ÉFESO, A IGREJA DO AMOR
ESQUECIDO
Texto Áureo: Ap. 2.4 –
Leitura Bíblica: Ap. 2.1-7
Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
A primeira das sete cartas de Jesus é dirigida à igreja de Éfeso, a
mais rica e importante cidade da Ásia Menor. Uma cidade estimada em mais de
duzentos mil pessoas, onde ficava o mais importante porto da Ásia. Na aula de
hoje, contextualizaremos a epístola, apresentando informações sobre a cidade,
destacaremos as virtudes apontadas por Cristo em relação a essa igreja, e ao
final, a crítica principal, o esquecimento do primeiro amor.
1. A IGREJA DE ÉFESO
Éfeso era o centro do culto a Diana (At. 19.35), cujo templo é
considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. Em tal templo havia várias
sacerdotisas do sexo, que atuavam como prostitutas. Nesse templo também era
adorada a deusa Roma e o imperador romano. Tratava-se, portanto, de uma cidade
religiosa, que integrava adoração a essa deusa com práticas de imoralidade
sexual (At. 19.19). Essa cidade fora visitada por Paulo por volta de 52. d. C.,
em sua terceira viagem missionária, a quem enviou uma das suas epístolas. Ao
que tudo indica, a igreja de Éfeso fora fundada por Áquila e Priscila,
juntamente com Paulo. Mais tarde o trabalho em Éfeso foi conduzido por Timóteo,
companheiro do Apóstolo (I Tm. 1.3). De acordo com Irineu e Eusébio de
Cesaréia, depois da morte de Paulo, aquela igreja passou a ser dirigida por João,
o evangelista, posteriormente exilado na ilha de Patmos, autor do Apocalipse.
Inácio, bispo de Antioquia, nos primeiros anos do século II, escreveu uma
extensa carta à igreja de Éfeso, na qual a elogia pela unidade e conduta cristã
irrepreensível, e por viverem em amor e harmonia sob a liderança de Onésimo,
seu bispo.
2. UMA IGREJA VIRTUOSA
Três virtudes são destacadas por Cristo na igreja de Éfeso, inicialmente
era uma igreja fiel na doutrina (Ap. 2.2,3,6), que mesmo cercada pela
perseguição, e ameaçada por heresias, permanecia fiel à palavra de Deus. O
próprio Jesus havia alertado a Sua igreja quanto aos lobos que viriam com peles
de ovelhas (Mt. 7.15), bem como Paulo, na mesma cidade de Éfeso, quanto aos os
lobos cruéis que tentariam devorar o rebanho (At. 20.29,30). Finalmente esse
tempo havia chegado, e os crentes de Éfeso estavam diante de falsos
ensinamentos. Mas a igreja de Éfeso tinha discernimento espiritual, por isso
tornou-se intolerante com essas heresias, bem como contra o pecado, que
geralmente é resultante dos ensinamentos contrários à palavra. O perigo era
justamente a doutrina dos nicolaítas, um posicionamento liberal que não
atentava para os princípios cristãos. Eles aceitavam a imoralidade sexual como se
fosse algo normal, argumentavam em favor de um cristianismo que pactuava com
atitudes promíscuas, semelhante ao que fazem algumas igrejas atuais. Outra
virtude dessa igreja é que ela estava envolvida com a obra de Deus. Os crentes
eram participativos, não apenas expectadores. Infelizmente, em algumas igrejas,
as pessoas vão apenas para os cultos, cantam, dançam, mas não há qualquer
relacionamento entre os membros. O individualismo do homem moderno está solapando
também as igrejas cristãs, que não sabem mais o que é ter comunhão. Jesus
também elogiou a disposição da igreja de Éfeso para enfrentar perseguições. A
igreja não se abateu por causa das ameaças daqueles que adoravam a deusa Diana,
bem como dos que se dobravam perante o imperador. A igreja cristã tem seus princípios,
não pode fazer concessões em relação à imoralidade sexual, muito menos com
posturas políticas que vão de encontro à Palavra de Deus. Pior do que a
perseguição é o marasmo no qual se encontra determinadas igrejas evangélicas,
que andam casadas com o liberalismo, a fim de serem politicamente corretas, ou
de mãos dadas com políticos corruptos, a fim de tirarem algum proveito
financeiro.
3. MAS QUE ESQUECEU O
PRIMEIRO AMOR
A igreja de Éfeso esqueceu o seu primeiro amor, restou apenas o
ativismo (Ap. 2.4). Há igrejas que estão centradas em meras atividades, têm
cronogramas exaustivos, que são seguidos à risca. Muitas dessas igrejas já
perderam o primeiro amor, a espiritualidade está comprometida, por isso, as
atividades servem apenas para camuflar a ausência do genuíno amor. Não podemos
esquecer que o amor sacrificial – ágape em
grego – é a marca da verdadeira igreja (Jo. 13.34,35). O principal problema da
igreja de Éfeso é que ela identificava o mal nos outros, mas não em si mesma,
perdeu a capacidade de fazer autocrítica. De fato, se fôssemos julgados por nós
mesmos não seríamos julgados, mas quando somos julgados pelo Senhor é para não
sermos condenados com o mundo (I Co. 11.20-32). Éfeso era uma igreja ortodoxa,
isto é, que tinha uma doutrina correta, mas que carecia de uma ortopraxia, ou
seja, uma conduta correta. Esse equívoco pode levar qualquer igreja à ruina,
pois ela acaba se tornando hipócrita, acusa os erros dos outros, inclusive os da
sociedade, enquanto age a partir dos mesmos valores que repreende. Mas nem tudo
está perdido, Jesus apresenta uma solução para esse tipo de igreja: “lembra-te,
pois, de onde caíste” (Ap. 2.5). Mais importante do que saber que caiu é identificar
a origem da queda. Somente assim será possível retornar ao lugar correto. O
filho pródigo somente encontrou a solução para sua condição espiritual quando
percebeu que precisa retornar à casa do Pai (Lc. 15.17). Jesus acrescenta: “volta
às obras que praticavas no princípio” (Ap. 2.5). O arrependimento genuíno resulta
em prática de vida, em obras que sejam, de fato, dignas de arrependimento (Mt.
3.8).
CONCLUSÃO
Há uma advertência final de Cristo à igreja de Éfeso, que deve ser
motivo de reflexão de toda igreja que se diz cristã, caso ela não se arrependa,
Ele vira contra ela e tirará o seu candelabro (Ap. 2.5). Para que isso não aconteça
é preciso, antes que seja tarde demais, retornar ao primeiro amor, pois, sem
amor, de nada adianta profecias e mistérios, tudo não passará de barulho (I Co.
13.1,2). Portanto, quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas.
BIBLIOGRAFIA
LAWSON, S. L. As sete igrejas do Apocalipse. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
STOTT, J. O que Cristo pensa da igreja. Campinas: United Press, 1999.
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