quinta-feira, 21 de março de 2013

ELISEU E A ESCOLA DE PROFETAS




ELISEU E A ESCOLA DOS PROFETAS
Texto Áureo: II Tm. 2.1,2 – Leitura Bíblica: II Rs. 6.1-7

Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD

INTRODUÇÃO
O ensino sempre teve papel primordial na cultura judaico-cristã, a palavra de Deus sempre ocupou lugar primordial na instrução, desde a infância. Por isso, na aula de hoje, trataremos a respeito desse importante ministério eclesiástico. Mostraremos, a princípio, a relevância da Escola dos Profetas nos tempos de Eliseu. Em seguida, apontaremos os fundamentos bíblicos para o ensino da igreja. Ao final, destacaremos a necessidade do ensino sistematizado da Bíblia na Igreja local.

1. A ESCOLA DOS PROFETAS
A escola dos profetas, ao que tudo indica, teria sido o primeiro seminário teológico dos tempos bíblicos. Essa escola teria sido organizada por Samuel, que acumulou o ministério de profeta, sacerdote e Juiz (I Sm. 10.5; 19.20). Elias e Eliseu foram os responsáveis pela consolidação da escola dos profetas, a contribuição deles fez com que essa escola funcionasse como resistência à apostasia que havia se estabelecido no reino do norte (II Rs. 2.3; 4.38; 6.1). A escola dos profetas estava fundamentada no ensinamento bíblico, por isso, as instruções eram tanto morais quanto espirituais. Não era uma escola apenas para dotar os alunos com conhecimento, mas, sobretudo, para que esses tivessem uma profunda experiência com Deus. Os profetas não aprendiam apenas conteúdo bíblico, eles também eram inseridos no sobrenatural, nos milagres de Deus. A escola dos profetas foi estabelecida em Ramá, e provavelmente, em Gibeá (I Sm. 19.20; 10.5,10).  Centros de estudos também estavam espalhados em Gilgal, Betel e Jericó (II Rs. 4.38; 2.3,5,7,15; 4.1;  9.1). Cerca de cem estudantes faziam parte da escola dos profetas comandada por Eliseu em Gilgal (II Rs. 4.38,42,43). Quando Elias e Eliseu foram ao rio Jordão encontrava-se com eles cinquenta estudantes da escola dos profetas (II Rs. 2.7,16,17). O estilo de vida deles era em comunidade, em uma casa comum, na companhia dos profetas (II Rs. 6.1). Alguns deles eram casados e tinham filhos (II Rs. 4.1) e acompanhavam os homens de Deus, por isso eram chamados de filhos dos profetas. A escola dos profetas dava também aos estudantes uma formação musical, a fim de que pudessem oferecer ao Senhor música de qualidade para a adoração a Deus (I Sm. 10.5).

2. FUNDAMENTOS CRISTÃOS PARA O ENSINO NA IGREJA
O ensino bíblico-teológico sempre teve relevância na igreja cristã, não podemos esquecer que a Grande Comissão destacava a necessidade de fazer discípulos, e de ensiná-los a Palavra de Deus (Mt. 28.20). Os próprios mestres, aqueles que ensinam na igreja, são dádivas de Deus, e portanto, devem ser considerados como ministros do Senhor (Ef. 4.11). A ausência de ensinamentos bíblicos bem fundamentados é danosa para a igreja, já que possibilita a entrada de falsos mestres, e a manifestação da apostasia (Hb. 6.1). Por isso Paulo orienta o jovem pastor Timóteo para que esse invista no ensino, que escolha mestres para ensinaram e repassarem a mensagem às novas gerações (II Tm. 2.2). Tais pessoas devem se esmerar no ministério do ensino, ou seja, a ele se dedicarem (Rm. 12.7). Elas devem ensinar não apenas com palavras, mas também com o exemplo (At. 12.25). Paulo é um modelo de mestre na Palavra, um homem que não se esquivou de ensinar os decretos de Deus (At. 20.20). Não por ocaso conclamava seus ouvintes e leitores a serem seus imitadores (I Co. 4.15; 11.1; Fp. 3.17). Mas o maior Ensinador foi o próprio Jesus, reconhecido como Mestre da parte de Deus (Jo. 3.2). Aqueles que O ouviam ficavam pasmos diante dos seus ensinamentos, com a autoridade com a qual falava (Mt. 7.28,29). As pessoas se dirigiam a Ele com o título de Rabi, mestre (Mt. 26.15,49; Mc. 9.5; 11.21; Jo. 1.38,49; 4.31; 9.2; 11.8). Jesus mesmo se reconhecia como tal (Mt. 23.8; Jo. 13.13). Seu ensino era eficaz, por isso muitos se maravilhavam (Jo. 7.46), também dos seus feitos, associados ao ensino (At. 1.1,2). Seus ensinamentos partiam de temas simples do cotidiano, recorria com frequências às parábolas (Mt. 22.1); indagações (Mt. 22.46), discursos (Mt. 5-7), citações (Mt. 5.18; 22.41-45; Lc. 24.27)  e símbolos (Jo. 13.4-7; Mc. 6.11). Os temas tratados por Jesus em seus ensinamentos eram: Deus (Mt. 22.34-40); Ele mesmo (Jo. 8.42; 8.58; 16.28); o Espírito Santo (Jo. 3.5; 7.38,39; Mt. 12.27,28; 14.16,17); as Escrituras (Mt. 5.18; Mc. 2.1,2; Mt. 7.13; Jo. 17.17); a vida cristã (Jo. 5.24; 6.35; 8.12; 14.6; 11.25; 17.17; Mc. 12.30,31); o Reino de Deus (Lc. 17.17; Mt. 6.10; 4.23); a igreja (Mt. 16.18);  e a escatologia (Mt. 12.30,31; Jo. 10.28).

3. A IMPORTANCIA DO ENSINO SISTEMÁTICO DA BÍBLIA
A igreja cristã não pode fugar da responsabilidade do ensinamento sistemático da Bíblia. Ciente da importância desse ministério, muitas igrejas fundaram universidades e investiram maciçamente na educação. Nesses últimos anos a igreja se distanciou dessa tarefa, e o secularismo ganhou espaço. O ideal seria que as igrejas evangélicas tivessem suas escolas confessionais, a fim de instruírem as crianças, desde cedo, na palavra de Deus, sem desconsiderar a formação enciclopédica, com vistas à formação profissional. Por menor que seja uma igreja local, ela é a principal responsável pela instrução dos seus fiéis na palavra de Deus. Os cultos de instrução (ou doutrina) devem ser valorizados, os pastores precisam separar tempo necessário para a exposição da Palavra de Deus. As escolas dominicais merecem maior atenção, atentado inclusive para seus espaços físicos. O estudo teológico, outrora tratado com preconceito, deve ser estimulado, pois sem uma formação ortodoxa as pessoas tenderão ao liberalismo. A esse respeito, é preciso reconhecer que não existe apenas um liberalismo racionalista – que nega a revelação em prol da razão, mas também o sentimentalista - que nega a revelação em favor da emoção. O movimento pentecostal, desde o princípio, orientou sua liderança para que obtivesse formação bíblica. Os cursos teológicos eram poucos, tendo em vista o contexto distinto, mas havia escolas bíblicas para obreiros e escolas dominicais. Esperava-se pelo menos que os obreiros tivessem o conhecimento das principais doutrinas da Bíblia. Nesses últimos anos, em virtude da descaracterização do movimento evangélico no Brasil, percebemos a necessidade premente de obreiros com fundamentação bíblica. As escolas bíblicas dominicais, os cultos de instrução e estudos bíblicos precisam ser revitalizados nas igrejas locais. Caso contrário, estaremos fadando as gerações futuras à mediocridade, a falta de fundamentos sólidos, a heterodoxia bíblica, que cedo ou tarde os distanciaram do evangelho.

CONCLUSÃO
A criação da escola dos profetas por Samuel, e o estabelecimento dela através de Elias e Eliseu, deve servir de motivação para investimos no ensinamento bíblico-teológico em nossas igrejas. Para tanto, devemos não apenas repassar conteúdos, mas, sobretudo, oportunizar momentos espirituais, nos quais os nossos alunos possam ter uma experiência profunda com o Senhor. Uma igreja que não investe no ensino não está cumprindo a Grande Comissão, que a de fazer discípulos, e instruí-los na Verdade, que é o próprio Cristo.

BIBLIOGRAFIA
DILLARD, R. B. Faith in the face of apostasy: the gospel according to Elijah and Elisha. New Jersey: P&R, 1999.
RUSSEL, D. Men of courage: a study of Elijah and Elisha. Oxford: Christian Focus, 2011.

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