A PROSPERIDADE DOS BEM-AVENTURADOS
Texto Áureo: Lc. 4.18 – Leitura Bíblica: Mt. 5.1-12
Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
O
movimento da Teologia da Ganância, que nada tem de cristã, foge dos
textos bíblicos que tratam a respeito do sofrimento. As
bem-aventuranças, apresentadas por Jesus no Sermão do Monte, são
desconsideradas. Na lição de hoje, aprenderemos que existe prosperidade
para os bem-aventurados, e esses, diferentemente do que defendem o
pseudopentecostalismo, tem como marca o sofrimento. Mesmo em meio ao
sofrimento, por amor a Cristo, esses são considerados - makarios em
grego - isto é, mais do que felizes.
1. BEM-AVENTURADOS OS POBRES, OS QUE CHORAM E OS MANSOS
A
pobreza espiritual é o reconhecimento da nossa necessidade de Deus, de
que somos pecadores, carentes do Seu perdão. Como bem explicitou
Calvino: “só aquele que, em si mesmo, foi reduzido a nada, e repousa na
misericórdia de Deus, é pobre de espírito”. O reino de Deus é concedido
àqueles que percebam sua carência de Deus, os pecadores, nos tempos de
Jesus, concretizados, por exemplo, nos publicanos e prostitutas (Mt.
21.21). Os fariseus, alicerçados em sua vã religiosidade, deixaram de
atentar para essa sublime verdade (Mt. 23.23-26). Os que choram também
são bem-aventurados, Jesus é um grande exemplo nesse sentido, pois Ele
mesmo chorou a miséria dos homens (Jo 11.35; Mt. 23.37; Hb. 5.7).
Somente aqueles que choram pelos seus pecados podem receber o
Consolador, pois esses, ao final, terão suas lágrimas enxugadas por Deus
(Ap. 7.17). Os mansos – praus em grego – seguem o modelo que é Cristo,
em Sua mansidão (Mt. 11.29). Dr. Lloyd Jones explica essa
bem-aventurança com a seguinte declaração: “a mansidão é, em essência, a
verdadeira visão que temos de nós mesmos, e que se expressa na atitude e
na conduta para com os outros”. A promessa de Jesus aos mansos é que
eles herdarão a terra, que ecoa as palavras do Salmo 37, para não nos
indignarmos por causa dos malfeitores, e a mantermos nossa esperança no
Senhor.
2. OS QUE TÊM FOME E SEDE DE JUSTIÇA, OS MISERICORDIOSOS,
Maria,
em seu Magnificat, declara que Deus encheu de bens os famintos e
despediu vazios os ricos (Lc. 1.53). De fato, os que têm fome e sede de
Deus, e de justiça, é que serão fartos. A ambição desses não é material,
como tanto se propaga atualmente, mas espiritual. Essa fome e sede de
justiça não serão cumpridas enquanto estivermos aqui na terra. No mundo
impera a maldade e o engano, as pessoas fazem de tudo para tirar
vantagem. O rico prospera e ostenta o produto das suas aquisições,
muitas vezes adquiridas ilicitamente. Enquanto que o pobre é
injustiçado, trabalha por um salário de fome, e é constantemente
oprimido. Mas bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois
eles, no céu, jamais terão fome e nunca mais terão sede (Ap. 7.16,17).
Os misericordiosos – eleos em grego - também são bem-aventurados, pois
demonstram compaixão pelas pessoas que passam necessidade. Existe uma
diferença marcante entre graça (charis) e misericórdia (eleos). A
primeira é resultante do favor imerecido, em relação ao pecado, enquanto
que essa última é uma demonstração de alívio diante da dor, da miséria e
do desespero. O mundo desconhece tanto a graça quanto a misericórdia,
pois trata as pessoas com crueldade, foge da dor e do sofrimento dos
homens. A cultura da vingança e da competitividade se consolidou no
contexto de uma sociedade insensível à mensagem de Deus. Agir com
misericórdia é está disposto a perdoar, conforme instruiu Jesus na
parábola do credor incompassivo (Mt. 18.21-35).
3. OS LIMPOS DE CORAÇÃO, OS PACIFICADORES E OS PERSEGUIDOS
Bem-aventurados
são os limpos de coração, aqueles que oram, com Davi: “cria em mim, ó
Deus, um coração puro, e renova dentro em mim um espírito inabalável”
(Sl. 51.6). A pureza que agrada a Deus vem de dentro para fora, parte do
interior do ser, não do exterior, como defendiam os fariseus (Lc.
11.39; Mt. 23.25-28). Umas das marcas dos limpos de coração é
sinceridade, são pessoas que não entregam a alma à falsidade (Sl. 24.4).
A motivação das suas atitudes é produto da honestidade. Os limpos de
coração não vivem das aparências, do marketing pessoal em detrimento da
sinceridade do coração. Somente os limpos de coração, os que são
sinceros diante de Deus, que não vivem de máscaras, verão a Deus.
Aqueles que assim vivem são pacificadores, por isso são bem-aventurados,
pois não vivem dissimuladamente, antes agem com vistas a construir
relacionamentos sólidos, sem que esses estejam baseados na pressão. Os
cristãos não foram chamados por Cristo para viverem em conflito, mas em
paz (I Co. 7.15; I Pe. 3.11; Hb. 12.14; Rm. 12.18). Os que são
pacificadores são bem-aventurados porque foram agraciados com a paz de
Deus, que nos reconciliou consigo mesmo (Cl. 1.10; Ef. 2.15). Aqueles
que vivem a partir desses princípios sofrerão perseguição, mesmo assim,
devem se considerar mais do que felizes (Mt. 5.12). A promessa para os
que suportam as perseguições é a “o galardão nos céus”. Os profetas, por
denunciarem o pecado, foram perseguidos, aqueles que fazem o mesmo
atualmente, participam dessa sucessão (At. 5.41).
CONCLUSÃO
Lutero
incluiu o sofrimento no rol das características de uma verdadeira
igreja. Do mesmo modo, podemos afirmar que uma igreja verdadeiramente
próspera passa por sofrimento. Paradoxalmente, há movimentos cujo slogan
é: “pare de sofrer”. Uma igreja que não sofre não pode se considerar
igreja, pois conforme revelou Paulo ao jovem pastor Timóteo, todos
aqueles que seguem piedosamente a Cristo padecerão perseguição (II Tm.
3.12).
BIBLIOGRAFIA
LLOYD-JONES, D. M. Estudos no Sermão do Monte. São Paulo: Fiel, 1984.
LLOYD-JONES, D. M. Estudos no Sermão do Monte. São Paulo: Fiel, 1984.
STTOT, J. A mensagem do Sermão do Monte. São Paulo: ABU, 2001.
0 comentários:
Postar um comentário