A SUPREMA ASPIRAÇÃO DO CRENTE
Texto Áureo: Fp. 3.14 – Leitura Bíblica: Fp. 3.12-17
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
Após aconselhar os crentes filipenses em relação aos falsos mestres, Paulo orienta os irmãos filipenses a perseguirem o alvo, em busca da maturidade cristã, seguido seu exemplo. Esse será o assunto da lição de hoje, os cristãos não podem viver na mediocridade. Destacaremos a importância de ir sempre adiante, e a saber lidar com as situações difíceis, na presença ou ausência dos pastores.
1. EM BUSCA DO ALVO
Paulo recorre com frequência às figuras de linguagem em suas epístolas, a principal delas é a analogia, a partir da qual utiliza temas do cotidiano para se referir a verdades espirituais. Nesse trecho da Epístola, compara a vida cristã a uma competição, em que cada crente é um atleta, em busca de um prêmio. O próprio Apóstolo sabe que ainda não chegou ao nível que deseja, e que ainda não alcançou a perfeição. Ele continua na disputa, participando dessa corrida, com a intenção de ganhar seu prêmio. Mesmo assim, prossegue, não se dá por satisfeito, cônscio de que Deus tem muito mais a oferecer (Fp. 3.12). A palavra perfeição, no grego, é teleios, e nada tem a ver com ausência de pecado. Na verdade, Paulo tem consciência das suas limitações, e isso é justamente um sinal de maturidade. Muitos crentes acham que são perfeitos, e, às vezes, julgam os outros a partir do seu modelo de perfeição. Retornando à metáfora do atletismo, o Apóstolo está dizendo que ainda não recebeu o troféu de vencedor. Mas para não perder o foco, toma uma decisão, se esquece das coisas que atrás ficam e avança em direção as que estão diante dele. De igual modo, os cristãos não podem viver na mesmice, pois quem põe a mão no arado não pode olhar para trás (Lc. 9.62) Diferentemente dos judaizantes, Paulo não fia a sua fé na carne, no passado, em um ideal de perfeição baseado em legalismo, mas na completude que se dará no futuro, por ocasião da ressurreição (I Co. 15.52-57). Os competidores de Paulo olhavam para trás, mas o Apóstolo tem seus olhos fixos no futuro. O atleta que consegue ter vitória não olha para seus adversários, antes mira continuamente o ponto de chegada, o alvo. A palavra alvo, em grego, é skopos, é justamente a fita colocada na pista, que identifica o final da corrida. É essa determinação que deve mover a fé dos crentes, isso faz com que eles deixem todo embaraço para trás (Hb. 12.1,2).
2. PERSEGUINDO A MATURIDADE
Há crentes que não conseguem amadurecer por causa do saudosismo doentio. Eles não conseguem olhar para frente, ficam todo tempo lembrando os “tempos áureos”. Reconhecemos que vivemos um momento difícil no contexto evangélico brasileiro. Mas isso não deve ser motivo para desistir da jornada, antes devemos prosseguir “pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp. 3.14). Tem muita gente se distraindo com as coisas materiais, tal como a mulher de Ló, são capazes apenas de verem as riquezas de Sodoma (Gn. 19.26). A teologia da ganância está fazendo com que muitos cristãos, inclusive obreiros, percam o foco espiritual. Não poucos pentecostais, por desconsiderarem a Palavra, estão morrendo de inanição. O mero sentimentalismo está minando a fé de muitos crentes, que se abatem por qualquer situação adversa. Como não têm firmeza na Palavra, não conseguem amadurecer, continuam espiritualmente raquíticos. Paulo constatou essa realidade em relação aos crentes de Corinto (I Co. 3.1-4), tinham muitos dons espirituais, mas lhes faltava o fruto do Espírito, isto é, uma genuína espiritualidade (Gl. 5.22). Alguns em Filipos se achavam perfeitos, isto é, que não precisavam mais ir a lugar algum. Isso era extremamente perigoso, porque esses tais não se submetiam à autoridade apostólica. Nas igrejas também existem pessoas que não querem mais aprender. Acham-se sábias demais porque estudam bastante, leem seus compêndios de teologia, por isso não frequentam a Escola Dominical. Mas Deus está no comando, no tempo certo Ele revelará aqueles que de fato estão comprometidos com o evangelho (Fp. 3.16). É no momento da adversidade que os seguidores fiéis de Cristo se manifestam. Os mercenários querem apenas os benefícios do “apostolado”, não se arriscam em prol do Reino de Deus. A igreja evangélica, como o próprio nome o diz, deveria estar fundamentada no evangelho de Jesus Cristo (Tt. 1.1; 2.10; Gl. 1.6-10). Os crentes imaturos seguem apenas suas celebridades, os gurus que determinam o que devem ou não fazer. Isso é bastante cômodo para eles, não têm o mínimo interesse de que as pessoas conheçam as Escrituras, para continuarem ditando suas regras humanas.
3. SEGUINDO O EXEMPLO
Mas Paulo não age assim, Ele é um pastor, no sentido próprio do termo, um apascentador de ovelhas. Ele não apenas diz: “faça o que eu digo”, em sua prática de vida, acrescenta, “faça o que eu faço” (I Co. 9.1; Gl. 1.11,12; I Co. 11.1). O problema de alguns líderes, principalmente aqueles mais legalistas, é que colocam sobre as pessoas fardos pesados, que nem mesmo eles são capazes de carregar (Mt. 23.24). E, às vezes, quando conseguem obedecer alguns dos princípios que impõem sobre outros, pecam em relação aos mais gritantes, sem se aperceberem (Mt. 23.23). O Apóstolo conclama os crentes filipenses à obediência, não porque ele simplesmente é uma autoridade eclesiástica, mas porque é um homem espiritual, firmado no evangelho de Jesus Cristo. O verbo andar, em Fp. 3.16, é stochein, um termo militar, que diz significa “permanecer na linha”. Os cristãos foram chamados à ortodoxia, para uma doutrina correta. Essa doutrina não é outra senão a salvação por meio da fé, não pelas obras da lei, mas pela graça, de Cristo (Ef. 2.8,9). Essa mensagem é escândalo para alguns, tanto para judeus quanto para gregos. O judeu se mantem atado às suas tradições, depende de sinais, o grego, na filosofia, depende da razão (I Co. 1.22-24). Mas a palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós que somos salvos, é o poder de Deus (I Co. 1.18). Essa é a perfeição que adquirimos através de Cristo, não de nós mesmos, pois Ele mesmo, pelo Seu sacrifício, nos justificou (Rm. 5.1). É a partir dessa verdade que podemos, todos juntos, como irmãos, contribuir, em comunhão, para a maturidade mutua (Fp. 3.16). Especialmente a liderança cristã deve investir na maturidade espiritual da igreja, incentivar os crentes ao estudo da Palavra, para que esses não sejam sempre dependentes.
CONCLUSÃO
Ainda não alcançamos a perfeição, a plena completude, essa somente acontecerá no futuro, quando “o que é mortal se revestir da imortalidade” (I Co. 15.54). Enquanto isso não acontece, devemos prosseguir rumo ao alvo, o prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus. Para tanto, esqueçamo-nos das coisas que ficaram para trás, investindo na maturidade espiritual. Não devemos mais nos fiar na religiosidade humana, antes confiarmos em Deus, que nos conduz, pelo Seu Espírito, à plenitude (II Co. 3.18), em conformidade ao caráter de Cristo (Ef. 4.13-15).
BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. Philippians. Michigan: BakerBooks, 2000.
MOTYER, J. A. The message of Phillipians. Leicester: Inter-versity Press, 1984.
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