamente. As palavras ‘nos deixes cair’ sugerem a necessidade da orientação de Deus nas decisões da vida. ‘Não cabe ao homem determinar o seu caminho’ (Jr 10:23). Precisamos olhar para Deus, para que nos mostre o caminho que devemos tomar. A frase ‘não…em tentação’ pode significar a mesma idéia que ‘pelas veredas da justiça’ (Sl 23.3). Se for, toda a exortação revela a intenção de nosso coração, não somente de abster-se de toda forma de mal (1Ts 5.22), mas também de agradá-lo em tudo (Cl 1.10). Tal meta exige a maior sobriedade e vigilância contra as várias ciladas do diabo (1Pe 5.8) para que não sejamos conduzidos ao pecado. Exige que estejamos constantemente em contato com as palavras do Senhor, lendo-as diariamente e meditando sobre elas continuamente, desde que elas revelam o caminho no qual devemos andar (Sl 119.105). As palavras ‘livra-nos’ sugerem a necessidade do poder de Deus nos perigos da vida. ‘O espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca’ (Mt 26.41); mas Deus ‘é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós’ (Éf 3.20). Aqueles ‘guiados pelo Espírito’ através de sua revelação serão capazes de motificar ‘os feitos do corpo’ (Rm 8.13,14) e produzir ‘o fruto do Espírito’ (Gl 5.22). Quando formos assim ‘fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior’ (Éf 3.16), Cristo habitará em nós; estaremos libertados do mal. Além disso, Deus promete dar libertação, pondo limitações às tentativas de Satanás de nos destruir. Ele promete nunca deixar Satanás nos testar com tentações acima de nossa experiência humana normal ou com aquelas para as quais não haja escapatória: ‘Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar’ (1Co 10.13). Com esta garantia podemos enfrentar as provações da vida com esperança da libertação de Deus.
SINÓPSE DO TÓPICO (3)
O suprimento diário, o perdão dos pecados e o livramento do mal são decorrências práticas da oração-modelo.
(III. CONCLUSÃO)
Quando o crente aprende biblicamente como se dirigir a Deus em oração, estando com a sua vida cristã em ordem, passa a ter a certeza de que suas orações serão respondidas. Quando Jesus disse aos seus discípulos: ‘Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe’, os discípulos disseram: ‘Senhor: Aumenta-nos a fé’ (Lc 17.3-5). Às vezes, usamos esta história para falar da necessidade de ter uma fé forte, mas Jesus disse que isso não exigiria muita fé! ‘Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplante-te no mar; e ela vos obedecerá’ (v 6). A ênfase não é a grande fé deles, mas para pequena fé num poderoso Deus. Isso é confortante. Nossa fé não está simplesmente no poder da fé, mas no poder de Deus. Fé como um grão de mostarda removerá montes (Mt 17.20). Não montanhas literais, mas fortes obstáculos que fiquem no nosso caminho. Que confortante! Aleluias!
APLICAÇÃO PESSOAL
Quando os discípulos perguntaram como deveriam orar, Jesus iniciou a resposta dizendo: ‘Quando orardes...’ (Mt 6.5), presumindo que eles tivessem um período regular para orar. Eis uma grande pressuposição a respeito dos discípulos de Jesus hoje. A maioria de nós afirma que não tem tempo para a oração diária. Desejamos que a oração se torne parte vital de nossas vidas? Quando queremos nos desenvolver em qualquer outra área: música, esportes, condicionamento físico, fazemos com regularidade. Lembremos que o conflito espiritual desenvolve-se interiormente no crente e envolve a totalidade da sua pessoa. Este conflito resulta ou numa completa submissão às más inclinações da ‘carne’, o que significa voltar ao domínio do pecado; ou numa plena submissão à vontade do Espírito Santo, continuando o crente sob o senhorio de Cristo (Rm 8.4-14). O campo de batalha está no próprio crente, e o conflito continuará por toda a vida terrena, visto que o crente por fim reinará com Cristo (Rm 7.7-25; 2 Tm 2.12; Ap 12.11; ver Ef 6.11), dessa forma, é vital estabelecermos uma regularidade nesta importante área da vida cristã. Quando um discípulo de Jesus lhe pediu: ‘Senhor, ensina-nos a orar’, sua resposta imediata foi dar-lhe um modelo de oração. Infelizmente, o modelo de oração de Jesus, como muitos dos seus ensinamentos, tem sido abusado seriamente. Alguns acreditam que a mera repetição dela seja uma obra de mérito, que compra a graça de Deus, por isso repetem o que chamam ‘Pai Nosso’ centenas de vezes, acreditando que quanto mais frequentemente a repetirem, maior será a graça recebida. Outros repetem-na de modo totalmente mecânico, supondo que simplesmente ao dizer as palavras estejam satisfazendo as instruções de Deus para orar. Ambos estes costumes violam o ensinamento de Jesus no próprio contexto no qual o modelo é encontrado, em Mateus (6:5-8). Jesus nunca pretendeu que sua oração fosse rezada palavra por palavra. Muitas orações de Jesus e de seus discípulos são registradas no restante no Novo Testamento, mas nenhuma vez encontramos uma repetição das palavras tais como foram ditas no modelo. Alguém que julgue que deve fazer esta oração exatamente tem que decidir se vai usar a forma encontrada em Mateus ou Lucas e não há modo de se fazer tal julgamento. Quando Jesus deu este modelo, ele disse: ‘Portanto, vós orareis assim’ (Mt 6.9). O restante das orações encontradas no Novo Testamento refletem as qualidades e características deste modelo.
Crendo N’Aquele que é galardoador dos que o buscam (Hb 11.6),
Francisco A Barbosa
BIBLIOGRAFIA PESQUISADA
- Lições Bíblicas 4º Trim. Livro do Mestre CPAD (http://www.cpad.com.br);
- Stamps, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD;
- Bíblia de Estudo Genebra. São Pulo e Barueri, Cultura Cristã e SBB, 1999;
- BOYER, Orlando. Espada Cortante 1. Rio de Janeiro, CPAD, 2. ed. 2006, p. 313.
- Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro, CPAD, 2009.
- Hybels, Bill. Ocupado Demais para Deixar de Orar / Bill Hybels; Tradução Magaly Fraga Moreira. Campinas, SP; Editora United Press, 1999.
EXERCÍCIOS
1. Quantas vezes durante o dia os judeus e devotos gentios oravam?
R. Três vezes ao dia.
2. A quem devemos dirigir nossas orações?
R. Deus, o Pai celestial.
3. Quais são as verdades bíblicas que o crente deve ter em mente sobre o amor de Deus?
R. Deus nos amou primeiro; Deus nos adotou como filhos pelo Espírito de adoção; Deus nos fez herdeiros seus.
4. O que Jesus deseja nos ensinar ao dizer “o pão nosso de cada dia”?
R. Que por mais que o homem trabalhe e lute para obter o seu sustento, Deus é o provedor.
5. Qual a condição, segundo a Oração do Pai Nosso, para recebermos o perdão de Deus?
R. Perdoar os que nos ofendem.
Boa aula!

Autorizo a todos que quiserem fazer uso dos subsídios colocados neste Blog. Solicito, tão somente, que indiquem a fonte e não modifiquem o seu conteúdo. Agradeceria, igualmente, a gentileza de um e-mail indicando qual o texto que está utilizando e com que finalidade (estudo pessoal, na igreja, postagem em outro site, impressão, etc.).

ORANDO COMO JESUS ENSINOU

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ORANDO COMO JESUS ENSINOU
Texto Áureo: Mt. 26.41 – Mt. 6.5-13.
Pb. José Roberto A. Barbosa

Objetivo: Aprender a orar a partir do modelo do Senhor, atentando para seus ensinamentos, que fundamentam a oração cristã.

INTRODUÇÃO
Existem muitos modelos de oração, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. As publicações editoriais também investem em vários padrões de oração. Entre elas destacamos a Oração de Jabez, que resultou na publicação de um best seller. Mas nenhuma oração pode ser comparada àquela que Jesus ensinou. Ela deva ser orada e vivida por todo cristão. Por isso, na aula de hoje, meditaremos a respeito da oração do Senhor. Esse modelo é uma resposta de Jesus ao pedido dos discípulos: “ensina-nos a orar” (Lc. 11.1), pois eles não sabiam, assim como nós hoje, a orar como convém (Rm. 8.26).

1. ATITUDES NA ORAÇÃO
Em resposta ao pedido dos discípulos, Jesus passa, então, a ensinar-lhes a orar (Mt. 6.9; Lc. 11.2). As instruções do Senhor dizem respeito às atitudes: 1) com sinceridade (Mt. 6.1,5,6), não como os fariseus (Mt. 23.14; Lc. 18.10-14); 2) com confiança (Mt. Lc. 11.9-13; Mt. 21.22); 3) com persistência (Lc. 11.5-8), mas 4) com brevidade, sem apelar para vãs repetições (Mt. 6.7). Ainda que possamos orar no templo, enquanto casa de oração (Mt. 21.13; Mc. 11.17; Lc. 19.46; At. 3.1), não estamos restritos a um lugar específico, pois Deus é Espírito e importa que os adoradores que Ele mesmo busca façam-no em espírito e em verdade (Jo. 4.19-24). Um dos elementos fundamentais à oração é que essa seja feita com fé, pois aqueles que se achegam a Deus precisam acreditar que Ele é galardoador dos que O buscam (Hb. 11.6). As palavras de Jesus também devam permanecer em nós, pois, diz Ele em Jo. 15.7, “se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito”. É preciso fazer uma ressalva, que esse “tudo” é relativo, isto é, não podemos pedir mal, para esbanjar em deleites carnais (Tg. 4.2,3). E assim, quando as palavras de Jesus, verdadeiramente, estiverem em nós, oraremos segundo a Sua vontade, e Ele nos ouvirá (I Jo. 5.14; Jo. 15.7).

2. AO PAI QUE ESTÁ NO CÉU
A oração instrutiva de Jesus quebra um paradigma em relação à fé judaica porque chama Deus de “Paizinho” (Aba), ressaltando o relacionamento íntimo que podemos ter com Ele. Mas Deus não é apenas meu Pai, Ele é “nosso” Pai. Em Cristo fomos feitos filhos de Deus, de modo que hoje podemos, todos aqueles que crêem, se direcionar a Ele como Pai (Jo. 1.12). Esse Pai amoroso, revelado na Parábola do Filho Pródigo (Lc. 16), está acima dos homens, Ele é Deus acima de todos, por isso, está “nos céus” (Is. 66.1), é o Criador, não pode ser confundido com a criatura. Todos devem reconhecer que Ele é Santo, o nome dEle, na verdade, é Santo, e digno de louvor e adoração (II Sm. 22.5; Ez. 36.20). Ele é soberano, por isso, oramos para que venha o reino dEle, que Sua “vontade seja feita na terra como no céu”. Jesus veio para anunciar o Reino de Deus (ou dos céus) (Lc. 4.43), e esse já está no meio de nós (Mt. 22.1; Lc. 14.16), pois Cristo já reina entre os seus súditos (Mt. 13.44, 45, 46), mas ainda virá o dia no qual esse reino será pleno (Ap. 21.2-4), naquele dia, a vontade de Deus prevalecerá, na terra como já acontece no céu. Essa é a bendita esperança da igreja, e principalmente, de Israel, quando o trono de Deus será estabelecido na terra e Jesus será reconhecido como o Rei dos reis e Senhor dos senhores.

3. PARA QUE SUPRA AS NECESSIDADES
Enquanto vivemos debaixo dessa esperança, dependemos de Deus e rogamos que Ele nos dê o alimento diário, ainda que saibamos que o Pai sabe o que temos necessidade, antes mesmo que peçamos (Mt. 6.8), oramos, pois Ele se compraz em responder as orações. O cristão não deve pedir riqueza, muito menos pobreza (Pv. 30.8,9), mas tão somente o necessário, não para entesourar, ou para viver ansiosamente (Mt. 6.19-31), antes dependendo do Senhor, que nos dá o que precisamos (Mt. 6.32-34). Devemos lembrar do material, mas também do espiritual, pois somos pecadores. Durante a oração precisamos reconhecer diante de Deus os nossos pecados, e pedir que Ele nos perdoe, mas precisamos perdoar aqueles que nos ofenderam (Mt. 6.14,15; 11.25; 18.21,22, 35), muito mais do que sete vezes (Mt. 18.21,22). O pecado não deva ser uma prática comum na vida cristã, por isso, é preciso orar para que não caiamos em tentação, cientes que não somos tentados por Deus, e sim pela nossa concupiscência (Tg. 1.13-14) e que nenhuma tentação nos sobrevém de sorte que não a possamos suportar (I Co. 10.13; II Pe. 2.9). Além de orar para que não cedamos à tentação, devemos pedir também que o Senhor nos livre do mal, isto é, do Maligno (Jo. 17.15). Orar somente não é suficiente, faz-se necessário resisti-lo (Tg. 4.7), pois Satanás “anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (I Pe. 5.8). Estejamos, pois, firmes, fortalecidos com toda armadura de Deus (Ef. 6.14-18) para que não sejamos vencidos pelo príncipe das trevas (Ef. 6.10-12), nem por homens perversos e maus (II Ts. 3.1-2), e muito menos pelos cuidados deste mundo e pela sedução das riquezas (Mt. 13.22).

CONCLUSÃO
A oração que Jesus ensinou inicia e termina em adoração ao Pai, reconhecendo, ao final, que dEle é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre (Mt. 6.13). Que essa revelação seja observada nas orações dos cristãos, que nossas orações sejam menos centradas no homem, e mais em Deus. Ao invés de determinar que Deus faça o que queremos, devemos estar abertos a Sua soberana vontade, pois Ele, somente Ele, sabe o que realmente precisamos. A Ele seja a honra e a glória, pelos séculos dos séculos, amém.

BIBLIOGRAFIA
HANEGRAAFF, H. A oração de Jesus. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
KELLER, W. P. Orando diariamente o Pai Nosso. São Paulo: Vida, 2008.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Lição 03- A ORAÇÃO SÁBIA

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A ORAÇÃO SÁBIA
Texto Áureo: II Cr. 7.1 – II Cr. 6.12,21,36,38,39.
Pb. José Roberto A. Barbosa

Objetivo: Mostrar que a fidelidade do Senhor e adorá-lo com humildade leva-nos ao reconhecimento da Sua soberania.

INTRODUÇÃONa aula de hoje estudaremos a respeito de Salomão, o edificador do templo, suas orações, e, em especial, a sábia oração de dedicação do templo ao Senhor. Esperamos que nessa aula possamos extrair lições para aplicação dessa oração em nossas vidas, a fim de vivermos sabiamente na presença de Deus.

1. SALOMÃO, O EDIFICADOR DO TEMPLO
Salomão, cujo nome em hebraico é Lugar do Senhor, foi o terceiro rei de Israel; décimo filho de Davi o segundo que este teve com Bate-Seba. O nascimento de Salomão havia sido profetizado por Natã (II Sm. 7.12,13; I Cr. 22.8-10). Ele nasceu em Jerusalém, e denominado, pelo profeta Jedidias, de “amado do Senhor” (II Sm. 5.14; 12.24,25). Quando Davi se encontrava adiantando em anos, Adonias, o filho do rei, quis reinar em seu lugar (I Rs. 1.5). Natã, porém, procurou Bate-Seba, a rainha, a fim de que essa fizesse lembrar ao rei da sua promessa em relação a Salomão, enquanto futuro sucessor do trono. Através da intercessão de Bate-Sabe, Davi apressou-se em ungir Salomão, seu filho, como sucessor imediato do reino. Um dos destaques do reinado de Salomão foi a edificação do templo, desejo antigo do seu pai Davi (I Rs. 5.6; II Cr. 2-4). Essa tarefa foi empreendida através de um grande número de operário, o madeiramento foi preparado antes de ser levado até ao mar, sendo posteriormente conduzido em navios até Jope, e deste porto até Jerusalém, num percurso de aproximadamente 64 km (I Rs. 5.9). Para a construção desse templo foram nomeados vários oficiais, 3.300 (I Rs. 5.16), com 550 chefes (I Rs. 9.23), entre os quais, 250, eram nativos israelitas (II Cr. 8.10). Os fenícios atuaram intensamente na construção do templo dos tempos de Salomão, através do rei Hirão, que recebia, de Israel, trigo, cevada, vinho e azeite (I Cr. 2.10; Ez.. 27.17; At. 12.20). Esse templo estava direcionado para o Oriente e tinha aproximadamente 27 metros de comprimento, 9 de largura, 13,5 de altura.

2. SALOMÃO, UM HOMEM DE ORAÇÃO
Encontramos, no Antigo Testamente, várias orações de Salomão. O registro mais antigo das orações de Salomão se encontra em I Reis (ver II Cr. 1.7-13). Em I Rs. 3.5-9, o Senhor aparece a Salomão, de noite em sonhos e disse-lhe que pedisse o que quisesse. Salomão respondeu que “um coração entendido para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; porque quem poderia julgar a este teu tão grande povo?”. Do mesmo modo, o Senhor, nos dias de hoje, nos instrui a pedir (Mt. 7.7). E João diz que devemos confiar que se pedirmos alguma coisa segunda a Sua vontade Ele nos ouve (I Jo. 5.14). Mas nem todos sabem pedir sabiamente, conforme pediu Salomão, antes pedem mal, para gastarem em seus deleites (Tg. 4.3). A preocupação de Salomão não era com seus interesses pessoais, mas com o bem-estar do povo israelita, por isso essa oração pareceu bem aos olhos do Senhor (v. 10), que lhe deu não apenas entendimento, mas também riqueza (v. 11-14). Deus é cativado por uma petição destituída de egoísmo, voltada menos para si mesmo, e mais para Deus e o próximo. Salomão, diferentemente de muitos líderes dos dias de hoje, não considerou o povo como propriedade sua, mas de Deus, assumindo o lugar de um pastor subordinado, disposto a cumprir a vontade de Deus e trabalhar em favo daquele povo (v. 7,8). A oração é fundamental para quem exerce posição de liderança, tal como Samuel, o líder não pode pecar, deixando de interceder pelo povo diante do qual ministra (I Sm. 12.23).

3. A ORAÇÃO DE DEDICAÇÃO DO TEMPLO
Após a conclusão do templo, que durou sete anos, Salomão solicitou aos sacerdotes que colocassem a arca do Senhor no santuário que se chamava o Lugar Santíssimo (I Rs. 8.6). Quando os sacerdotes se afastaram do santuário, uma nuvem encheu o lugar, em seguida, Salomão fez uma oração de dedicação do Templo ao Senhor (I Rs. 8.22), sendo essa uma das mais longas registradas na Bíblia. Inicialmente, o rei pede ao Senhor que honre sua palavra que havia dado a Davi e que ouvisse sua oração (v.22-30). Em seguida faz sete pedidos: 1) quando um homem for obrigado a prestar algum juramento, então ouve do céu e age (v. 31,32); 2) quando o povo de Israel confessar o seu pecado, então ouve do céu e perdoe o seu pecado (v. 33,34); 3) quando se converterem do seu mau caminho, porque os afligiste, então ouça do céu e perdoa-lhes o pecado (v. 35,36); 4) quando o povo tiver fome, ou praga, e voltar-se para ti em oração, então retribui a cada um segundo o seu coração (v. 37-40); 5) quando um estrangeiro chegar e orar voltado para o templo, por causa do Teu grande nome; então faça tudo o que ele clamar a ti (v. 41-43); 6) quando enviares o Teu povo à guerra, e eles orarem, então ouve do céu e sustenta a causa deles (v. 44,45); e 7) quando forem levados ao cativeiro, se abandonarem o seu pecado, e orarem, então lhes perdoa o pecado (v. 46-51).

CONCLUSÃO
A oração de Salomão, por ocasião da dedicação do Templo do Senhor, é sábia porque o patriarca israelita, ao invés de tributar glória e honra a si mesmo, adora a Deus, reconhecendo que somente o Senhor é Grande. Isso é evidenciado em sua posição na oração, de mãos estendidas para o céu (v. 22), de joelhos diante do altar (v. 54). Através dessa oração Salomão ressalta a soberania de Deus, e, ao mesmo tempo, sua incapacidade e total dependência de Deus (v. 27).

BIBLIOGRAFIA
BRANDT, R. L., BICKET, Z. J. Teologia bíblica da oração. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
GEORGE, J. Orações notáveis da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

Lição 03- A ORAÇÃO SÁBIA

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POR FRANCISCO A. BARBOSA

TEXTO ÁUREO
"E acabando Salomão de orar, desceu o fogo do céu, e consumiu o holocausto e os sacrifícios; e a glória do SENHOR encheu a casa." (2Cr 7.1).
- A "glória do SENHOR" refere-se a uma manifestação visível da presença e do esplendor de Deus e tem emprego variado na Bíblia. Às vezes, descreve o esplendor e majestade de Deus (cf. 1Cr 29.11; Hc 3.3-5), uma glória tão grandiosa que nenhum ser humano pode vê-la e continuar vivo (ver Êx 33.18-23). Quando muito, pode-se ver apenas um “aparecimento da semelhança da glória do Senhor” (cf. a visão que Ezequiel teve do trono de Deus, Ez 1.26-28). Neste sentido, a glória de Deus designa sua singularidade, sua santidade (cf. Is 6.1-3) e sua transcedência (cf. Rm 11.36; Hb 13.21). Pedro emprega a expressão “a magnífica glória” como um nome de Deus (2Pe 1.17). A glória de Deus também se refere à presença visível de Deus entre o seu povo, glória esta que os rabinos de tempos posteriores chamavam de shekinah. Shekinah é uma palavra hebraica que significa “habitação [de Deus]”, empregada para descrever a manifestação visível da presença e glória de Deus. Moisés viu a shekinah de Deus na coluna de nuvem e de fogo (Êx 13.21). Em Êx 29.43 é chamada “minha glória” (cf. Is 60.2). Ela cobriu o Sinai quando Deus outorgou a Lei (ver Êx 24.16,17 nota), encheu o Tabernáculo (Êx 40.34), guiou Israel no deserto (Êx 40.36-38) e posteriormente encheu o templo de Salomão. O equivalente da glória shekinah no NT é Jesus Cristo que, como a glória de Deus em carne humana, veio habitar entre nós (Jo 1.14). Os discípulos a viram na transfiguração de Cristo (Mt 17.2; 2Pe 1.16-18), e Estêvão a viu na ocasião do seu martírio (At 7.55). (adaptado do estudo A GLÓRIA DE DEUS, BEP CD RON)
VERDADE PRÁTICA
Apregoar a fidelidade do Senhor e adorá-Lo com humildade leva-nos a interceder pelo próximo.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
2º Crônicas 6.12,21,36,38,39
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Conhecer o contexto familiar de Salomão antes de ascender ao trono como rei de Israel;
- Explicar as características da oração de Salomão, e
- Conscientizar-se de que precisamos de sabedoria para a eficácia de nossas orações.
PALAVRA-CHAVE
Sabedoria:-qualidade de Sábio; caráter do que é dito ou pensado sabiamente
COMENTÁRIO
(I. INTRODUÇÃO)
Pode-se aprender muito com a oração de Salomão. Era bastante incomum que um rei se ajoelhasse perante outro, sobretudo diante de seus súditos, porque o ato significa submissão a uma autoridade superior. Salomão demonstrou seu grande amor e respeito por Deus ao se ajoelhar diante dEle. Essa atitude revelou que reconhecia Deus como Supremo Rei e Autoridade; isto encorajou o povo a fazer o mesmo. Quando Salomão dedicou o Templo, que construiu para que Deus pudesse habitar no meio do seu povo, colocou diante de Deus petições referentes à muitas situações que preocupariam Israel no futuro: pecado, inimigos, perdão, seca, pestilência, guerra, cativeiro, e assim por diante. Cada petição foi seguida por uma súplica para que Deus ouvisse e respondesse as orações de Israel. Quando Salomão terminou suas petições, Deus demonstrou de forma dramática a sua aprovação pelo templo e a sua aceitação da oração de Salomão. Desceu fogo do céu, consumindo os sacrifícios e as ofertas queimadas. Então a glória do Senhor encheu o templo. Há lições aqui para nós, pois Deus agora habita nossos corações como seu templo. Se o buscarmos, Ele estará conosco no mesmo momento. No instante em que colocamos as ofertas que selecionamos sobre o altar, o seu fogo santo desce. E sempre que deixarmos espaço disponível para Deus, Ele vem e ocupa! Boa Aula!
(II. DESENVOLVIMENTO)
I. VIVENDO A DIFERENÇA
1. O lar de Salomão. Como filho do rei de Israel, certamente o príncipe recebeu uma educação exemplar e acima da média, assim também como os outros filhos do rei, aculturados com costumes de sua e de outras nações. Davi certamente amava seus filhos, educou-os apropriadamente, mas faltou ao rei o pulso firme, pulso que aliás, estava amarrado pelo pecado cometido, sua autoridade e liderança não tinha voz ativa para a sua prole, isso levou sua família a ruína. Os filhos de Davi seguiram seu exemplo no adultério e no assassinato, muito embora possamos ver nos apelos de Tamar (não se faz assim em Israel) uma diferenciação nos padrões morais de Israel face aos praticados pelos vizinhos, mas os valores de Amnom seguiam uma escala diferenciada, por isso buscou saciar sua ‘lascívia animalesca’ possuindo sua meia-irmã. Os filhos do rei certamente foram instruídos na Lei do Senhor e Amnom certamente sabia que o incesto era condenado e o levaria a morte (Lv 20.17). Davi tinha a obrigação de fazer muito mais do que apenas se irar, pela Lei, o incestuoso deveria ser morto (Lv 20.17). Entendemos o comportamento de Davi, afinal, que pai entregaria seu filho à morte? Que dor aquele pai estava sentindo? Sua filha estuprada... seu filho transgressor da Lei, condenado à morte (que não ocorreu de imediato, mas ela chegou pela mão de Absalão). A profecia proferida por Natã claramente afirmava que Deus trataria com Davi às claras e a vista de todo o Israel. É fato que Absalão era o sucessor natural de Davi, tendo agora já vingado sua irmã e tirado o primogênito do caminho, certamente poderia galgar até o trono sem maiores percalços, mas a colheita de Davi continua, afinal, nenhuma palavra do Senhor cai por terra. ‘Ser pai é participar’, rezava um comercial de TV. É uma verdade que negligenciamos e que certamente nos pouparia de muita dor de cabeça, porque quando deixamos de ser companheiros de nossos filhos, aparecem os traficantes, quando deixamos de ser companheiro de nossa esposa, aparecem os ‘bicos doce’... Um bom pai acompanha seus filhos de perto, orientando-os inclusive em relação às suas companhias; um bom esposo é companheiro e bom ouvido, carinhoso, atencioso, dedicado e amável com seu cônjuge. Nunca é demais dizer que os pais devem ser os melhores amigos dos filhos sem, contudo, serem seus cúmplices. O afeto e a presença dos pais na vida dos filhos é fundamental para uma boa educação. "Deus nos aceita apesar do pecado e nos disciplina por causa de nosso pecado." Kenneth Gangel.
2. Salomão e o altar de Deus. Mais preciosa é do que os rubis, e tudo o que mais possas desejar não se pode comparar a ela.’ (Pv 3.15). Salomão entendia que a sabedoria seria o bem mais precioso que um rei poderia ter. Não sabemos, exatamente, qual foi o impacto do descuido familiar de Davi sobre a formação moral e espiritual de Salomão, mas sabemos que logo cedo ele seguiu o caminho do seu pai. A sabedoria torna-se efetiva quando colocada em prática, mas quando ele pediu sabedoria para governar seu reino, já havia praticado um hábito que tornaria seu conhecimento ineficaz para a sua vida: fez um pacto com o Faraó mediante o casamento com a filha daquele soberano que veio a ser a primeira de centenas de esposas obtidas por razões políticas e no decorrer de seu reinado, permitiu que elas corrompessem sua lealdade ao Senhor. Por isso Salomão não foi só contra as últimas palavras do seu pai, mas também contra as ordens de Deus. Sua ação nos lembra como é fácil saber o que é certo e, no entanto não fazê-lo.
3. A oração de Salomão na inauguração do Templo. Salomão sabia que Deus perdoaria o seu povo, se este deixasse os seus pecados e, sinceramente, se arrependesse com pesar e tristeza. Reconhecia, também, que Deus poderia resolver disciplinar os seus a fim de que "te temam todos os dias que viverem na terra" (1Rs 8.40). As palavras de Salomão não visam justificar seus pecados, ou os de Israel; pelo contrário, expressam a verdade que, sendo o pecado universal, existe sempre a possibilidade do povo de Deus desviar-se (Rm 3.23; 1Jo 1.10). A oração de Salomão é um modelo completo concernente ao que devemos ansiar em nosso andar com o Senhor. Ele rogou pela presença protetora e ajuda do Senhor; pela confirmação por Deus da sua palavra, dando cumprimento às suas promessas; por uma operação da graça divina em seus corações para guardarem a palavra de Deus e amarem seus justos caminhos; para que Deus atendesse as orações de todos os dias e suprisse as necessidades diárias; por uma compreensão cada vez maior da excelsa e mirífica natureza de Deus; e por um coração totalmente dedicado a Deus e à vontade dEle (1Rs 8.57-61).
SINÓPSE DO TÓPICO (1)
Salomão viveu a diferença através da aproximação com o altar de Deus, exposta na oração inaugural do Templo em meio ao contexto vivencial no palácio de seu pai.
II. AS CARACTERÍSTICAS DA ORAÃO DE SALOMAO
1. Salomão confessou que Deus é único (2Cr 6.14). Salomão confessou que não há Deus semelhante ao Senhor nos céus; não há ninguém semelhante a Ele na terra, com essa declaração ele relegou as divindades das nações ao nada. Essa declaração é a primeira coisa que um judeu ouve ao nascer e última ao morrer. O ‘Shemá Israel’[1] (Dt 6.4) ‘Ouve Israel, O Senhor, nosso Deus, é o único SENHOR. Este versículo juntamente com outros textos veterotestamentários (Dt 6.5-9; 11.13-21; Nm 15.37-41) ensina o monoteísmo. Esta doutrina afirma que Deus é o único Deus verdadeiro, e não uma teogonia[2] ou grupo de diferentes deuses; que é onipotente entre todos os seres e espíritos do mundo (Êx 15.11). Este Deus deve ser o objeto exclusivo do amor e obediência de Israel. Esse aspecto de "unicidade" é a base da proibição da adoração a outros deuses (Êx 20.2). O ensino do ‘Shemá Israel’ não contradiz a revelação no NT, de Deus como ser trino, que sendo uno em essência, é manifesto como Pai, Filho e Espírito Santo (Mt 3.17; Mc 1.11). Salomão logo esqueceu dessa declaração de fé, amou o Deus de seu pai, mas também amou muitas mulheres estrangeiras (1Rs 11.1-8). Teve 700 esposas, fruto dos muitos acordos políticos com várias nações pagãs, e 300 concubinas. Deus havia dito aos israelitas para não se casarem com essas pessoas, de tal modo que elas se tornaram uma cilada para ele. Desviou-se aos falsos deuses deles. A grandiosidade desse pecado desagradou o Senhor muito mais do que o pecado de Davi. Enquanto a punição de Davi foi de que a espada nunca deveria sair de sua casa, a pena para o pecado de Salomão seria a divisão, o declínio e a queda da nação de Israel.
2. Salomão proclama a fidelidade de Deus (2Cr 6.14,15). Saberás, pois, que o SENHOR teu Deus, ele é Deus, o Deus fiel...’ (Dt 7.9). A fidelidade de Deus é um consolo para aqueles que permanecerem leais (1Ts 5.24; 2 Ts 3.3; Hb 10.23), mas para os infiéis é um aviso solene. Deus permanece sempre fiel à sua Palavra (2Sm 7.28; Jr 10.10; Tt 1.2; Ap 3.7). A fidelidade é um dos atributos de maior conforto e doçura. A fidelidade pertence a Deus; a inconstância caracteriza o homem pecador. A fidelidade de Deus é uma verdade prática ao crente. É travesseiro para a cabeça cansada, estímulo ao coração que desfalece e apoio para os joelhos fracos. Em todas as exigências da vida, podemos contar asseguradamente com Ele. Ele nunca decepcionará a alma que confia. Sua fidelidade nunca falhará. A fidelidade de Deus, juntamente com Seu imenso poder é nossa esperança eterna. Os homens nos decepcionam por falta de fidelidade ou poder. Mas podemos olhar além das ruínas causadas pela infidelidade dos homens, e avistarmos Um que é grande em fidelidade. Podemos ficar certos que ‘Porque fiel é o que prometeu’ (Hb 10.23). Deus é imutável, isto é, Ele é inalterável nos seus atributos, nas suas perfeições e nos seus propósitos para a raça humana (Nm 23.19; Sl 102.26-28; Is 41.4; Ml 3.6; Hb 1.11,12; Tg 1.17). Isso não significa, porém, que Deus nunca altere seus propósitos temporários ante o proceder humano. Ele pode, por exemplo, alterar suas decisões de castigo por causa do arrependimento sincero dos pecadores (Jn 3.6-10). Além disso, Ele é livre para atender as necessidades do ser humano e às orações do seu povo. Em vários casos a Bíblia fala de Deus mudando uma decisão como resultado das orações perseverantes dos justos (Nm 14.1-20; 2Rs 20.2-6; Is 38.2-6; Lc 18.1-8).
3. Salomão era sensível ao bem-estar de seu povo. É interessante notarmos que à medida que Salomão dirijia seu povo em oração, rogava a Deus que ouvisse as petições relacionadas a uma série de situações do cotidiano da nação. Deus se preocupa com tudo aquilo que podemos enfrentar, até com as dificuldades que nossas decisões possam acarretar, e deseja que o busquemos em oração.
SINÓPSE DO TÓPICO (2)
A confissão da unicidade de Deus, a proclamação de sua fidelidade e a sensibilidade pelo bem-estar do povo são características marcantes da oração de Salomão.
III. A ORAÇÃO INTERCESÓRIA
1. No Antigo Testamento. Oração intercesória é a ação de orar por outras pessoas. O papel de mediador em oração era prevalente no Velho Testamento (Abraão, Moisés, Davi, Samuel, Ezequias, Elias, Jeremias, Ezequiel e Daniel). Preocupado com Ló e sua família, Abraão intercedeu diante de Deus para Ele não destruir as cidades impenitentes. Deus respondeu à oração de Abraão, embora não como este esperava. Embora os ímpios perecessem, Deus não destruiu os justos com os ímpios.
2. No período interbíblico. Entre o final do Antigo e o início do Novo Testamento há uma lacuna de 400 anos sem a manifestação de um profeta de Deus. Durante esse longo período houveram eventos marcantes, guerras e o surgimento de diversos grupos que estão presentes nas páginas do Novo Testamento. Numa época de condições espirituais deploráveis, o justo Simeão era dedicado a Deus e cheio do Espírito Santo, esperando com fé, paciência e grande anseio a vinda do Messias. Semelhantemente, nos últimos dias da presente era, quando muitos abandonam a fé apostólica do NT e a bendita esperança da vinda de Cristo (Tt 2.13), sempre haverá os Simeões fiéis. Outras pessoas podem depositar suas esperanças nesta vida e neste mundo, mas os fiéis serão como o servo leal que mantém-se em vigília durante a longa e escura noite, esperando a volta do seu Mestre (Mt 24.45-47). Nossa maior bênção será ver face a face o Cristo do Senhor (v. 26; cf. Ap 22.4), estar pronto na sua vinda e habitar para sempre na sua presença (Ap 21,22).
3. Em o Novo Testamento. No NT, Cristo é retratado como o intercessor supremo; e por causa disso toda oração Cristã se torna intercessão, já que é oferecida a Deus através de Jesus Cristo. Jesus acabou com a distância que existia entre nós e Deus quando Ele morreu na cruz. Ele foi o mais importante mediador (intercessor) que já existiu. Por causa disso podemos agora interceder em oração a favor de outros Cristãos, ou pelos perdidos, pedindo a Deus que lhes conceda arrependimento de acordo com Sua vontade. ‘Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem’ (1Tm 2.5). ‘Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós’ (Rm 8.34).
SINÓPSE DO TÓPICO (3)
A oração intercessória de Salomão pode ser comparada, em sua sensibilidade com a dos protagonistas nos períodos do Antigo Testamento, o interbíblico e Novo Testamento.
(III. CONCLUSÃO)
‘Por isso disse que os destruiria, não houvesse Moisés, seu escolhido, ficado perante ele na brecha, para desviar a sua indignação, a fim de não os destruir.’ (Sl 106.23). O intercessor é o que vai a Deus não por causa de si mesmo, mas por causa dos outros. Ele se coloca numa posição de sacerdote, entre Deus e o homem, para pleitear a sua causa. Todo cristão é chamado a exercer o sacerdócio. Ocupar a função sacerdotal implica necessariamente em ministrar a Deus a favor dos homens. É verdade que todos têm acesso à Deus, através de Cristo Jesus, porém é também verdade que a Bíblia nos exorta a orar uns pelos outros e fazer súplicas e intercessões por todos os homens. É um imperativo, um chamado, um dever, um privilégio. Por causa de tudo quanto já estudamos, é premente a necessidade de intercessores.
[1] [Shemá Israel (em hebraico שמע ישראל; "Ouça Israel") são as duas primeiras palavras da seção da Torá que constitui a profissão de fé central do monoteísmo judaico (Dt 6.4-9) no qual se diz שמע ישראל י-ה-ו-ה אלקינו י-ה-ו-ה אחד (Shemá Yisrael Adonai Elohêinu Adonai Echad - Escuta ó Israel, O Senhor nosso Deus é único).];
[2] Teogonia (em grego, Θεογονία [theos, deus + genea, origem] - THEOGONIA, na transliteração), também conhecida por Genealogia dos Deuses, é um poema mitológico em 1022 versos exametros escrito por Hesíodo no séc. VIII a.C., no qual o narrador é o próprio poeta. O poema se constitui no mito cosmogônico (descrição da origem do mundo) dos gregos, que se desenvolve com geração sucessiva dos deuses, e na parte final, com o envolvimento destes com os homens originando assim os heróis. Nesse mito, as deidades representam fenômenos ou aspectos básicos da natureza humana, expressando assim as idéias dos primeiros gregos sobre a constituição do universo.
APLICAÇÃO PESSOAL
John Stott, no livro "Your Confirmation” (rev. edn. London: Hodder and Stoughton, 1991), p. 118, escreve: ‘Homens e mulheres estão no seu estado mais nobre quando estão de joelhos diante de Deus em oração. [...] Quando oramos somos verdadeiramente humanos, pois o homem foi feito por Deus e para Deus, e, quando ora, está em comunhão com Deus. Desta forma, a oração é uma atividade autêntica por si só, independente de quaisquer benefícios que possa nos trazer. Ainda assim, ela é também um dos meios mais efetivos de graça. Eu duvido que alguém possa se tornar semelhante a Cristo sem que seja antes diligente na oração.’ A oração é o elo de ligação que carecemos para recebermos as bênçãos de Deus, o seu poder e o cumprimento das suas promessas. Numerosas passagens bíblicas ilustram esse princípio. Jesus, por exemplo, prometeu aos seus seguidores que receberiam o Espírito Santo se perseverassem em pedir, buscar e bater à porta do seu Pai celestial (Lc 11.5-13). Deus, no seu plano de salvação da humanidade, estabeleceu que os crentes sejam seus cooperadores no processo da redenção. Em certo sentido, Deus se limita às orações santas, de fé e incessantes do seu povo. Muitas coisas não serão realizadas no reino de Deus se não houver oração intercessória dos crentes.
Deus tinha Moisés como um amigo íntimo, com quem podia conversar face a face. Esse relacionamento especial devia-se, em parte, ao fato de que Moisés vivia verdadeiramente dedicado a Deus e à sua causa, sua vontade e seus propósitos. Moisés vivia em harmonia com o Espírito de Deus, a ponto de compartilhar dos próprios sentimentos de Deus, de padecer quando Ele padecia e de entristecer-se com o pecado quando Deus ficava entristecido (Ex 32.19). Todo crente deve procurar conhecer os caminhos de Deus através da oração e crescer numa comunhão tão profunda com Ele e seus propósitos, o que o torna realmente um amigo de Deus. Tais exemplos devem fortalecer a nossa fé e encher-nos de disposição para orarmos de modo eficaz, segundo os princípios delineados na Bíblia.
Crendo N’Aquele que é galardoador dos que o buscam (Hb 11.6),
Francisco A Barbosa
EXERCÍCIOS
1. O que aprendemos mediante as experiências de Salomão com Deus altar da oração?
- R. Que é possível a qualquer crente permanecer firme e inabalável na fé, independente de meio no qual ele necessite estar.
2. O que a oração de Salomão na inauguração do Templo revela acerca de sua pessoa?
- R. Revela a sua bondade e a grandeza de seu coração para com o povo (2Cr 6.12-42).
3. Cite duas características da oração de Salomão:
- R. Confissão de que Deus é único; Sensibilidade pelo bem-estar do povo.
4. O que significa período interbíblico?
- R. Significa ‘entre a Bíblia’, ou seja, o período entre o AT e o NT.
5. Qual era o assunto central nas orações de Ana?
- R. A redenção em Jerusalém.
Boa aula!
BIBLIOGRAFIA PESQUISADA
- Lições Bíblicas 4º Trim. Livro do Mestre CPAD (http://www.cpad.com.br);
- Stamps, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD;
- Bíblia de Estudo Genebra. São Pulo e Barueri, Cultura Cristã e SBB, 1999;
- SOUZA, Estevam Ângelo, Guia Básico de Oração. Como Orar com Eficácia no seu Dia-a-Dia. Rio de Janeiro, CPAD, 2002;
- BRANDT, Robert L., BICKET, Zenas J. Teologia Bíblica da Oração. Rio de Janeiro, CPAD, 4. Ed., 2007;

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