LIDERANÇA EM TEMPO DE CRISE
TEXTO
ÁUREO - “Então,
lhes respondi e disse: O Deus dos céus é o que nos fará prosperar; e nós, seus
servos, nos levantaremos e edificaremos; mas vós não tendes parte, nem justiça,
nem memória em Jerusalém” (Ne 2.20).
VERDADE
PRÁTICA - Na expansão e consolidação do Reino de Deus, é imprescindível que
ajamos com sabedoria, coragem, entusiasmo e fé.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE -- Neemias
2.11-18
ANIMO EM TEMPOS
DE CRISE
Então, lhes respondi e disse: O
Deus dos céus é o que nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos levantaremos
e edificaremos; mas vós não tendes parte, nem justiça, nem memória em
Jerusalém. (Ne 2.20)
Na edificação da Casa do Senhor,
o líder deve ter prudência e entusiasmo para incentivar a cooperação dos
liderados. Neemias era um líder que possuía elevado senso de equilíbrio. Ao
chegar a Jerusalém, não se precipitou em tomar decisões apressadas. Antes de
tudo, fez um levantamento da situação em que se encontrava a cidade. Não
declarou sequer às pessoas que acompanhavam os detalhes de sua missão. Só
depois, ao estar ciente do que ocorrera, reuniu os líderes da cidade e lhes
expôs o que Deus colocara em seu coração, e os convidou a enfrentar a grande
obra da restauração. É um dos maiores exemplos de boa administração na Bíblia.
É de vital importância
administrar com prudência. Muitos obreiros do Senhor que lideravam ministérios
proficuos e reconhecidos, nacional e internacionalmente, são hoje sombras do
passado. Vivem no ostracismo eclesiástico porque não foram prudentes. Seus
ministérios desabaram sob o peso dos escândalos ou envolvimentos com práticas
desabonadoras para a liderança cristã. Neemias é um exemplo notável de como um
homem de Deus deve agir diante das crises que surgem no ministério.
Além da prudência, Neemias soube
motivar seus liderados. Motivação é o combustível que a maioria dos obreiros
precisa para atuar na liderança de uma igreja ou atuar em cargos ou funções
ministeriais. A chamada de Deus é o primeiro passo, certamente é o ponto de
partida que incentiva o obreiro, contudo somente a chamada não move aquele que
é chamado. É necessário que, no seu dia a dia, sinta-se entusiasmado para
atender ao chamado de Deus. O personagem desse comentário era um homem cheio de
motivação, não era individualista, pois procurou motivar seus liderados.
No meio eclesiástico já se
conhecem vários casos de obreiros cônscios do chamado de Deus, que, depois de
algum tempo, perdem a motivação diante das lutas e oposições ao seu trabalho.
Perder a motivação é perder energia, e sem ela torna-se difícil incentivar os
outros a cooperar com o líder. Ao acompanharmos os passos de Neemias, veremos
como deve ser um líder eficaz à frente da obra do Senhor, principalmente em
tempos de crise.
As Portas se
Abrem com a Oração
Parecia tudo tão difícil.
Notícias tão perturbadoras a respeito do que acontecia com o povo de Deus. Um
simples copeiro, ainda que honrado, preocupou-se em agir. O que fazer? Neemias
orou e Deus entrou em ação. O rei percebeu a preocupação de Neemias (Ne 2.1,2)
e indagou o motivo de sua tristeza. A partir desse momento, as orações estavam
sendo respondidas. Neemias explicou o porquê de sua tristeza, e Deus tocou no
coração do rei para enviá-lo a Jerusalém a fim de reconstruir dos muros (Ne
2.3).
Neemias foi agiu com sabedoria ao
interceder por seu povo (Ne 2.4-8). Não quis viajar clandestinamente. Pediu
cartas que dessem respaldo legal à sua arriscada viagem. Muitas vezes, sob o
pretexto de que a obra é de Deus, há crentes que abusam no descumprimento das
leis, e por isso são punidos. As autoridades representam a Lei, e, como
cidadãos, precisamos dar exemplo na obediência às leis do país. Desde que elas
não confrontem com a “Lei Maior”, que é a Palavra de Deus, o cristão deve ser
cumpridor das leis de seu país.
Um Líder
Prudente
O
sigilo necessário (Ne 2.12). No ano 444 a.C, houve o terceiro
retorno dos judeus da Babilônia sob a liderança de Neemias, com a missão dc
reconstruir e concluir os muros de Jerusalém (Ne 2.1). Neemias tinha todo o
apoio do rei para iniciar e prosseguir com a obra da restauração dos muros de
Jerusalém. Com aquela delegação, estava na condição de governador nomeado pelo
Império Persa. No entanto, não se aproveitou disso, antes, como homem de fé e
oração, soube agir com prudência. Durante três dias rodeou os diversos recantos
da cidade, e constatou pessoalmente que as informações que lhe chegaram acerca
da ruína da terra de seus pais eram verdadeiras e até mais dramáticas.
Pessoas
de confiança.
Em sua prudência não se fez acompanhar de grande séquito, e, sendo assim,
iniciou sua verificação à noite, provavelmente em uma noite enluarada. Apenas
convidou poucos homens para acompanhá-lo em sua viagem de inspeção. Na obra do
Senhor é sempre interessante desfrutarmos da companhia de pessoas de confiança,
a fim de nos acompanhar “à noite”, quando as coisas não estão muito claras.
Ainda assim Neemias não declarou a ninguém o que estava em seu coração “para
realizar em Jerusalém”.
Em nossos dias é comum o obreiro
sentir os efeitos da presença de pessoas desleais que tentam minar o seu
ministério. É preferível trabalhar com pessoas de menos competência técnica,
mas que sejam sinceras, a ter em volta de si “sumidades” que possuem o espírito
de Judas. O obreiro precisa trabalhar com “homens tementes a Deus, homens de
verdade, que aborreçam a avareza...” (Êx 18.21).
Se Neemias desfrutasse da
companhia de homens desonestos e traidores, todos os seus planos seriam
prejudicados e os inimigos prevaleceriam. Devemos pedir a Deus que envie homens
honestos, a fim de que atendam o que Paulo ensinou ao jovem discípulo Timóteo:
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15).
Um Convite para
a Edificação
Revelando
os planos no tempo certo. A prudência e a sabedoria de Neemias deram-lhe
condições para enfrentar a crise. Sua discrição, silêncio, cuidado e paciência
eram qualidades notáveis para que ele obtivesse êxito, naquela situação de
instabilidade crítica. Ele só revelou os planos aos demais líderes e aos que
trabalhavam na reconstrução da cidade quando já estava ciente acerca da
situação crítica da cidade, bem como sobre o que pretendia fazer. Ou seja,
soube dizer a coisa certa, no tempo certo e para as pessoas certas. A palavra
dita no tempo certo é como “... maçãs de ouro em salvas de prata...” (Pv
25.11).
A
exposição do problema. Era gravíssima a situação de Jerusalém. O segundo
Templo já estava concluído, mas não havia alegria entre o povo. O culto a Deus
fora prejudicado. Pessoas estranhas tinham acesso ao lugar sagrado, pois a
cidade estava desprotegida. A segurança das cidades naquela época eram os
fortes muros e as portas de madeira maciça, que impediam o avanço dos inimigos.
Reunindo os magistrados e outros líderes, Neemias lhes expôs o que vira em sua
inspeção: “Então, lhes disse: Bem vedes vós a miséria em que estamos, que
Jerusalém está assolada e que as suas portas têm sido queimadas” (Ne 2.1 7a).
Era uma situação de miséria espiritual, moral, social, econômica e financeira.
Tudo isso era resultado da desobediência e rebeldia contra Deus.
Em muitas igrejas a situação é de
miséria, tal como em Jerusalém quando Neemias a visitou. Os líderes vivem no
pecado, e os liderados, por sua vez, não se portam conforme a Palavra de Deus.
Logo, o resultado é catastrófico. São “Laodiceias” espirituais e ministeriais.
Jesus mandou dizer à Igreja em Laodiceia: “Eu sei as tuas obras, que nem és
frio nem quente. Tomara que foras frio ou quente! Assim, porque és morno e não
és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou
enriquecido, e de nada tenho falta (e não sabes que és um desgraçado, e
miserável, e pobre, e cego, e nu)” (Ap 3.15-17).
O
convite para o trabalho. “... vinde, pois, e reedifiquemos o muro de
Jerusalém e não estejamos mais em opróbrio” (Ne 2.17). Aqui, vemos uma lição
extraordinária de um líder que tem maturidade e competência. Ao reunir os
outros líderes, não foi buscar as razões da situação crítica da cidade, não foi
procurar saber quem eram os culpados. Entre os políticos, quando assumem cargos
administrativos, a primeira medida é procurar os erros de mjnistraçõe5
anteriores para fazer acusações e buscar punições. Dentro das igrejas,
infelizmente, isso também acontece, pois os obreiros procuram as falhas dos
antecessores a fim de se promoverem no ministério.
Neemias agiu de forma competente,
cheio da unção de Deus. Expôs a situação da cidade e propôs a solução: “...
vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém e não estejamos mais em
opróbrio”. Há pessoas que têm muitos
planos, muitas ideias, mas não conseguem colocá-las em prática. Outros só sabem
criticar, murmurar e provocar dissensões entre os membros da igreja, gerando
contendas e divisões. Esquecem-se de que Deus abomina os contenciosos (Pv
6.16,19).
Uma Direção
Sábia
De
acordo com Megginson,
“a função de direção compreende guiar e orientar os subordinados para que
desempenhem os deveres e responsabilidades que lhes foram atribuídos, de modo a
serem conseguidos os resultados desejados”.1 Uma boa direção mostra a
existência de elementos fundamentais na organização.
A motivação dos liderados.
Motivação é a capacidade de incentivar as pessoas a realizar seu trabalho,
visando atingir os objetivos desejados. Neemias soube motivar os liderados.
Para animar os outros líderes e os liderados a participarem do seu projeto,
falou-lhes sobre a chamada de Deus em sua vida. Contou-lhes que orou durante
quatro meses e como Deus abrira as portas tocando no coração do rei, e como
obteve apoio oficial para a sua missão. Mas acima de tudo, demonstrou como Deus
lhe dirigira: “Então, lhes declarei como a mão do meu Deus me fora favorável,
como também as palavras do rei, que ele me tinha dito. Então, disseram:
Levantemo-nos e edifiquemos. E esforçaram as suas mãos para o bem” (Ne 2.18).
Tudo indica, pelos textos
bíblicos, que a construção de Jerusalém na época de Neemias voltava-se
primorda1meflte para os muros que estavam fendidos. Decerto, na época de
Esdras, os muros tiveram sua construção iniciada, mas fora paralisada à força
pelos inimigos (cf Ed4.12,13). Agora, com Neemias, o desafio era completar a
construção da cidade de Jerusalém e a restauração de seus elevados muros, que
serviriam de proteção contra eventuais invasores, de povos vizinhos ou
distantes que se constituíam inimigos do povo hebreu. A visão das ruínas era
desoladora. Talvez muitos tenham dito que não haveria mais solução, contudo
Neemias soube usar sua liderança para influenciar os seus compatriotas a se
lançarem à obra da reconstrução. Eles disseram: “Levantemo-nos e
edifiquemos...”.
Liderança. É a capacidade
de conduzir pessoas a desenvolver e atingir os objetivos da organização.
Neemias era um verdadeiro líder. Um administrador nato. Não era um líder
autocrático Não disse “vão”, “façam”, enquanto observo e oro, mas incluiu-se na
solução. “Vinde” e “edifiquemos”! Quando o líder dá o exemplo na ação, no
interesse, e participa da obra, o povo percebe e se estimula a segui- lo. Líder
não é o que manda, mas o que comanda. Líder não é o que diz “façam”, mas o que
diz, “façamos”, O líder fraco diz: “Aqui quem manda sou eu!” Não é um líder,
mas um “chefe”.
O
homem de Deus deve ser líder, ou seja, aquele que orienta as pessoas a quem
lidera. O
bom líder cristão não deve ser autocrático, do tipo que diz “aqui quem manda
sou eu”, nem do tipo permissivo ou “bonzinho”, que deixa os liderados fazerem o
que bem entenderem.
O
bom líder é participativo. Esse líder é almejado nas igrejas, pois sabe
envolver os servos de Deus na missão da Igreja de Cristo Jesus. Assim como
Neemias, gostam de envolver os outros nas decisões; estimulam a participação
dos liderados; confiam nas pessoas que trabalham com eles; gostam de delegar;
preferem ser amigos dos subordinados; gostam de dizer: “Nós precisamos fazer”,
“Gostaria de ouvir a opinião de vocês”, O próprio Deus é participativo. Na
criação do homem, disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança”, (Gn 1.26). “Somos cooperadores de Deus” (1 Co 3.9; Fp 4.3; 3 Jo 8;
2 Pe 1.4).
Comunicação
com os liderados.
Comunicação é o processo pelo qual se cria compreensão entre os dirigentes e os
subordinados. Neemias soube comunicar-se com seus liderados. Ele não falou
antes do tempo. Na cidade, já havia algumas autoridades que se encarregavam de administrar
a vida comunitária dentro das condições e possibilidades de que dispunham.
Neemias podia ter-lhes transmitido suas intenções e seus objetivos ao chegar à
cidade, mas não o fez. Após um périplo de inspeção, voltou ao lugar de partida,
mas manteve o sigilo sobre suas observações. “E não souberam os magistrados
aonde eu fui nem o que eu fazia; porque ainda até então nem aos judeus, nem aos
nobres, nem aos magistrados, nem aos mais que faziam a obra tinha declarado
coisa alguma” (Ne 2.16).
Há líderes que se prejudicam, nas
igrejas, porque falam demais. O escritor de Eclesiastes
declara: “Não te
precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra
alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; pelo
que sejam poucas as tuas palavras” (Ec 5.2). Em se tratando de planos, mesmo na
obra do Senhor, só devem ser divulgados quando todos os detalhes estiverem
definidos no que diz respeito a objetivos, metas, pessoas envolvidas, recursos
necessários e resultados esperados. O exemplo de Neemias nos fala bem sobre a
prudência que deve ser adotada na obra do Senhor, especialmente, em tempos de
crise, para não despertar os adversários.
Os Inimigos se
Levantam
Inimigos
da edificação.
É uma realidade a ser encarada por qualquer servo de Deus, sobretudo, pelos
líderes. Sempre haverá inimigos contra aqueles que querem servir na edificação
do Reino de Deus. Um líder jamais satisfará a todos, mesmo na obra do Senhor.
Nem mesmo Jesus agradou a todos. O próprio Deus teve de confrontar seu inimigo,
o querubim Lúcifer, que tentou usurpar-lhe o trono. Jesus teve tantos inimigos
que sentiu de perto a sua opressão, principalmente, no dia de seu julgamento
(Mt 26.54-68).
Paulo, o grande apóstolo dos
gentios, sofreu oposição de inimigos dentro das igrejas que foram abertas por
ele. Teve que alertar o jovem obreiro Timóteo quanto aos inimigos do
ministério. Dentre esses, surgiram
Alexandre e Himeneu, que viviam blasfemando no meio da igreja local, O
principal era “Alexandre latoeiro”, que perturbava o homem de Deus. Na primeira
carta, Paulo diz que os entregou a Satanás (1 Tm 1.20); na segunda carta, o
apóstolo diz: “Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe
pague segundo as suas obras. Tu guarda-te também dele, porque resistiu muito às
nossas palavras” (2 Tm 4.14,15).
Não é dificil, nas igrejas
locais, encontrarmos os “latoeiros” que vivem perturbando os homens de Deus.
Neemias
encara os inimigos.
Eles não tardaram em aparecer. Enquanto Jerusalém estava em ruínas, e ninguém
se interessava por sua reedificação, os inimigos estavam quietos. Certamente,
tiravam proveito pessoal da situação. Eram bajuladores do rei, mas inimigos do
povo de Deus. Diante do caos, imaginavam que o Deus de Israel nada faria. Mas o
Senhor levantou um homem de bem, de dentro da própria corte real, para agir em
favor de seu povo. Deus sempre tem um homem para cumprir seus desígnios. Quando
Elias pensava que era o único profeta que sobrevivera, Deus lhe disse que ainda
tinha sete mil que não se dobraram diante de Baal (1 Rs 19.18).
Ao tomarem conhecimento de que
Neemias estava trabalhando pela reedificação dos muros, os inimigos se
manifestaram. Ao que parece, eram influentes e tinham relações com o palácio do
rei. Diz o texto: “O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo
amonita, e Gesém, o arábio, zombaram de nós, e desprezaram-nos, e disseram: Que
é isso que fazeis? Quereis rebelar-vos contra o rei?” (Ne 2.19).
Quem
eram esses inimigos?
Certamente, eram os líderes da oposição aberta contra o homem de Deus.
Sambalate, o horonita. “Era nome babilônico. Ao que tudo indica, teria habitado
na região de Bete-Horon, ao sul de Efraim (Js 10.10; 2 Cr 8.5), sua cidade
natal. A única cosa que sabemos com certeza é de que ele tinha algum tipo de
poder civil ou militar em Samaria, no serviço ao rei Artarxexes (Ne 4.2)”.
Tobias, o servo amonita.
“Provavelmente um oficial do governo persa”... “era. altamente favorecido pelo
sacerdote Eliasibe, que lhe concedeu uma sala para ocupar nas dependências do
Templo em Jerusalém”.3 Aqui, vemos como certos relacionamentos, no meio do povo
de Deus, podem prejudicar sua obra. Um opositor da edificação tinha apoio do
sacerdote do Templo.
Gesém, o arábio. “Seu nome figura
exclusivamente no livro de Neemias (2.19; 6.1,2,6). Era um árabe, inimigo dos
judeus que voltaram do cativeiro babilônico para a Terra Santa. Opunha-se aos
desígnios do governo judaico, tomando-o como sedicioso e sujeitando-o ao
ridículo. Por essa razão, foique Gesém participou ativamente do conluio de
Tobias contra a segurança de Neemias”.
Eles usaram a tática da
intimidação, insinuando que Neemias estaria à frente de uma rebelião contra o
rei. Essa mesma tática já fora usada pelos inimigos contra o sacerdote Esdras,
que antecedera Neemias quando da reconstrução do Templo. A edificação foi
perturbada pelo “povo da terra” (Ed 4.4,5); escreveram cartas ao rei, acusando
os judeus de estarem se revoltando contra o reino (Ed 4.7 e ss.).
E a obra da construção do templo
foi paralisada (Ed 4.24). Certamente, em muitas ocasiões, a obra do Senhor é
perturbada e até prejudicada a ponto de não poder prosseguir. Dirá alguém:
“Deus não é onipotente? Como não impede a ação dos inimigos?”. De fato, Deus
tudo pode fazer, mas segundo seus propósitos. Nem Ele sempre quer realizar tudo
o que pode. Se os inimigos prosperam é por sua permissão.
Não é dificil encontrar nos dias
atuais esses “Sambalates, Tobias e Geséns” no meio das igrejas locais. São
pessoas insatisfeitas com a liderança, com os pastores, dirigentes de
congregação ou de departamentos. Elas têm ambições ministeriais, desejo de
poder e de liderança. Muitos querem consagrações antes do tempo, e por isso se
deixam levar pela carne na busca de posições. E se unem, reunindo pessoas ou
grupos para fazerem oposição aos líderes, contudo frequentemente não prosperam.
Mas há casos em que fazem grandes estragos, causando inquietação, dissensão e
até divisões. Não é raro saírem dessa ou daquela igreja local levando os seus
simpatizanteS, e fundam outras igrejas’ou ministérios. Infeliz é a igreja local
que é fundada sobre o espírito de dissensão, de soberba e rebeldia.
Resposta
aos inimigos.
Neemias estava consciente de que a ação intimidativa dos adversários já tivera
êxito no tempo de Esdras. Entretanto, estava certo de que Deus ouvira suas
orações e as orações dos que amavam Jerusalém (Sl 122) e desejavam a sua
reconstrução. A sua resposta foi incisiva, clara e objetiva, demonstrando que
não estava ali para se deixar levar pela intimidação dos adversários. Vejamos a
resposta do líder da restauração de Jerusalém: “Então, lhes respondi e disse: O
Deus dos céus é o que nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos levantaremos
e edificaremos; mas vós não tendes parte, nem justiça, nem memória em
Jerusalém” (Ne 2.20). Que exemplo de confiança em Deus! Neemias, em sua
resposta, revelou fé, mas também demonstrou ser homem equilibrado e possuidor
de grande senso de humildade. Ele não disse aos adversários que usaria sua
capacidade administrativa ou técnica para vencê-los.
Ele usou a fé em primeiro lugar
ao dizer: “O Deus dos céus é o que nos fará prosperar”. O verdadeiro líder
cristão, antes de confiar em si, em sua competência ministerial, confia em
Deus. Ele deu a primazia ao “Deus dos céus”. A Palavra de Deus nos declara:
“Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio
entendimento” (Pv 3.5). Muitos ministérios, de fama nacional, e até
internacional têm sido destruidos por causa do orgulho de seus lideres. Em vez
de darem glória e honra ao “Deus dos céus”, buscam as honrarias para si e para
suas igrejas. Isso é caminho certo para o desastre. Pois o Senhor diz: “...
Portanto, diz: Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes” (Tg
4.6).
Contudo, Neemias não ficou apenas
no âmbito da fé teórica ou subjetiva. Demonstrou sua disposição em agir e
trabalhar. Fé sem ação é fé morta (Tg 2.17). É a fé dos orientais,
contemplativa, sem ação, na “meditação transcendental”. Não é a fé que agrada a
Deus. Neemias, além de reconhecer o poder de Deus para lhe fazer prosperar,
disse: “e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos”. Ou seja, Neemias
tinha consciência de que Deus faria a sua parte, aquilo que ele e seus
cooperadores não poderiam fazer. Entretanto, deveriam fazer a sua parte, isto
é, teriam que colocar as “mãos à obra”. Precisariam se levantar da oração e
entrar em ação, a fim de executar a edificação dos muros que estavam em ruínas.
A resposta de Neemias aos
inimigos não ficou pela metade. Além de mostrar sua fé em seu Deus, e sua
disposição firme de trabalhar, fez com que seus adversários os reconhecesse
como dignos de participar da grande empreitada na reconstrução da Cidade Santa.
Foi firme e incisivo contra os
inimigos da obra: “mas vós não tendes parte, nem justiça, nem memória em
Jerusalém”. Ele sabia que não se deixando intimidar estaria incitando ainda
mais ira e oposição contra si. Mas era homem de fé e de coragem. O líder, homem
de Deus, não pode ser pusilânime. Diz a Bíblia: “Se te mostrares frouxo no dia
da angústia, a tua força será pequena” (Pv 24.10).
Não é fácil ser líder, e muito
menos em tempo de crise. Não é fácil realizar a obra do Senhor quando na igreja
local levantam-se homens com o espírito de Sambalate, Tobias ou Gesém, ou
quando existem os Himeneus e Alexandre latoeiros. No entanto, quando o homem de
Deus está no centro de sua vontade, Deus está ao seu lado e diz: “Não temas
porque eu sou contigo... Eis que envergonhados e confundidos serão todos os que
se irritaram contra ti; tornar-se-ão nada; e os que contenderem contigo
perecerão. Buscá-los-áS, mas não os acharás; e os que pelejarem contigo
tornar-se-ão nada, e como coisa que não é nada, os que guerrearem contigo.
Porque eu, o Senhor, teu Deus, te tomo pela tua mão direita e te digo: não
temas, que eu te ajudo” (Is 41.10-13).
> Nesses dias estive com pessoas
que e conversando percebi que muitas delas estavam passando por um
acontecimento em comum “Crise”
>
Crise (do
grego krisis; em português, distinção, decisão, sentença, juízo, separação).
Segundo os gregos essa palavra tem como significado o estado das situações e
ações quando em mudanças, sendo essas para melhores ou piores, ou seja, estar
em crise é quando as coisas estão mudando, de forma que não mudaram ainda, mas
Também não estão como antes e com o passar da crise se saberá se mudou para
melhor ou mudou para pior.
> Portanto, toda crise é um
momento de perigo sim, mas também de oportunidade. Tudo depende da maneira como
reagimos ao problema.
> Neemias tomou conhecimento do
grande momento de crise que o seu povo estava atravessando. O que fazer? Ceder
ao perigo ou aproveitar a oportunidade?
Transição
> Toda grande crise traz consigo
grandes oportunidades.
> O texto nos mostra as
oportunidades que Neemias encontrou em meio à crise que o seu povo estava
atravessando.
A crise é
uma oportunidade de nos humilharmos, jejuarmos e orarmos – Ne 1.4
> Toda a solução para qualquer
tipo de crise começa por aqui!
> Deus até mesmo permite crises
para que nos humilhemos, pois caso contrário ficaríamos orgulhosos!
A crise é
uma oportunidade de se dispor como solução para o problema – Ne 2.5,6
> É uma oportunidade de fazer
alguma coisa, de se envolver, de se comprometer, de se doar.
> Neemias poderia apenas ter
lamentado, murmurado contra os que levaram Jerusalém àquela situação e seguido
o seu caminho. Todavia, ele se colocou como uma opção de solução para o
problema.
A crise é
uma oportunidade para nos unirmos em torno de um mesmo objetivo – Ne 2.17,18
> Não é momento de nos separarmos,
de ficarmos expondo nossas diferenças, mas sim momento de união, de nos
ajuntarmos, de nos organizarmos para um mesmo ideal.
> No momento de crise, sempre se
levanta uma liderança (alguém com iniciativa) para levar as pessoas à mudança,
mas todos devem animar uns aos outros!
A crise é
uma oportunidade para aprendermos a lidar com a oposição – Ne 2.19,20
> Se não aprendermos a lidar com a
oposição jamais chegaremos a lugar nenhum, pois em todos os momentos da vida,
com maior ou menor intensidade teremos de enfrentar oposições, principalmente
quando estamos envolvidos na obra de Deus, pois sabemos que o nosso adversário
não está interessado em que ela vá adiante!
> Só poderemos aprender a lidar
com a oposição quando estivermos passando por ela. Assim com aprender a andar
de bicicleta e a nadar, aprender a lidar com a oposição não se aprende por
curso por correspondência. Aprende-se na prática!
> Ver também Ler Ne 2.10; 4.7-9,
21-23; 6.2-4, 8, 12.
A crise é
uma oportunidade de reconstruir o que precisa ser reconstruído – Ne 3.1-32
> Neste capítulo vemos alguns
princípios a serem seguidos em momentos de crise e no processo de reconstrução:
> Coordenação: Cada
pessoa sabia onde devia estar, qual era a sua responsabilidade e o que se
esperava dela.
> Cooperação: Homens
de lugares diferentes e de diferentes ocupações trabalharam juntos no muro:
sacerdotes (v. 1), ourives e perfumistas (v. 8), regentes dos dois distritos
(v. 9, 12) um deles auxiliado por suas filhas. Ver ainda versos 20, 31, 32.
> Vale destacar que Neemias não conseguiu sucesso total (v. 5). Todavia, ele não permitiu que
isso diminuísse seu otimismo. Trabalhou com os que estavam dispostos a
trabalhar e conseguiu realizar o que muitos consideram impossível!
> Aprovação: Neemias
se interessou pessoalmente por cada pessoa que trabalhava; conhecia seus nomes,
sabia o que estavam fazendo, tratou-os como pessoas e não como objetos, como um
meio para se chegar a um fim! O que precisa ser reconstruído em sua vida?
AS MARCAS DE UM VERDADEIRO LÍDER (11.2-15)
1.
O compromisso de Paulo diante da igreja e de Deus (vv.2-4). Paulo deixa
claro que recebeu do próprio Deus sua autoridade apostólica, a fim de edificar,
e não dominar, a Igreja de Cristo. Entretanto, os coríntios, influenciados
pelos falsos apóstolos, que agiam na ausência de Paulo, demonstravam
superficialidade no conhecimento das coisas espirituais (v.4). O fato
decepcionou o apóstolo, pois ele tinha por objetivo prepará-los para apresentá-los
“como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo” (v.2).
2. Paulo
se interessa, antes de tudo, pelo bem-estar espiritual da igreja (vv.5-15). A postura de Paulo de não
depender financeiramente da igreja de Corinto, foi utilizada injustamente pelos
falsos apóstolos para acusá-lo de não ser ele um apóstolo verdadeiro (vv.5-11).
Por sua vez, Paulo afirma que os irmãos da Macedônia (e outras igrejas)
haviam-no socorrido em suas necessidades (vv.8,9). O apóstolo dos gentios assim
procedeu, a fim de não dar ainda mais ocasião para os seus oponentes o acusarem
(v.12).
Naturalmente,
é responsabilidade das igrejas sustentar seus pastores. Aquelas congregações,
contudo, ainda não tinham condições de assumir tal responsabilidade. Nos
versículos 13 e 15, Paulo fica tão irritado com os falsos apóstolos que, para
desmascarar-lhes a dissimulação, utilizou a figura de Satanás que, conforme
reafirma, disfarça-se até de anjo de luz. É o que faziam os falsos apóstolos.
3. Paulo
colocou o ato de servir acima dos interesses pessoais (vv.16-33). Paulo expõe, agora, todos os
seus sofrimentos físicos e emocionais por amor a Cristo: fome, sede, nudez,
açoites, prisões, naufrágios, ameaças e perigos incontáveis. Ele não somente se
identificava com aqueles a quem servia, como também por estes interessava-se, a
fim de que fossem beneficiados com o Evangelho. Seu amor pelas igrejas de
Cristo dava-lhe forças para seguir em sua missão apostólica (v.28). Era um
homem de Deus que se identificava com o rebanho de Cristo em todas as situações
(v.29).
PAULO, UM LÍDER SEGUNDO A VONTADE DE DEUS
Indiscutivelmente,
Paulo foi um líder que demonstrou ampla competência para o exercício do seu
ministério. Cada igreja, estabelecida por ele, tinha características próprias e
exigia dele habilidades específicas, a fim de lidar com situações bastante
particulares.
Foi o que
o apóstolo demonstrou no trato com os coríntios. Servindo-os humildemente, como
fez o Senhor Jesus durante o seu ministério terreno, e externando-lhes um amor
que só o verdadeiro líder chamado por Deus possui, demonstrou-lhes ser,
realmente, um apóstolo chamado por Cristo Jesus, a fim de levar o Evangelho aos
gentios até aos confins da terra.
Paulo
aprendera com Jesus: o servir é uma das características mais marcantes de um
obreiro. O servir, aliás, é o verdadeiro padrão de liderança neotestamentária.
É hora de nos apresentarmos como leais servidores a serviço do Rei. Quem não
está pronto a servir jamais estará apto para o Reino de Deus.
NEEMIAS O LÍDER DESTEMIDO
OS PASSOS DE NEEMIAS
NO CAMINHO DA LIDERANÇA
1.
A elevada posição de Neemias diante do Rei. Antes de Neemias chegar a
Jerusalém, convém observar que ele recebera de Deus sabedoria para construir a
sua plataforma sustentada pelos pilares da lealdade e da firmeza de caráter.
2.
Neemias toma conhecimento da situação na Palestina e vai a Jerusalém. Ao receber as
informações trazidas por seu irmão Hanani, acerca do deprimente estado da
cidade eleita, o desalento tomou conta de Neemias.
3.
Neemias assume a liderança da reconstrução dos muros da cidade. Após dirigir-se
aos governadores da região dalém do Eufrates, para apresentar-lhes as suas
credenciais, Neemias chegou a Jerusalém e começou a fazer o levantamento real
da situação da cidade.
A LIDERANÇA DE
NEEMIAS É QUESTIONADA
1.
O questionamento de Sambalate e seus companheiros. Com a
reedificação de Jerusalém, Samba- lá, governador da província de Samaria, via
ruir por terra toda a estrutura comercial de sua cidade. Os judeus passariam,
agora, a ocupar o centro das atenções, com Neemias na liderança, e ele ficaria
no obscurantismo.
2.
A reação equilibrada e coerente de Neemias. Há um provérbio popular que
afirma: “Toda ação provoca uma reação.” Todavia, no que tange à liderança
cristã, quando ocorrem fatos semelhantes aos que foram acima descritos, não
pode haver nenhuma atividade de comprometimento, de indiferença ou de covardia.
Observemos que Neemias não aceitou nenhuma das provocações contra ele
levantadas, mas também não se deixou levar por nenhuma delas.
IV. OS EFEITOS
DA LIDERANÇA DE NEEMIAS
1.
Os efeitos civis.
O povo passou a ter um sistema de governo constituído em bases sólidas, não
obstante estar ainda sob o domínio do Império Medo-Persa.
O casamento misto não foi mais tolerado
(Ne 13.23-28) e, com isso, preservou-se a cultura judaica, o que contribuiu
para o aprofundamento das raízes históricas do povo.
2.
Os efeitos morais.
Durante o breve espaço de tempo em que Neemias esteve na Corte, em Susã, Tobias
investiu com seu espírito malicioso e conseguiu entronizar-se numa das câmaras
do templo. Todavia, com o retorno do líder, o intruso foi expulso (Ne 13.4-9) e
o exemplo serviu para soerguer a vida moral dos judeus, já que outras medidas
saneadoras foram também tomadas.
3.
Os efeitos espirituais. Todavia, os efeitos mais profundos se verificaram
na vida espiritual, isto porque a reforma religiosa tão pretendida por Esdras,
alcançou o seu ápice sob a liderança de Neemias. O povo foi chamado ao
arrependimento, as festas previstas no Pentateuco foram restauradas e um novo
sopro do Espírito veio sobre aqueles corações endurecidos.
CONCLUSÃO
Um dos
principais motivos pelos quais havia crise entre os judeus foi removido! Os
muros foram reconstruídos! Ver Ne 6.15,16 -- Que exemplo nos deixou o apóstolo
Paulo! Sua liderança não foi estabelecida por homem algum, mas por Deus.
Portanto, ele sabia que no Reino de Deus só há uma alternativa para aqueles que
amam a Cristo e a sua Igreja: servir, servir e servir. Não foi exatamente isso
que fez o Senhor durante o seu ministério terreno? Por que agiríamos de forma
diferente?
Elaboração
pelo:-
Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de
Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRAFIA
Lições bíblicas CPAD 1984
boladenevegoiania.com.br
Livro de Neemias – Integridade e
Coragem em Tempo de Crise – Elinaldo Renovato
(HORTON,
S. M. I & II Coríntios: Os
Problemas da Igreja e suas Soluções. RJ: CPAD, 2003, pp.240-41)
(GETZ, G.
A. Pastores e Líderes: O Plano
de Deus Para a Liderança da Igreja. RJ: CPAD, 2004, pp.105-6)