DÍZIMOS E OFERTAS
Texto Áureo: II Co. 9.7 – Leitura Bíblica: Ml. 3.10, 11; II Co. 9.6-8
Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
Existe
fundamento bíblico para o ensinamento dos dízimos e ofertas. Mas a
Teologia da Ganância distorceu de tal modo essa doutrina que se faz
necessário esclarecê-la a fim de evitar alguns abusos. Na aula de hoje
estudaremos a respeito dos dízimos e ofertas, tanto no Antigo quanto no
Novo Testamento, e, ao final, avaliaremos a aplicação dessa prática para
a igreja, atentando para as orientações bíblicas.
1. DÍZIMOS E OFERTAS NO ANTIGO TESTAMENTO
No
Antigo Testamento existem diferentes palavras que se referem a dízimo.
Asar – dez ou décima parte – se encontra em Gn. 28.22; Dt. 14.22; 26.12;
I Sm. 8.15,17; Ne. 10.37,38. Maaser – também significa décima parte –
pode ser encontrada em Gn. 14.20; Lv. 27.30-32; Nm. 18.24, 26; Dt.
12.6,11,17. A análise histórica do termo e da prática remete a um
costume antigo, anterior à cultura judaica, muito antes da lei mosaica
(Gn. 14.17-20). Nesse texto, nos deparamos com Abrãao apresentando a
décima parte dos despojos de guerra a Melquisedeque. Posteriormente,
Jacó faz um voto ao Senhor, pedindo que o abençoe, e, em retorno,
promete entregar o dízimo de tudo o que viesse a possuir (Gn. 28.20-22).
No tempo da Lei, colheitas, frutas e animais do rebanho deveriam ser
dizimados (Lv. 27.30-32). Os dízimos eram entregues aos levitas (Nm.
18.21), esses gerenciavam os recursos (Lv. 14.22-27), beneficiando
também os estrangeiros, órfãos e viúvas (Lv. 14.28,29). Os dízimos
deveriam ser conduzidos a Jerusalém (Dt. 12.5-17). Em algumas ocasiões o
povo judeu deixou de atentar para essa prática, como após o cativeiro,
deixando de levar os dízimos à casa do tesouro, por isso, o Senhor
conclama o povo a retornar a esse aspecto do Pacto, fazendo prova dEle,
que responderia com bênçãos de prosperidade agrícola, e repreendendo o
devorador (Ml. 3.10,11). As ofertas tinham um caráter mais específico no
Antigo Testamento, poderiam ser requisitadas, com vistas a algum
serviço (Ex. 36.4-6). Mesmo assim, ninguém era obrigado a trazê-las,
pois se tratava de atitudes voluntárias - nadabah em hebraico (Lv. 7.1;
Ed. 1.1-6; 7.16). As ofertas de paz - neder em hebraico - eram entregues
como agradecimento por algum feito do Senhor (Lv. 7.11-12), bem como a
dos votos – neder em hebraico (I Sm. 1.11,24).
2. DÍZIMOS E OFERTAS NO NOVO TESTAMENTO
Os
defensores da Teologia da Ganância impõem, através de passagens
isoladas do Antigo Testamento, que o dízimo deva ser obrigatório e que
as pessoas devam dar muito mais do que isso, mesmo contra as suas
possibilidades, para tanto, citam Lc. 21.1-4. No Novo Testamento o
dízimo, dekatóo (Hb. 7.6,9), - apodekatóo – Mt. 23.23; Lc. 11.42; Hb.
7.5) em grego, não é um mandamento, mas um princípio a ser observado, já
que cada um deve dar de acordo com sua prosperidade (I Co. 6.1,2). O
voto pessoal de Jacó, que se encontra em Gn. 28.20-22 não pode ser
generalizado, muito menos aplicado diretamente à igreja. No Novo
Testamento a lei maior é a da generosidade, pautada pelo amor (Rm.
13.8). Os dízimos e ofertas devem ser entregues não como barganha ou
mandamento, mas com amor, sobretudo em gratidão pela providência de
Deus. Dar com alegria é um critério fundamental (II Co. 9.6,7), para
tanto é preciso exercitar a liberalidade (I Co. 16.2), reconhecendo que
não passamos de mordomos e que Deus é o dono de todas as coisas (I Co.
4.1,2). A partir dessa percepção bíblica, não é errado dizimar, tendo em
vista que esse é um princípio orientado pelo Senhor, antes da Lei (Gn.
14.20), na Lei (Lv. 27.30), nos livros históricos (Ne. 12.44), poéticos
(Pv. 3.9,10) e proféticos (Ml. 3.8-11). Lembremos que Jesus não se opôs à
observância dos dízimos dos fariseus, mas sua mera exterioridade, sem
levar em conta a justiça, misericórdia, fé e amor (Mt. 23.23; Lc. 11.32)
Não precisamos mais fazer prova de Deus hoje, pois Ele já provou Seu
amor para conosco (Rm. 5.8), por isso, em gratidão, devemos levar nossos
dízimos e ofertas à igreja, certos de que ceifaremos bênçãos para a
eternidade (II Co. 9.6; Lc. 6.38)
3. DÍZIMOS E OFERTAS NA IGREJA DE HOJE
A
Teologia da Ganância tem deturpado a doutrina bíblica dos dízimos e
ofertas. Seus mentores, interessados em fazer fortuna com o dinheiro dos
fiéis, estão incentivando a barganha, utilizando indevidamente
passagens bíblicas para justificarem a ostentação. Alguns deles não
pedem apenas os dízimos, mas que as pessoas entreguem tudo o que têm, se
aproveitando da ignorância das pessoas. Diferentemente do que esses
propõem, a igreja deve instruir aos irmãos a serem generosos, a trazerem
os dízimos e ofertas ao Senhor, não por medo de serem amaldiçoados ou
rotulando de ladrões aqueles que não o fazem, mas a o fazerem com
alegria e gratidão ao Senhor, reconhecendo Sua providência. Em uma
sociedade que colocou o dinheiro acima de todos os valores, governada
por Mamom (Mt. 6.24), muitos crentes se deixaram contaminar pela ideia
de acumularem o máximo que podem. O maior investimento, no entanto, não é
a bolsa de valores, mas o Reino de Deus, ganhando almas para Cristo
(Lc. 16.9) e suprindo as necessidades dos domésticos na fé (Gl. 6.10).
Os líderes da igreja precisam dar exemplo na administração dos dízimos e
ofertas para não acontecer como nos tempos de Neemias (Ne. 12.1-5) e
para servir de estímulo à contribuição (Ne. 12.44). Investir em pessoas,
não apenas em coisas, deve ser o alvo primordial de toda igreja séria.
De nada adianta ter templos vultosos, enquanto a maioria dos fiéis
padecem necessidade. A igreja de Jerusalém nos deu exemplo ao demonstrar
sensibilidade em relação aos mais pobres (At. 2.42). Os crentes também
precisam estar atentar às carências pastorais, lembrando sempre que
digno é o obreiro do seu salário (Mt. 10.10; Lc. 10.7; I Co. 9.7-14; I
Tm. 5.17,18).
CONCLUSÃO
A
doutrina dos dízimos e ofertas precisa ser sabiamente aplicada na
igreja, evitando extremos, de um lado daqueles que se opõem totalmente a
essa prática, do outro, os que extorquem os fiéis. O ensinamento sobre
os dízimos e ofertas deve ser orientado à luz das Escrituras, sem
coerção, avaliando os contextos das passagens do Antigo e do Novo
Testamento. As aplicações devem considerar o principio bíblico da
gratidão, que resulta em generosidade e liberalidade.
BIBLIOGRAFIA
KELLY, R. E. Should the church teach tithing? New York: WCP, 2000.
LIMA, P. C. Dizimista, eu? Rio de Janeiro: CPAD, 2001.
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