SUPERANDO
OS TRAUMAS DA VIOLÊNCIA SOCIAL
Texto Áureo: Gn. 6.11 –
Leitura Bíblica: Gn. 6.5-12
Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
Um dos problemas sociais mais sérios da sociedade, e que não é
recente, é a violência. A Bíblia fala de violência e orienta os cristãos a responderem
a essa dura realidade. Na aula de hoje, estudaremos a esse respeito,
inicialmente, definiremos violência, tanto da perspectiva sociológica quanto
bíblica. Posteriormente, avaliaremos a violência à luz da Bíblia, e final,
mostraremos encaminhamentos espirituais para a superação da violência.
1. DEFINIÇÃO DE VIOLÊNCIA
A violência, de acordo com a perspectiva
sociológica, é um comportamento que causa algum tipo de dano físico ou moral às
pessoas. O termo vem do latim vis, que tem a ver com força, por conseguinte, a
violência é sempre um ato de força extrema, uma agressão de alguém que se
coloca impositivamente sobre o outro. A violência se concretiza de maneiras
diversas, através de assassinatos, mortes, agressões, sejam elas verbais ou
físicas ou econômicas. Dentro da abordagem relativista, a violência é relativa,
isto porque não há absolutos. Sendo assim, um comportamento considerado
violento em uma sociedade pode não ser em outra. Na Bíblia, a violência é um
conceito que está relacionado ao pecado, que não é relativo. Em hebraico, o
termo é hamas que diz respeito à impiedade do ser humano contra outro e contra
Deus (Gn. 6.11). No Antigo Testamento a violência toma a forma através de
assassinatos (Gn. 49.5) e da pressão psicológica (Sl. 35.11,12). A violência é
resultado do pecado, já que os seres humanos perderam o respeito pela vida e se
distanciaram de Deus (Jr. 13.22; Ez. 7.11; Is. 59.6; Jr. 6.7). No Novo
Testamento, o substantivo grego bia significa violência e força. Há uma
passagem bíblica em At. 5.26 em que essa palavra aparece no contexto da
violência político-religiosa. É nesse contexto que Paulo foi vítima de
perseguição e violência por seguir a Cristo (At. 21.35). Existem poucas
referências bíblicas à violência no Novo Testamento, tendo em vista que a
mensagem de Cristo é de paz, não de agressão, ainda que Ele tenha sido vítima
da violência social.
2. A VIOLÊNCIA NA BÍBLIA
Na Bíblia, a violência tem sua origem na Queda de Adão e Eva, quando
esses decidiram trilhar caminho próprio, ao invés de irem após a orientação
divina (Gn. 3.4-24; 6.5). Após a Queda, os filhos de Adão e Eva perderam o
respeito pela vida, Caim, com inveja do seu irmão Abel, o assassinou (Gn.
4.3,4). Lameque retrata a condição atual humana decaída, pois, além de matar
dois homens, ainda se vangloriou do seu feito (Gn. 4.23). A expansão da violência
foi tamanha na antiguidade que, de acordo com o relato de Gn. 6, Deus precisou punir
a humanidade, salvando apenas a família de Noé (Gn. 6.7). O Antigo Testamento
está repleto de histórias de violência, o contexto das sociedades daquele tempo
estava respaldado na guerra. Mas Deus não incentiva à violência, nem mesmo em
relação “à vara” para a correção das crianças, criticada infundadamente, pois
nada tem a ver com espancamento (Pv. 29.15). A Bíblia não aprova a violência
contra crianças, cônjuges, idosos, ou de natureza sexual. Jesus se posicionou
contra todo tipo de violência (Mt. 5.21-23; 7.1-5). A violência contra a mulher
é reprovada na instrução de que o homem deve amar sua esposa como Cristo amou a
Sua igreja (Cl. 3.19). A violência de pais contra filhos é censurada, já que
esses são orientados a não irritá-los (Cl. 3.21). Os patrões não devem
subverter os direitos dos seus empregados, pois isso é abuso, e também violência
(Cl. 4.1). Na perspectiva bíblica, a violência tem raízes profundas, seus
frutos são manifestos em palavras de ira e blasfêmias (Ef. 4.31,32), não
condizentes com aqueles que expressam a fé em Cristo.
3. SUPERANDO OS TRAUMAS
DA VIOLÊNCIA
Existem casos distintos de violência na sociedade, por isso, cada um
deles deve ser tratado em suas especificidades. Há situações em que os cuidados
de um psicólogo podem ser descartados, muito menos a orientação espiritual. A
princípio, é preciso compreender os estágios pelo qual passa aqueles que foram
vítimas da violência. O primeiro deles é o do impacto, caracterizado por choque,
ansiedade e medo. O segundo é o da negação, a vítima tenta voltar à vida
normal, negando a realidade. O terceiro é o processo, quando o sentimento da
violência não pode mais ser reprimido. O quarto e último é o da integração,
quando a vítima percebe que não é mais controlado pelo efeito da violência.
Todos os dias pessoas são vitimas da violência social, crianças são abusadas
sexualmente, mulheres são estupradas, outras agredidas pelos seus cônjuges e
idosos são injuriados em diversos contextos. Existem diversas maneiras de
evitar a violência social. Uma delas é a educação, os casos de violência
costumam estar atrelados à falta de formação. Não por acaso, os bolsões de
violência se encontram em contextos em que as pessoas foram privadas da
ascensão educacional e econômica. As famílias também precisam ser protegidas, cada
vez mais crianças e adolescentes têm acesso à violência, essa está se
naturalizando. Os meios de comunicação em massa, inclusive os jogos
eletrônicos, favorecem a violência. O uso de drogas está destruindo a
juventude, o crack é uma substância que causa dependência imediata. Os efeitos
das drogas não são apenas no organismo dos dependentes, mas na sociedade como
um todo, causando um ciclo de destruição e criminalidade.
CONCLUSÃO
No contexto da violência social, a cultura da não-violência, que é
bíblica, deve ser propagada, não apenas em palavras, mas também em atos (Mt.
5.38,39; Rm. 12.19). O perdão é o antídoto contra a violência, o agressor,
principalmente aquele que assim age por ter sido vítima da violência, é
descontruído diante do comportamento misericordioso (Mt. 5.38-48; Rm. 12.20,21).
Todos aqueles que foram vitimas da violência social devem lembrar que Jesus
também o foi, e que Ele reagiu com amor, repreendendo aqueles que cultivavam a
violência (Mt. 26.52).
BIBLIOGRAFIA
BUTIGAN, K. BRUNO, P. Da violência à integridade. Sinodal:
São Leopoldo, 2008.
COLLINS, G. Aconselhamento cristão. São Paulo: Vida Nova, 2004.
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