Por Francisco A. Barbosa
19 de setembro de 2010
(Dia Nacional da Escola Dominical)
TEXTO ÁUREO |
"Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação" (1 Co 14.3).
- A origem do dom de profecia na igreja é o Espírito Santo, com a finalidade de fortalecer a fé do crente, sua vida espiritual e sua resolução sincera de permanecer fiel a Cristo e aos seus ensinos. Profetizar não é pregar um sermão previamente preparado. Profetizar é transmitir palavras espontâneas sob o impulso do Espírito Santo, para a edificação do indivíduo ou da congregação. ‘Edificar’ (gr. oikodomeo) é fortalecer e promover a vida espiritual, a maturidade e o caráter santo dos crentes. O Espírito Santo é o autor dessa obra através dos dons espirituais, pelos quais os crentes são espiritualmente transformados mais e mais para que não se conformem com este mundo (Rm 12.2-8).
VERDADE PRÁTICA |
Através do dom de profecia, o Espírito Santo desenvolve e fortalece a fé dos crentes, despertando-os espiritualmente e confortando-lhes a alma. |
1 Coríntios 12.4-10; 14.1-5
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Explicar a importância do amor no uso dos dons.
- Conscientizar-se de que o uso dos dons deve ser em favor do coletivo
PALAVRA-CHAVE |
Dons espirituais: - [Do latim donum + spirituale] dádiva, presente relativo ao espírito. Recurso extraordinário que o Senhor Jesus deixou a disposição da igreja. |
Os crentes de Corinto eram exagerados quanto a importância do dom de línguas, valorizavam-no acima dos demais dons. Paulo tendo colocado a discussão dentro da moldura apropriada do amor, busca agora encorajar aqueles crentes a reconhecerem o valor dos dons espirituais. A ênfase do capítulo 14 recai nos dons inteligíveis, principalmente a profecia. Hoje o assunto é acerca do tríplice propósito da profecia, baseado no texto de 2 Coríntios 14.3. Paulo explica aos crentes coríntios, e a nós, que os dons devem ser usados em amor, visando acrescentar ao todo, enquanto que o dom de línguas edifica somente o emissor, ou seja, é estritamente individual. O dom de profecia tem o caráter coletivo e busca o crescimento do Corpo de Cristo integralmente. Boa aula!
(II. DESENVOLVIMENTO)
2. Conceito (vv.4-6). Paulo estava no seu último ano de ministério na cidade de Éfeso, quando recebe informações de que a igreja de Corinto não estava indo muito bem. As informações eram muitas e poucas delas eram boas. Paulo soube que havia divisões na igreja, que estava dividida em 4 grupos. Grupos que se formaram em torno de personalidades, de pessoas que tinham tido uma participação no passado recente da igreja, com o próprio Paulo e Apolo (cap. 3.4). Havia até um grupo que talvez fosse o mais perigoso deles que era o “grupo de Cristo” (‘...e eu, de Cristo” Cap 1.12). Eles diziam que não eram seguidores de homem algum e sim de Cristo. Era como se dissessem: não queremos estar debaixo da orientação ou da instrução e autoridade de qualquer homem porque recebemos tudo diretamente de Cristo. Alguns estudiosos têm identificado este grupo como o “grupinho dos espirituais” que falavam em línguas e se gloriavam por terem experiências extraordinárias; que não aceitavam a autoridade de Paulo na igreja e outras coisas mais. A igreja tinha todas estas divisões e além disso tinha problemas de ordem doutrinária. Um grupo não aceitava a ressurreição dos mortos (cap. 15). Havia um espírito faccioso naquela igreja; existiam problemas com respeito à doutrina da liberdade cristã ( 10:28). “Será que posso comer carne sacrificada aos ídolos”? Os “fortes” diziam que sim e subestimavam os “fracos”. Havia problemas com respeito às questões do casamento (cap. 7): O que é mais espiritual? Casar ou ficar solteiro? A igreja estava dividida por uma série de problemas que se refletiam no culto. Os “espirituais” falavam línguas sem interpretação para a igreja e desta forma não edificavam (14:5); os profetas falavam, mas não havia ordem de quem deveria falar primeiro (14:29, 32); as mulheres entusiasmadas estavam querendo tirar qualquer sinal de que há uma diferença entre homem e mulher dentro da ordem da criação de Deus (11:8-9); na hora da Santa Ceia havia pessoas que até se embriagavam (11:21) e participavam do sacramento sem ter o espírito apropriado. Corinto era uma igreja com graves complicações. Mas, mesmo considerando isso, era uma igreja que se gloriava de ser “espiritual”. Afinal, muitos, na concepção deles, não tinham os dons que indicavam a presença do Espírito Santo? Muitos não estavam falando em línguas durante o culto (Cap. 14)? Outros não estavam profetizando e trazendo palavra de revelação? A igreja pensava que era espiritual e considerava-se assim apesar de estar toda minada de problemas. (Corinto – Uma Igreja com Problemas de Disciplina: Uma Análise de 1 Coríntios 5, Augustus Nicodemus Lopes).
SINÓPSE DO TÓPICO (1)
Os dons espirituais devem ser administrados em prol da edificação da igreja, fato que não estava ocorrendo em Corinto.
Os dons devem ser administrados sob o alicerce do amor, pois enquanto aqueles são transitórios, este é eterno.
Profecia, no seu étimo, significa ‘a declaração da mente e do conselho de Deus’ com o fim de edificar, consolar e exortar os crentes (1Co 14.3), enquanto que o efeito sobre os incrédulos era mostrar que os segredos do coração do homem são conhecidos por Deus, para convencer do pecado e constranger à adoração (1Co 14.24,25) [1].
1. Edificação. O endosso de Paulo da profecia sobre as línguas em reuniões da igreja é qualificado através de sua equação do valor das línguas com a profecia. Línguas sem interpretação edificam apenas o emissor. Profecia e línguas com interpretação ministram para a igreja como um todo. A edificação da igreja é sempre a diretriz no uso dos dons. É corriqueiro hoje as reuniões ‘extra-congregação’ na busca de profecias, devemos ter cuidado com as manifestações ‘espirituais’ ai apresentadas. Se elas causarem confusão ou abalar a fé dos mais fracos, devem ser rejeitas e tais reuniões e busca pelos ‘profetas’ repudiadas.
2. Exortação. Procurar convencer (por meio da persuasão, do conselho); Incitar à prática do que é bom ou conveniente; Admoestar, advertir. Exortar é chamar a atenção de alguém, que esteja errado, com a intenção de mostrar-lhe a verdade. É motivar outros cristãos a uma comunhão maior em Cristo (Rm 12.8; Hb 10.24-25), por exemplo: Barnabé (At 11.23-24); Paulo (At 14.22).
3. Consolação. (Do latim consolor, -ari, tranquilizar, reconfortar, aliviar, encorajar). Aliviar a pena, o sofrer de, o mesmo que confortar; Dar ou sentir prazer, satisfação; Conformar-se, resignar-se. Consolar é aproximar-se de alguém que precisa de conforto, de ajuda, de orientação e defesa, e amenizar o seu sofrimento. É chorar com os que choram. É preocupar-se com o caminhar de alguém. É transmitir luz, alegria e paz. “Porque todos podeis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam e todos sejam consolados”. “Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar”. (1Co 14.31; 2Co 1.4). Consolar os aflitos com atos de misericórdia (Rm 12.8;2 Co 1.3-7); Paulo (2 Co 1.4); Dorcas (At 9.36-39); Cristãos hebreus (Hb 10.34).
O propósito do dom de profecia é edificar, exortar e consolar a Igreja de Cristo.
Há duas ordens que devem sempre vir juntas no culto público: ‘Seja tudo feito para edificação’ (1Co 14.26) e ‘Tudo, porém, seja feito com decência e ordem’ (1Co 14.40). A igreja de Corinto tinha sérios problemas com a ordem do culto (1Co 11.17-23). Eles estavam usando seus dons espirituais para agradar a si mesmos e não no exercício do amor para a edificação de toda a igreja. A palavra chave deles não era edificação, mas exibição! Paulo então dá várias orientações de ordem à igreja:
(1). Tanto o falar quanto o interpretar no culto público precisa ser feito com ordem (27-33). Onde o Espírito de Deus está agindo há auto-controle. Êxtase é evidência de que o culto não está sendo dirigido pelo Espírito Santo;
(2) As mulheres não podiam quebrar a ordem do culto público (34-35). As mulheres oravam e profetizavam na igreja (11:5), mas no caso aqui as mulheres estavam importando suas atitudes das religiões de mistério e conversando durante o culto ou interrompendo aqueles que falavam com práticas extáticas;
(3) Os crentes precisam estar alertas sobre o perigo de novas revelações que vão além da Palavra de Deus (36-40). Através destes versículos Paulo estava corrigindo aqueles crentes de Corinto que estavam dizendo: “Nós não precisamos da ajuda de Paulo. Não precisamos estudar a Bíblia. Não precisamos ter pastores formados nos seminários. O Espírito fala direto conosco”. Uma das marcas do verdadeiro profeta é sua obediência ao ensino apostólico. Que o Senhor nos abençoe e conceda-nos graça para vivermos nos domínios inefáveis do Espírito. Contudo, que todas as coisas sejam feitas "com decência e ordem", segundo a doutrina bíblica (1 Co 14.39,40).
BIBLIOGRAFIA PESQUISADA
- Lições Bíblicas 3º Trim. Livro do Mestre, versão eletrônica, CPAD (http://www.cpad.com.br);
- Stamps, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD;
- SOARES, Ezequias. O Ministério Profético na Bíblia. Rio de Janeiro, CPAD, 2010, p.143-162;
- LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de profecia Bíblica. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p. 16-7; 203;
- [1] Dicionário VINE, M. Unger / W. White Jr. / WE Vine, CPAD, p 902.
Tem havido muito engano em nosso meio em virtude de não submetermos tudo ao escrutínio sério das Escrituras. O engano neste caso ocorre tanto naquele que proclama, como naquele que recebe uma pseudo-profecia. Qual é objetivo da profecia? ‘Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação’ (1Co 14.3). Profetizar é fortalecer e promover a vida espiritual, a maturidade e o caráter santo dos crentes. Portanto, toda profecia que não construir encorajar e aliviar o sofrimento, deve ser desconsiderada. Cuidado! Pois o diabo pode até usar alguém bem intencionado para amaldiçoar você, através de enganos sutis. Para não sermos enganados é necessário perseverar na ‘Doutrina dos Apóstolos’.
- As fontes da profecia:- O motivo que faz o dom de profecia sujeito ao julgamento da igreja é sem dúvida, as suas três fontes de inspiração: o espírito humano, o espírito imundo e mentiroso, e o Espírito Santo. A profecia oriunda do espírito humano e suas possibilidades, você encontra especialmente nos seguintes textos: Jr 23.16, 21 e 25. O dom de profecia não é um método humano de adivinhar a sorte, de prever o futuro, nem de tornar realidade os desejos dos crentes. Leia 1 Cr 17.1-4 e Ez 13.1-8. A profecia do espírito imundo, cuja preocupação é imitar as obras de Deus e usar o espírito de adivinhação e lisonja, pode muitas vezes passar despercebida pela sutileza de sua manifestação. É preciso estar em sintonia com Deus, para não cair no engodo de Satanás.
- O propósito do dom de profecia:- Sendo o propósito do dom de profecia, em primeiro lugar, edificar a igreja, é natural que o melhor lugar para o seu exercício seja no local onde os crentes se reúnem para a adoração, então, devemos evitar reuniões extra-congregação que mais se parecem com a ‘visão celular’. O dom de profecia não é para doutrinar a igreja, instruir o pastor e nem dirigir a vida dos crentes, e sim para informar, dar a entender pelo Espírito, deixando as decisões com cada um segundo a medida da fé.
- A disciplina do dom de profecia:- É uma bênção, quando usado com a disciplina que a Palavra de Deus recomenda:
-Todos podem profetizar (1 Co 14.5);
-Em cada culto, apenas dois ou três devem profetizar (1 Co 14.29);
-Dois crentes não podem profetizar ao mesmo tempo, pois criam confusão e deixam dúvidas sobre quem Deus está usando (1 Co 14.29).
-Se um crente estiver profetizando e um segundo começar a fazê-lo também, só vai criar uma competição entre profetas. A ordem é o segundo não iniciar, antes que o primeiro termine, e, se o fizer, que o primeiro se cale. O ensino é que até três podem profetizar, um após o outro, nunca ao mesmo tempo, pois Deus não é de Confusão (I Co 14.31, 33).
-A prova de ser espiritual e profeta é aceitar o que diz a Bíblia (I Co 14.37-40).
‘Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora.’ (1Jo 4.1). ‘De sorte que as línguas constituem um sinal não para os crentes, mas para os incrédulos; mas a profecia não é para os incrédulos, e sim para os que crêem.’ (1Co 14.22). A profecia não é para os incrédulos, e sim, para os que crêem! Há muitas pessoas que levam profecias para os incrédulos e a Bíblia diz que não é para eles. Profecia é para o crente! Entretanto, anátema ao abuso e o uso indevido e irreverente desse dom! É provável que algum de meus leitores tenha sido vítima de ‘revelamentos e profetadas’, e esteja sofrendo com falsas expectativas geradas por essas ‘previsões’. O propósito da profecia, segundo a Bíblia, é edificar, exortar e consolar (1Co 14.3). Atenção! O Espírito não usará a manifestação desse dom para escolher seu cônjuge. Se alguém ‘profetizou’ para você sobre namorar uma ou outra pessoa, em nome de Jesus Cristo, renuncie essa palavra. O Espírito produz liberdade em nossa vida cristã (2Co 3.17). Ele jamais agirá contra seu livre-arbítrio de decidir namorar alguém ou não e assumir as responsabilidades por essa decisão. Não despreze as profecias! Despreze as ‘profetadas’. Anátema aos ‘profetas coríntios’! Eles estão usando seus dons espirituais para agradar a si mesmos e não no exercício do amor para a edificação de toda a igreja. A palavra chave deles não é edificação, mas exibição! O amor de Cristo Jesus está dentro dos nossos corações, tendo sido derramado pelo Espírito Santo que funde todos os carismas, é invariável e permanente.
N’Ele, ‘Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar’ (2Co 1.4),
Francisco A Barbosa
EXERCÍCIOS
1. O que de fato estava acontecendo na igreja de Corinto em relação à administração dos dons espirituais?
R. Abusos no uso dos dons na igreja de corinto.
2. Por que o amor é mais importante do que os dons espirituais?
R. Porque, enquanto os dons são transitórios, o amor é eterno.
3. Qual o conceito de exortação?
R. Defensor, advogado, intercessor, auxiliador e conselheiro.
4. Quais são os benefícios que a consolação pelo Espírito produz?
R. Renovação de expectativas, esperança e eliminação dos temores.
5. Qual o tríplice propósito da profecia no Novo Testamento?
R. Edificação, exortação e consolação.
Boa aula!
Autorizo a todos que quiserem fazer uso dos subsídios colocados neste Blog. Solicito, tão somente, que indiquem a fonte e não modifiquem o seu conteúdo. Agradeceria, igualmente, a gentileza de um e-mail indicando qual o texto que está utilizando e com que finalidade (estudo pessoal, na igreja, postagem em outro site, impressão, etc.).
auxilioaomestre@bol.com.br
0 comentários:
Postar um comentário