AS BENÇÃOS DE ISRAEL E O QUE CABE À IGREJA
Texto Áureo: Ef. 1.3 – Leitura Bíblica: Gl. 3.2-9
Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
Um
dos maiores equívocos na interpretação bíblica é confundir as bênçãos
do Antigo Pacto atribuindo-as ao povo do Novo Pacto. Existem bênçãos que
cabem a Israel, e que são especificamente para esse, enquanto que
outras são para a Igreja. Na lição de hoje estudaremos a respeito dessas
bênçãos, com o princípio exegético de diferenciar entre àquelas que
cabem a Israel e à Igreja.
1. BENÇÃOS NA BÍBLIA
No
Antigo Testamento, as bênçãos – beraka em hebraico – indicam o ato de
pronunciar coisas boas em direção a outrem (Gn. 27.38). Deus é a fonte
da benção, pois Ele abençoou a Adão, Noé e Abrão (Gn. 12.2-3), Sara (Gn.
17.16), Ismael (Gn. 17.20), Isaque (Gn. 25.11), Labão (Gn. 30.27), Jacó
(Gn. 32.29), o povo de Israel (Dt. 2.7), Sansão (Jz. 13.24), Jó (Jó.
42.12), o justo (Sl. 5.13) e todos aqueles que O temem (Sl. 115.13).
Outras pessoas podem ser agentes das bênçãos de Deus, tal como o foi
Isaque (Gn. 27.27), Jacó (Gn. 49.28), Moisés (Ex. 39.43), Arão (Lv.
9.22), Josué (Js. 14.13), Eli (I Sm. 2.20) e Esdras (Ne. 8.6). A maior
benção para Israel, no Antigo Pacto, era a presença de Deus (Ne.
6.24-26). Mas a benção, para esse povo, estava condicionada à obediência
(Dt. 7. 12-15; 28.1-68). As bênçãos de Deus para Israel incluíam:
posteridade (Gn. 1.18; 9.1; 12.2.; 22.17; 26.4; 28.3; Dt. 7.13; Js.
17.14; Sl. 107.38), a posse da terra, bem como outros tipos de
prosperidade material (Gn. 24.35; 26.3; 39.5; Dt. 2.7; 12.7; 15.4). As
bênçãos de Deus foram prometidas a Abrão, neles seriam benditas todas as
nações da terra (Gn. 12.1-3). Tais bênçãos trazem justiça (Sl. 24.5),
vida (Sl. 133.3) e salvação (Sl. 3.8). No Novo Testamento, as bênçãos –
eulogia em grego – em seu sentido geral – significa falar bem a alguém
(Rm. 16.18). No sentido do Antigo Testamento, as bênçãos são recebidas
de Deus (Rm. 15.29) tanto na esfera natural (Hb. 6.7) quanto
sobrenatural (I Pe. 3.9). A maior benção da Igreja é a salvação (Gl.
3.14; Ef. 1.3) que pode ser rejeitada, tal como fez Esaú (Hb. 12.12-17).
Quando Jesus ascendeu ao céu, Ele nos abençoou com a salvação (At.
3.26; Gl. 3.9). Paulo diz que em Cristo Deus nos abençoou com todas as
bênçãos espirituais nos lugares celestiais (Ef. 1.3,4).
2. AS BÊNÇÃOS PARA ISRAEL
As
bênçãos de Deus para Israel faziam parte do Pacto que o Senhor tinha
com essa nação, tendo em vista que Ele prometeu fazer de Abraão uma
grande nação (Gn. 12.2) e dar a terra de Canaã por herança à sua
posteridade (Gn. 17.8). Essa percepção de Israel enquanto nação é muito
importante para a interpretação dos textos bíblicos que fazem alusão à
prosperidade desse povo. Essa é uma benção prometida com exclusividade a
Israel, que não cabe à Igreja (Dt. 28.8). O texto de I Cr. 7.14: “e
se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e
buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu
ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”
tem sido indevidamente aplicado à Igreja, e o pior, a determinadas
nações. O tratamento de Deus não é mais com uma nação ou com um povo
geograficamente constituído. A nação escolhida por Deus, para ser
testemunha da Sua revelação no Antigo Pacto, é Israel (Dt. 28.10). No
futuro, por ocasião do Milênio (Ap. 20.1-10), Israel receberá as bênçãos
que lhe compete e que ainda não se cumpriram. Esse será um tempo de
abundância para esse povo e de prosperidade em todos os sentidos. Israel
desfrutará de paz com as nações (Is. 9.6; Mq. 4.3-4; Lc. 2.13-14); a
terra da palestina será ampliada (Is. 26.25), a topografia será alterada
(Zc. 14.4), as chuvas cairão trazendo bençãos (Is. 41.18; Ez. 34.26;
Jl. 2.23); as fontes e mananciais de águas serão abundantes (Ez.
47.1-11); Zc. 14.8), a terra produzirá muito (Is. 32.15; 35.1; Ez.
47.12; Am. 9.13), haverá paz e justiça em plenitude (Is. 32.16,17), até
na criação (Is. 11.6-9; 65.25; Rm. 8.19-21). Essas são as bençãos que
competem a Israel, mas não agora, pois tudo isso se concretizará no
futuro, no reinado de Cristo (At. 14.22; I Co. 6:9-10; I Ts. 2.12; Tg.
2.5; II Pe. 1.11; II Tm. 4.1; Ap. 12.10).
3. AS BÊNÇÃOS PARA A IGREJA
Deus
não trata, atualmente, com nações, isto é, com um povo delimitado por
fronteiras geográficas. O povo de Deus, hoje, é a Igreja, a quem Pedro
se refere como: “a
geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido,
para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a
sua maravilhosa luz” (I Pe. 2.9). As
bençãos que competem à Igreja, por conseguinte, são diferentes daqueles
que competem a Israel. A temporalidade era uma das marcas da benção de
Deus para Israel. A Igreja do Senhor desfruta, neste tempo, de bençãos
eternas, superiores as promessas dadas a Israel (Hb. 8.13; 10.34). As
bençãos de Deus para a Igreja são plenas, espirituais, transcendem as de
Israel, cujo foco estava na prosperidade material (II Co. 3.1-11). As
bençãos do Novo Pacto incluem: a justificação (Gl. 2.16,21), o Espírito
Santo (Gl. 3.2); a herança espiritual de ser filho de Deus (Rm. 8.14), a
vida eterna (Rm. 8.2; Gl. 3.21) e a liberdade plena (Gl. 4.8-10; 5.1).
As bençãos para a Igreja repousam na tensão entre o já e o ainda não (I
Jo.3.1,2). Por isso, sabemos que o nosso tesouro não está na terra (Mt.
6.21), mas no céu, donde esperamos o Senhor Jesus Cristo (Fp.3.2). Por
isso, precisamos permanecer nEle (Jo. 15.7), e, ao orar – não determinar
– façamos com humildade, tendo o cuidado para não pedir mal, para
esbanjar em deleites carnais (Tg. 4.3), levando em consideração a
vontade soberana de Deus (I Jo. 5.14).
CONCLUSÃO
Alguns
estudiosos da Bíblia interpretam indevidamente Gl. 6.16, argumentando
que a Igreja se tornou o Israel de Deus, e que, por isso, tem parte nas
bênçãos materiais a ele prometidas. Uma análise criteriosa dos textos
bíblicos, alusivos a Israel e a Igreja, no Antigo e no Novo Testamento, a
partir dos princípios hermenêuticos, mostrará que existem bênçãos
distintas para Israel e para a Igreja. O equívoco do movimento
pseudopentecostal é confundir essas competências e reivindicar o que
Deus, definitivamente, não prometeu à Igreja.
BIBLIOGRAFIA
FOSTER, R. A liberdade da simplicidade. São Paulo: Vida, 2008.
RHODES, R. O livro completo das promessas bíblicas. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
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