APOCALIPSE, A REVELAÇÃO DE JESUS CRISTO
Texto Áureo: Ap. 1.3 – Leitura Bíblica: Ap. 1.1-8
Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
Estamos
iniciando mais um trimestre na Escola Bíblica Dominical. Desta feita,
estudaremos, a partir das Lições Bíblicas – CPAD, As Sete Igrejas do
Apocalipse. Trata-se de lições focadas na eclesiologia, ainda que tenha
um fundo escatológico. A igreja evangélica se encontra em situação de
crise, por esse motivo, o estudo eclesiológico é crucial, tendo por base
a Palavra de Deus a fim de reencontramos o caminho perdido. Na lição de
hoje estudaremos a respeito do livro da Revelação de Jesus Cristo, o
Apocalipse, a fim de contextualizarmos as Sete Igrejas que serão
estudadas nas próximas lições.
1. APOCALIPSE: AUTORIA, DATA E PROPÓSITO
Equivocadamente
alguns cristãos se referem ao Apocalipse como de João, no entanto, se
trata da “Revelação de Jesus Cristo, a qual (‘Deus lhe deu’). Cristo
recebeu de Deus essa Revelação e a encaminhou através do Seu anjo (Ap.
22.16) a João, que se encontrava preso na ilha de Patmos (Ap. 1.9),
situada a 80 quilômetros sudoeste de Éfeso, para que ele a transmitisse
para a Igreja. O autor do livro se apresenta simplesmente como João (Ap.
1.1; 1.4; 21.2; 22.8). As igrejas da Ásia o conheciam a quem chama de
irmão, com quem partilha as tribulações do reino e da perseverança (Ap.
1.9). A evidência externa aponta para a autoria de João, o autor do
quarto evangelho. Já no ano 150 d.C., Justino Mártir aceitava a autoria
joanina, o mesmo fez Irineu, por volta de 200 d. C. Alguns teólogos veem
dificuldade para relacionar a autoria do Apocalipse com a do autor do
quarto evangelho, isso porque a linguagem do Apocalipse, diferentemente
da do Evangelho, é brusca e apresenta irregularidades gramaticais e
sintáticas. Os estudiosos ortodoxos reconhecem, no entanto, que o
Apocalipse teria sido escrito por um amanuense ou secretário, algo comum
naqueles tempos (Rm. 16.22). Sendo assim, João, o discípulo amado que
pertencia ao ciclo íntimo de Jesus (Jo. 21.10,24), teria ditado o
evangelho a um discípulo, enquanto o Apocalipse está no seu grego comum
de hebreu. A tradição eclesiástica atribui a possibilidade desse livro
ter sido escrito entre os anos de 81 a 96 d. C, quando Domiciano era
imperador de Roma. O gênero do livro é profético, já que o próprio termo
“Apocalipse”, vem do grego apokalypsis, cujo significado é revelação,
desvelamento e abertura. Essa revelação é dirigida às igrejas do
primeiro século em sete cidades da província romana da Ásia (Ap.
1.4,11), que representam todas as igrejas, de todas as épocas (Ap.
2.7,23). Tais igrejas estavam sendo ameaçadas por falsos ensinamentos,
tal como o dos nicolaítas (Ap. 2.5,15), pela perseguição (Ap. 2.10,13),
pelo comprometimento com o paganismo, idolatria e imoralidade (Ap.
2.14,20,21) e pela complacência espiritual (Ap. 3.1-3,15-17).
2. APOCALIPSE: ESTRUTURA E TEMAS ABORDADOS
No
livro do Apocalipse os cristãos são chamados à fidelidade em meio a uma
guerra cósmica contra Satanás e o pecado, na medida em que aguardam a
vinda de Jesus. A estrutura do livro é facilmente identificada, depois
de um capítulo introdutório, encontramos quatro séries de sete: sete
cartas (Ap. 2,3), sete selos (Ap. 5.1-8.1), sete trombetas (Ap.
8.2-11.19) e sete flagelos (Ap. 15.1-16.21). Essa quatro séries estão
intercaladas com diversos interlúdios que interrompem o fluxo da
narrativa e que não pertencem à sequência da série de setes. O livro é
concluído com o julgamento final da Babilônia, a civilização apóstata, e
a vitória final do Reino de Deus, por ocasião da descida da Jerusalém
Celestial (Ap. 17-21). A estrutura do livro pode ainda ser demarcada por
quatro visões, cada uma delas iniciada com o convite: “Vem e vê” (Ap.
1.9; 4.1; 17.1; 21.9). A primeira visão mostra Cristo, o Revelador
Glorificado, em seguida, as sete cartas às sete igrejas: Éfeso, Esmirna,
Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. A segunda visão trata
a respeito do Trono Celestial, os sete selos, o interlúdio das duas
multidões, o sétimo selo, as sete trombetas, as seis trombetas, o
interlúdio do anjo e o pequeno livro, a medição do templo e as duas
testemunhas, em seguida, a sétima trombeta, com outro interlúdio,
revelando o Dragão, a Mulher e seu Descendente, as Duas Bestas, as
visões de consolo e os sete flagelos. A terceira visão apresenta o
mistério da Babilônia, seu julgamento, o triunfo e a consumação final
com as bodas do cordeiro, a vinda gloriosa de Cristo, a batalha entre
Cristo e o Anticristo, a prisão final de Satanás e da Morte, e a Nova
Criação. A quarta visão se dá com a manifestação da Jerusalém Celestial.
O livro termina com um Epílogo, no qual traz um conjunto de exortações e
afirmações, relacionadas, que dão credibilidade à profecia, asseguram a
certeza da vinda de Cristo e solicita aos leitores para que guardem as
palavras proféticas.
3. APOCALIPSE: ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO
A
interpretação do livro do Apocalipse difere, dependendo da escola, isto
é, dos elementos exegéticos adotas por um determinado grupo de
estudiosos. Ao longo da história, destacamos o surgimento de quatro
movimentos interpretativos em relação ao Apocalipse: 1) Historicismo –
compreende a ordem literária das visões, principalmente as que se
encontram entre os capítulos 4 a 20.6 do livro como símbolos da ordem
cronológica de eventos históricos sucessivos desde a igreja apostólica
até o retorno de Cristo, com a nova terra e céu. Tais capítulos se
refeririam, assim, aos períodos patrístico, medieval, da Reforma, e às
eras da igreja moderna, anterior ao milênio (Ap. 20.1-6) e a segunda
vinda de Cristo (Ap. 20.7-22.5); 2) Futurismo – trata da ordem das
visões em referência à ordem particular dos eventos históricos,
associando os capítulos 4 a 22 a eventos que acontecerão no futuro,
distante dos leitores de João e das Igrejas da Ásia. Para os futuristas,
os eventos que acontecerão incluem um período de sete anos de
tribulação intensa (Ap. 6-19), seguida de milênio literal (Ap. 20.1-6)
no qual a Igreja reinará na terra com Cristo antes da ressureição geral e
da inauguração do novo céu e da nova terra (Ap. 20.7-22.5); 3)
Preterista – argumenta que a maioria das visões do Apocalipse já
aconteceu em um passado distante, por ocasião dos primeiros anos da
igreja cristã. Para eles, Ap. 1 a 3 se referem às igrejas do primeiro
século; 4 a 11 à queda de Jerusalém (70 d.C); 12 a 19 à queda de Roma no
Século IV; o milênio seria o restante do período patrístico, a igreja
medieval, a Reforma e as eras da igreja moderna; e 4) Idealismo –
concordam com os historicistas que as visões do Apocalipse simbolizam
conflitos entre Cristo e a Sua igreja de um lado, e Satanás e o Mal do
outro, da era apostólica até a segunda vinda de Cristo. No entanto, os
idealistas afirmam que a ordem dos eventos não se refere a uma sequência
temporal (cronológica), antes encontram expressão das lutas da igreja
em curso na perseverança da fé no presente. A narrativa de Ap. 4 a 19
diz respeito, para os idealistas, a cada época da igreja, todas elas
experimentam os embates contra as forças que se opõem a Cristo, e que,
por outro lado, incitam a igreja à perseverança.
CONCLUSÃO
João,
o apóstolo autor do quarto evangelho escreveu o Apocalipse enquanto se
encontrava preso na ilha de Patmos (Ap. 1.1), antes do ano 96 d. C., que
recebeu, de Jesus, a revelação das coisas “que brevemente devem acontecer”.
Neste livro temos uma previsão de como tudo termina e como será o
futuro da igreja, daqueles que permaneceram fiéis diante das palavras
encorajadoras reveladas por Jesus expressas por João ao longo do
Apocalipse. Apesar de tudo, há esperança, pois o pecado não mais
persistirá, o reino das trevas será vencido, teremos comunhão com Cristo
na eternidade, e reinaremos com Ele para sempre (Ap. 22.5), mas todos
aqueles que têm essa esperança devem se purificar assim como Ele é puro
(I Jo. 3.3).
BIBLIOGRAFIA
LADD, G. Apocalipse: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1980.
SILVA, S. P. Apocalipse: versículo por versículo. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
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