sexta-feira, 25 de maio de 2012

LAODICEIA, UMA IGREJA MORNA


LAODICEIA, UMA IGREJA MORNA
Texto Áureo: Mt. 6.33 – Leitura Bíblica: Ap. 3.14-22
Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
Estudaremos, nesta aula, a carta à sétima igreja, a que ficava em Laodiceia. Veremos que se tratava de uma igreja morna, caracterizada pelo faltar de ardor espiritual. A princípio, apresentaremos a igreja em seu contexto histórico-geográfico, em seguida, caracterizaremos a sua mornidão, resultante da opulência. Ao final, mostraremos a necessidade da igreja arrepender-se, e buscar as riquezas celestiais.
1. A IGREJA DE LAODICEIA
A cidade de Laodiceia foi fundada em 250 a. C., por Antíoco da Síria, e se destacava pela sua localização. Ela ficava no meio de duas grandes rotas comerciais, famosa por sua riqueza e ostentação. A cidade de Laodiceia era a preferida pelos milionários, a efervescência cultural atraia a muitos, tinha teatros, estádios, ginásios. A prosperidade financeira era a principal motivação de muitos que se dirigiam àquela localidade. O desenvolvimento contribuiu para a produção de manufatura de tecidos e do avanço da medicina. A imponência da cidade era tanta que se vangloriava de ter se reerguido rapidamente, após a sua destruição, em 60 d. C., sem o auxílio governamental. O poderio de Laodiceia era tamanho que ela favorecia as cidades vizinhas quando essas eram atingidas por terremotos. O império romano guardava ali ouro, prata e moedas, homens de negócios viajavam para a cidade a fim de auferir lucros. As fábricas produziam lã e linho finíssimos, grandes centros médicos podiam ser encontrados em Laodiceia. Sua escola de medicina era a melhor da época, atraia estudantes de várias localidades. A igreja de Laodiceia estava contextualizada a essa realidade, ao invés de transformar a cidade, esta estava moldando a igreja. Os cristãos de Laodiceia viviam a partir da sua prosperidade material. Acabaram por desenvolver uma sensação de autossuficiência, a religiosidade era aparente, não havia fervor espiritual, a mornidão imperava. A igreja se assemelhava a água da cidade, que, em virtude da escassez, vinha de Hierápolis, saindo de lá quente, mas chegando a Laodiceia morna.
2. UMA IGREJA MORNA
A essa igreja morna Jesus se apresenta como o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o Princípio da criação de Deus (Ap. 3.14). Como o Amém, Ele é a confirmação de todas as profecias, o cumprimento dos arautos divinos (Lc. 24.44). Sendo a testemunha fiel e verdadeira, Ele é Aquele que tem a Palavra, que fala com propriedade a respeito do Pai (Hb. 1.1,2). Ele também é o Princípio da criação de Deus, mas não é criado, pois tudo existe a partir dEle e sem Ele nada do que foi feito se fez (Jo. 1.3). Jesus conhece as obras das igrejas, sabem com que intenção elas são feitas. No caso de Laodiceia, diz o Senhor, “nem és frio nem quente, oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és morno e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca” (Ap. 3.15). A igreja de Laodiceia multiplicou a iniquidade, por causa disso, o amor se esfriou (Mt. 24.12), perdeu o interesse pela Palavra, não tinha mais ardor quando o evangelho era partilhado (Lc. 24.32). A igreja cristã deve saber que o fervor espiritual pode se apagar, por isso precisa ser alimentado (Rm. 12.11; At. 18.25; II Tm. 1.6). A igreja não se definia, nem era fria nem quente, era morna. As águas da cidade haviam perdido sua propriedade terapêutica, porque não eram mais quentes. Do mesmo jeito, os crentes da igreja perderam o entusiasmo. A perda da essência favoreceu o culto à exterioridade. Eles se vangloriavam: “rico sou, estou enriquecido e de nada tenho falta” (Ap. 3.17). Muitas igrejas atuais, como a de Laodiceia, perderam o fervor, são igrejas mornas, e como perderam a espiritualidade, sobrevivem da opulência financeira. Templos vultosos, cultos marabalísticos, “pastores” que mais parecem animadores de auditório, danças pirotécnicas, tudo para camuflar a ausência de ardor espiritual. A avaliação de Jesus parte de outros parâmetros: “e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e cego e nu” (Ap. 3.17). A igreja que ostentava riqueza era desgraçada e miserável; que vivia cercada de uma medicina avançada, com a produção de colírios eficientes para os olhos, era cega; que produzia tecidos caríssimos, se encontrava espiritualmente nua.
3. CONSELHO AO FERVOR
A essa igreja desgraçada, miserável, pobre, cega e nua, Jesus a admoesta: “aconselho-te que de mim compres outro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez, e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas”. Mais valioso que outro é a fé do crente, e essa deva ser provada no fogo (Tg. 1.2-4), e mais importante que roupas caras, luxuosas de grife, são as vestes da justiça dos santos (Ap. 19.8). Em meio a tanto consumismo, os crentes são admoestado pelo Senhor a investirem em valores que permanecem para sempre (Is. 55.1). A igreja de Laodiceia, com os seus muitos bens, achava que tinha tudo, que nada lhe faltava. O problema da ostentação é que ela é contagiosa, uma igreja que sobrevive da riqueza contamina as outras. Existem muitas igrejas no Brasil que vivem se comparando, para saberem quem são as mais ricas. Há crentes que avaliam uns ao outros pela congregação que frequentam. Esse sentimento, ao invés de ter a aprovação de Cristo, Lhe provoca náuseas. Mas ainda há esperança, assim diz o Senhor Jesus: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso e arrepende-te”. Uma igreja repreendida por Cristo cresce espiritualmente, pois Seu castigo é demonstração de amor (Hb. 12.5-11). O resgate do fervor passa pelo arrependimento, aquele que confessa seus pecados e os deixa alcançará a misericórdia do Senhor (Pv. 28.13). Ele está a porta e bate, diz Ele, “se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei e ele comigo” (Ap. 3.20). Muitos pregadores dirigem esse versículo aos descrentes, mas é digno de destaque que ele é destinado a uma igreja. A igreja tinha tudo, mas lhe faltava o principal, Jesus Cristo, critério para que ela fosse, de fato, ekklesia (Mt. 16.18).
CONCLUSÃO
Os que vencerem recebem, do Senhor, a promessa de que se assentarão, com Ele, no Seu trono (Ap. 3.21). Um dia os santos reinarão com Cristo na terra, por ocasião do Milênio (Mt. 19.28; I Co. 6.38; Ap. 20.4). A maior riqueza do crente não está no perecível, seu tesouro se encontra na eternidade (Mt. 6.20). De nada adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma (Mc. 8.36), onde estiver o tesouro do crente, ali também estará o seu coração (Lc. 12.34), o amor às riquezas tem conduzido muitos a ruinas (I Tm. 6.6-10). Portanto, quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas.
BIBLIOGRAFIA
FÁBIO, C. O apocalipse das igrejas. São Paulo: Abba Press, 2009.
LOPES, H. D. Ouça o que o Espírito diz às igrejas. São Paulo: Hagnos, 2010.

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