quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

DAVI E O PREÇO DA NEGLIGÊNCIA NA FAMÍLIA



DAVI E O PREÇO DA NEGLIGÊNCIA NA FAMILIA
TEXTO ÁUREO - “Cria em mim, 6 Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto” (SI 51,10).
VERDADE PRÁTICA - A infidelidade conjugal sempre traz terríveis conseqüências espirituais, morais e sociais àqueles que a praticam.
LEITURA BIBLICA – 2 Sm 12; 5 – 13
INTRODUÇÃO
Davi foi um exemplo de heroísmo, tanto pela sua bravura, como pela sua fé e confiança em Deus. O Senhor testificou dele, ao dizer. “Achei a Davi ,meu servo; com o meu santo óleo o ungi” (SI 89.20). Entretanto, este homem não foi fiel; deixou-se levar pelo sentimento e pela paixão do coração, sendo derrotado pela intemperança, que trouxe grandes prejuízos, não somente a ele,mas a todo Israel. O descuido e a falta de oração e vigilância, com o trabalho do Senhor, têm levado muitos crentes, fiéis servos de Deus, à derrota. Nesta lição, estudaremos, antes de tudo,como confiar no Senhor e não em nossas forças, ou em nossa posição social, política e eclesiástica. Devemos pôr a nossa confiança no Senhor, para não sermos derrotados, como Davi, rei de Israel.
1. O Sacerdócio no Lar
A Bíblia ensina que Jesus Cristo nos comprou com seu sangue para fazer de nós reis e sacerdotes (Ap 5.9,10), o que nos faz compreender a visão do sacerdócio universal do crente. Diferente da idéia pintada pela igreja há séculos, não temos duas categorias distintas na Igreja: o clero e os leigos. Todos são sacerdotes e deveriam funcionar como tal. A Bíblia distingue posições de governo dentro da Igreja Local, mas não limita o sacerdócio a uns poucos cristãos. Todo crente deve ‘funcionar’ em seu lugar no Corpo de Cristo, e todos têm a responsabilidade de ministrar ao Senhor, bem como aos homens, em nome d’Ele.

Esta visão tem sido resgatada em nossos dias, e somos gratos a Deus por isso. Contudo, mesmo para aqueles cujo coração já se encontra aberto a esta verdade, ainda vemos muitos com uma dificuldade: a de não enxergarem o sacerdócio do lar como algo fundamental.

2. O sacerdócio começa no lar

Antes de ser sacerdote na igreja, o homem tem que ser sacerdote na sua própria casa: É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher [...] e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como governará a Igreja de Deus? (1Tm 3:2a, 4-5.)

Não é porque vai governar a igreja que o bispo tem que ter um bom lar, mas justamente o contrário. O homem tem que ser o pastor do seu lar; isto é requisito não só para quem ingressa no ministério de tempo integral, mas é um exemplo de vida cristã. E se a pessoa não cumpre um requisito básico da vida cristã, então não tem autoridade para ser um ministro à frente da Igreja.

Portanto, o mandamento de ser sacerdote no lar é para todo cristão. E isto envolve uma excelente conduta familiar, que depois será cobrada do líder como exemplo para o restante do rebanho: Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísse presbíteros, conforme te prescrevi: alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados. (Tt 1.5-6.)

O homem, além de ser fiel à sua esposa, deve conduzir seus filhos no caminho do Senhor e numa vida de santidade, o que exigirá dele não só conselhos casuais, mas todo um acompanhamento, investimento e ministração na vida espiritual de seus familiares. O posicionamento de um homem de Deus sempre deve envolver sua casa. Este foi o exemplo dado por Josué: Mas se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais, se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam dalém do Rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor. (Js 24.15.) O texto acima reflete a responsabilidade de Josué de não apenas buscar ao Senhor, mas servi-lo com toda a sua família. Quando se trata de família, não existe a história de “cada um por si”. Embora a responsabilidade de cada um diante de Deus seja individual, precisamos aprender a lutar por nossos familiares, especialmente aqueles que possuem a incumbência de exercer o sacerdócio do lar.

O plano de Deus não é apenas para o homem sozinho, mas para toda a sua família. Quando o Senhor decidiu julgar e destruir a humanidade nos dias de Noé, não proveu salvação para ele sozinho, mas para toda a sua família (Gn 6.18). Vemos também que Deus prometeu a Abraão que nele seriam abençoadas todas as famílias da Terra (Gn 12.3).

Ao tirar Ló de Sodoma, o anjo do Senhor fez com que ele saísse com toda a família (Gn 19.12). No Novo Testamento encontramos um anjo visitando Cornélio e dizendo que deveria chamar a Pedro, o qual te dirá palavras mediante as quais será salvo, tu e toda a tua casa (At 11.14). E além de todas estas porções bíblicas, encontramos a clássica declaração do apóstolo Paulo ao carcereiro de Filipos:Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu e toda a tua casa. (At 16.31.) Deus tem um plano para toda a família. Não quer dizer que porque um se converteu, todos irão converter-se por causa deste texto. Não creio que ele seja uma promessa a todo crente, mas sim que revele uma intenção de Deus quanto às famílias de uma forma geral. Vale lembrar que Paulo declarou isto ao carcereiro num momento em que este homem ia se matar.
Paulo não podia vê-lo, pois além de estar dentro de sua cela, a Bíblia diz que eles estavam no escuro. O apóstolo Paulo teve uma revelação do Espírito Santo para uma pessoa específica, num momento específico. Não posso dizer: “Ei, Deus! Você prometeu que se eu cresse iria salvar todo mundo lá em casa!”. Mas posso muito bem orar pelos meus familiares crendo que há um plano divino para a família. Cada familiar meu tem o direito de escolha, se dirão sim ou não a Jesus Cristo, é responsabilidade pessoal de cada um deles. Mas farei de tudo para convencê-los, ensiná-los, cobri-los de oração intercessória e tudo o mais que for possível. No caso deste carcereiro filipense, o Senhor mostrou de antemão toda a família salva. Mas para cada um de nós, mesmo se não diga de antemão o que irá acontecer, Deus já revelou seu plano em sua Palavra para toda a família. E o sacerdote do lar tem uma grande responsabilidade de afetar o destino dos seus entes queridos.

3. O cabeça é o responsável

Na condição de cabeça do lar, o homem é o responsável de quem Deus cobrará o exercício do sacerdócio. É óbvio que a mulher deve participar exercendo o sacerdócio juntamente com seu marido, mas a responsabilidade maior não está sobre os seus ombros. Muitos maridos se acomodam por ver sua esposa fazendo bem o seu papel, mas não deveriam agir assim. Por melhor que seja a ajuda da mulher, o homem tem que fazer a sua parte! No caso da mulher cujo marido não é convertido, entendemos que ela deve assumir a posição de sacerdotisa sobre os filhos, porém não sobre seu marido. Parece-nos ter sido exatamente o que aconteceu na casa de Timóteo, discípulo do apóstolo Paulo.

A Bíblia menciona apenas a mãe dele como sendo convertida: Chegou também a Derbe e a Listra. Havia ali um discípulo chamado Timóteo, filho de uma judia crente, mas de pai grego; dele davam bom testemunho os irmãos em Listra e Icônio. (At 16.1-2.)

E além da Bíblia não falar nada sobre o pai de Timóteo sendo convertido, ainda mostra que a cadeia de ensino e discipulado foi sendo transmitida por meio da avó e depois da mãe dele: Lembrado das tuas lágrimas, estou ansioso por ver-te, para que eu transborde de alegria pela recordação de tua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também, em ti. (2Tm 1.4-5.)

Portanto, na falta do homem como sacerdote, ou na incapacidade dele de exercê-lo por não ser convertido, por exemplo a mãe assume este papel, porém sempre em relação aos filhos, nunca em relação ao marido: E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade sobre o marido. (1Tm 2.12.)

Os pais cristãos devem entender a sua responsabilidade de suprir não só as necessidades materiais e emocionais de seus filhos, como também as espirituais. A Palavra de Deus declara que Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão (Sl 127.3).

Os filhos não nos pertencem, são propriedade de Deus. Ele apenas nos confiou seus cuidados, e um dia teremos que responder perante Ele por isso. Daremos conta da forma como criamos nossos filhos, e isto deve trazer temor ao nosso coração, especialmente no que diz respeito à formação espiritual deles. Não podemos brincar com esta questão! Deus está chamando os pais a assumirem um compromisso maior com Ele de ministrar a vida espiritual de seus filhos. É preciso ministrar-lhes o coração. Desde os dias da Velha Aliança o Senhor já esperava isto: Não te esqueças do dia em que estiveste perante o Senhor, teu Deus, em Horebe, quando o Senhor me disse: Reúne este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, a fim de que aprenda a temer-me todos os dias que na terra viver e as ensinará aos seus filhos. (Dt 4.10.)


No versículo anterior a este, Deus já havia dito: ...e as farás saber aos teus filhos e aos filhos de teus filhos (Dt 4.9), precisamos ministrar a Palavra de Deus aos nossos filhos! Nosso ensino – ou a falta dele – tem o poder de afetar o resto da vida deles; foi Deus mesmo quem declarou isto: Ensina a criança no caminho em que deve andar, a ainda quando for velho, não se desviará dele. (Pv 22.6.) Não se trata apenas de dar uma boa educação, mas sim a verdadeira educação. Ensinar-lhes a andar nas veredas da justiça, nos caminhos bíblicos. Isto também é um mandamento claro e expresso da Nova Aliança: E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e admoestação do Senhor. (Ef 6.4.)

4. Cobertura de oração

Também vemos na Bíblia que o sacerdote do lar deve cobrir os seus com oração. A Palavra de Deus nos mostra que Isaque orava a Deus para que abrisse a madre de Rebeca, sua mulher. E Deus ouviu suas orações (Gn 25.21). As Escrituras ainda nos falam acerca de Jó, que periodicamente chamava seus filhos para um culto e sacrificava ao Senhor em favor deles, com medo de terem pecado contra Deus (Jó 1.5). O homem e mulher de Deus precisam ter um coração e uma vida de oração voltados para cobrir e proteger a sua família. Vemos este exemplo na vida de Esdras: Então, apregoei ali um jejum junto ao Rio Aava, para nos humilharmos perante o nosso Deus, para lhe pedirmos jornada feliz para nós, para nossos filhos, e para tudo o que era nosso. (Ed 8.21.)

Em 1Sm 30 lemos acerca de Davi e seus homens saindo para a batalha e deixando suas mulheres e crianças desprotegidas em Ziclague. Enquanto eles estavam fora, os amalequitas incendiaram a cidade e levaram suas mulheres e filhos em cativeiro. Três dias depois, eles chegaram e se desesperaram pelo ocorrido. Finalmente, se fortaleceram no Senhor e foram atrás dos seus, conseguindo resgatá-los. Aprendemos duas lições aqui. Primeiro que precisamos proteger os nossos familiares, cobrindo-os em oração e não permanecendo distantes deles. Segundo, que algumas vezes nos tornamos descuidados, e o inimigo pode se aproveitar de nosso descuido. Mas também aprendemos que Deus é fiel, e mesmo quando falhamos, sua misericórdia nos ajuda a consertar naquilo em que erramos.

O Sacerdócio envolve proteção. Deus nos mostrou isto em sua Palavra desde o início, com o que ordenou a Adão, no Jardim do Éden: Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e guardar. (Gn 2.15.) Note que além de cultivar o jardim, o homem deveria também guardá-lo, protegê-lo. Mas guardar de quem, se nem mesmo Eva ainda havia sido criada? Penso que Deus já estava indicando a Adão que Satanás, o inimigo de nossas almas, tentaria destruir o que o Senhor estava colocando nas mãos do homem.

Se Adão tivesse protegido a Eva, em vigilância, bem como ministrando-a sobre a importância da obediência ao Senhor, provavelmente aquilo não teria acontecido. Também nós precisamos guardar e proteger nossas famílias, e isto envolve oração e vigilância, bem como a ministração da Palavra de Deus em nossos lares. Muita gente fala da forma maravilhosa como Deus visitou a casa de Cornélio (At 10) com salvação e enchimento do Espírito Santo. Mas isto não aconteceu de graça. Este homem orava continuamente a Deus. E onde há uma semeadura de oração, sempre haverá uma colheita da manifestação do poder de Deus! Se cobrirmos nossa casa de oração, veremos feitos grandiosos acontecendo em nosso favor, pois o Senhor SEMPRE age num ambiente de muitas orações.

5. Orando juntos

Penso que além de cobrir os familiares com oração, o sacerdote do lar deve proporcionar um ambiente de oração onde os seus não só recebam oração em seu favor, mas também aprendam a orar. Orar juntos, em família, como muitas vezes acontecia também com os irmãos da igreja em seu início: Passados aqueles dias, tendo-nos retirado, prosseguimos viagem, acompanhados por todos, cada um com sua mulher e filhos, até fora da cidade; ajoelhados na praia, oramos. (At 21.5.) Exercer o sacerdócio não é só declarar a Palavra de Deus dentro de casa, mas primeiramente vivê-la. Porém, além de se dispor para ministrar aos filhos, e também um ao outro, o casal cristão deve aprender a prática de orar juntos. Não quero dizer orar juntos o tempo todo, mas isto deve também acontecer em suas vidas.

Quando o casal ora junto, goza de princípios operando em seu favor que orando sozinho não se experimentaria. Ainda vos digo mais: Se dois de vós na terra concordarem acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles. (Mt 18.19-20.) Ao orar junto, o casal aumenta seu “poder de fogo” contra o inimigo, pois no reino de Deus, quando dois se unem, o efeito não é de soma, mas de multiplicação. É sinérgico! Moisés contou acerca deste princípio ao mencionar o que Deus fizera acerca do exército de Israel: Como poderia um só perseguir mil, e dois fazer fugir dez mil, se a sua rocha lhos não vendera, e o Senhor não lhos entregara? (Dt 32:30.)

A Bíblia mostra que deve haver sintonia natural e espiritual entre o casal. Desentendimentos vão roubar deles o poder de unidade nas orações, que por sua vez serão impedidas: Igualmente vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que não sejam impedidas as vossas orações. (IPe 3.7.) A “correria” é um dos maiores inimigos deste tempo de oração que o casal deve ter juntos. E cada um deve aprender a “driblar” suas dificuldades e conseguir praticar este princípio de alguma forma. Não deve haver vergonha ou críticas quanto à forma de cada um orar. A intimidade no que diz respeito à vida espiritual precisa ser desenvolvida da mesma forma que a física e emocional.

6. O culto doméstico

Exercer o sacerdócio no lar não requer um horário específico ou dia marcado, é atividade a ser exercida sempre, em diferentes situações. Mas a prática de um culto em família auxilia muito. Devemos desenvolver o hábito de cultuar a Deus em família, o que envolve o ir juntos à Casa do Senhor, como vemos acontecendo desde os dias do Velho Testamento: Todo o Judá estava em pé diante do Senhor, como também as suas crianças, as suas mulheres e os seus filhos. (2Cr 20.3.)

No mesmo dia, ofereceram grandes sacrifícios e se alegraram; pois Deus os alegrara com grande alegria; também as mulheres e os meninos se alegraram, de modo que o júbilo de Jerusalém se ouviu até de longe. (Ne 12.43.)

Elcana subia com toda a sua família para adorar ao Senhor (1Sm 1.1-5). Acredito que pais cristãos devem levar seus filhos à igreja. Mesmo que ela não seja perfeita (e não é, porque não existe igreja perfeita!), é melhor que eles cresçam num ambiente que exalta ao Senhor e sua Palavra do que num ambiente mundano que exalta o pecado e os prazeres da carne.

Lemos no Evangelho de Lucas que os pais de Jesus o levaram ao templo para consagrarem-no ao Senhor (Lc 2.22-24), depois há registros de que o fizeram por ocasião da Festa da Páscoa quando ele estava com 12 anos (Lc 2.41-43), mas a maior evidência de que Jesus cresceu exposto ao ensino da Lei na Sinagoga era o conhecimento que ele trazia (como homem) das Escrituras. Cultuar ao Senhor em família não envolve somente o ir à igreja, mas também pode abranger um culto familiar na própria casa. Foi exatamente isto que aconteceu na casa de Cornélio (At 10.33). A reunião familiar também não precisa acontecer apenas dentro de casa.
Além dos cultos na igreja, podemos nos reunir em algum outro lugar (e até mesmo com outras famílias) para buscar ao Senhor (At 21.5).
7. A negligência trará conseqüências

Quais as conseqüências de se negligenciar o sacerdócio no lar? Juízo divino para o sacerdote, além da evidente rebeldia dos filhos. A primeira palavra profética que Samuel proferiu foi contra alguém que ele certamente amava: o sacerdote Eli, que o criava no templo. E o que Deus disse envolvia a casa dele e sua negligência no sacerdócio familiar: Naquele dia, suscitarei contra Eli tudo quanto tenho falado com respeito à sua casa; começarei e o cumprirei. Porque já lhe disse que julgarei sua casa para sempre, pela iniqüidade que ele bem conhecia, porque seus filhos se fizeram execráveis, e ele não os repreendeu. (1Sm 3.13.)

O Senhor trouxe advertências anteriores, mas Eli não deu ouvidos. Deus está falando de negligência aqui. Diz que embora conhecesse bem o pecado dos filhos, Eli não os repreendeu. Toda omissão no sacerdócio do lar sempre trará conseqüências sérias.

Davi teve problemas com vários de seus filhos, e se você estudar com calma a história dele, perceberá o quanto ele era negligente em relação a seus filhos. Adonias, assim como Absalão, se exaltou, querendo usurpar o trono. Mas por trás desta atitude de rebelião, a Bíblia mostra a negligência de Davi como sacerdote em sua casa: Jamais seu pai o contrariou, dizendo: Por que procedes assim? (1Rs 1.6.) Se não quisermos sérios problemas futuros com os nossos filhos, e muito menos ver a qualidade do relacionamento deles com Deus sendo comprometida, então precisamos ser sacerdotes dedicados em ministrar e cobrir suas vidas.
8. O início dos problemas familiares de Davi
Foi depois de todas as vitórias no exterior, de acordo com 2 Samuel, que a família de Davi passou a ser um foco de problemas incluindo um estupro e um assassinato que quase custou a Davi sua coroa e comprometeu a sucessão de Salomão. Os problemas surgiram depois do nascimento de Salomão, filho de Davi e Bate-Seba, cujo adultério foi a principal causa do tumulto (2 Sm 12.10-14). Já foi sugerido que Salomão tinha vinte anos quando começou a reinar, de forma que deve ter nascido em cerca de 991. Depois desta data começaram os problemas familiares de Davi. Uma implicação de tudo isso é que, se a primeira metade do reinado de Davi foi caracterizada pela bênção e sucesso, a segunda foi marcada pelas dores de cabeça e derrota.
9. A violação de Tamar
A primeira evidência de que a espada não se apartaria da casa de Davi (2 Sm 12.10) foi, sem dúvida, a violação cometida por Aninom contra sua meia- irmã Tamar. Nascido de Ainoã, a jezreelita, Amnom era o filho mais velho de Davi (2 Sm 3.2). Visto que nascera em Hebrom, era um jovem de aproximadamente vinte anos quando forçou a irmã de Absalão e tirou-lhe a virgindade. Ela, aparentemente, nasceu em Jerusalém (1 Cr 3.4-9).
Portanto, era muitos anos mais nova que Amnom. Depois de satisfazer a cobiça, a paixão desmedida pela jovem tornou-se em desprezo, e Amnom recusou-se a tomá-la como esposa, conforme a lei exigia em tais circunstâncias. Humilhada, Tamar buscou refúgio e consolo em seu irmão mais velho, Absalão.
10. A vingança de Absalão
Absalão estava furioso e desejoso de vingança, mas percebeu que a situação precisava ser resolvida com incomum diplomacia. Não seria nada bom, certamente ponderou, levar o problema a Davi, pois seu pai já havia comprometido a própria integridade por ocasião do adultério com BateSeba e do assassinato de Urias e, portanto, não faria nada. Além disso, Amnom era o herdeiro do trono, um fator que o deixava imune a processo ou punições. Sendo assim, Absalão deixou a situação arrefecer até que pudesse divisar uma ocasião oportuna para vingar-se. Nessa época, o desejo de tomar o trono de Israel surgia em Absalão. Destruir a vida de Amnom não apenas vingaria a honra de sua irmã, mas também abriria um espaço para que ele sucedesse ao pai no trono.
Davi tomou conhecimento do crime de Amnom e, embora enraivecido, mostrou-se paralisado em tomar alguma atitude. Talvez tenha imaginado que seria hipocrisia punir o filho por um pecado semelhante ao seu. Em todo caso, Absalão por dois anos elaborou um plano que consistia em um convite a seu pai Davi para uma festa em Baal-Hazor (Tel ‘Asúr), que ficava entre Betel e Siló. Quando Davi disse não poder comparecer, Absalão insistiu para que enviasse o sucessor em seu lugar. Após Amnom se embriagar nas festividades, os assassinos contratados por Absalão o mataram. Depois, Absalão fugiu para seu avô Talmai, rei de Gesur, com quem encontrou apoio e proteção por três anos.
Já foi defendida aqui uma data próxima a 987 para a violação de Tamar, 985 para o assassinato de Amnom e 985-982 para o exílio de Absalão em Gesur. Quando Absalão voltou para Jerusalém, uma engenhosa estratégia de Joabe, permaneceu por mais dois anos (982-980) sem sequer ver o rosto de seu pai.
Foi durante esse tempo que o jovem e belo filho de Davi tornou-se pai de quatro filhos, incluindo uma filha a quem ele deu o nome de Tamar, começando assim a dar uma boa impressão ao povo de Israel. Por fim, Joabe conseguiu fazer com que Absalão e Davi se encontrassem, e houve reconciliação, pelo menos aparentemente. Porém, o espírito de rebelião já estava entranhado no coração de Absalão e, dentro de quatro anos, acenderia as chamas da revolução.
11. A INTEMPERANÇA LEVA O CRENTE A PECAR
l. Era tempo de sair (25m 11.1,2). Diz o texto que Davi “ficou em casa”; “se pôs a dormir à hora da tarde”;’“levantou-se do seu leito”. Antes ele dizia: “De madrugada te buscarei” (Sl 63.1),
Agora, quando devia orar, vigiar e procurar saber como estavam seus soldados no campo de batalha, foi “dormir” e, depois, ”passeai”no”terraço real de sua casa”. Enquanto “passeava”, viu uma mulher se banhando, e esta era formosa à vista (2 Sm 11 .2). Este passeio custou muito caro ao soberano de Israel. Levou-o à tentação, à cobiça da mulher do próximo e, por fim, ao adultério. Davi perdeu o autodomínio, que é a temperança. Deus disse a Caim: “Senão fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás” (Gn 4.7). A Palavra do Senhor tanto é proveitosa para nos advertir... como para nos corrigir (2 Tm 3.16). Atentemos para os ensinos das Escrituras e saibamos discernir as circunstâncias para fugirmos das tentações.
2. Um passeio fora de tempo(25m 11.2). O pecado da cobiça leva o homem ou a mulher a perder o domínio e a ficar sob o desejo da carne, O “passeio de Davi”, mesmo em seu palácio, levou-o à intemperança e à cobiça da mulher de Urias (2 Sm 11.2). Quando estamos na vontade de Deus, temos poder (At 5.32); quando perdemos a graça, a preguiça dá lugar à tentação. O pecado oferece prazer, mas traz aflição (Rm 2.9). Davi chegou a confessar: “Enquanto eu me calei, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia” ( Sl 32.3).
3. Uma pessoa pode levar outra a pecar (2 Sm 11.2-4). Bateseba, que fora tomar banho, não no lugar apropriado para esse fim, contribuiu para a queda de Davi. O exibicionismo nudista da mulher de Urias, ao tentar o servo do Senhor, levou-o a quebrar um dos maiores preceitos de Deus (Lv 18.20). O cristão deve ter cuidado com seu modo de vestir e de andar diante do sexo oposto. O (a) irmão(a) faz parte daqueles que vivem nos balneários, nas praias, onde se propaga o nudismo?
I2. A PARÁBOLA PROFERIDA POR NATA
Deus não faz acepção de pessoas, e não tem o culpado por inocente (Dt 10.17;- Na 1.3; - At 10.34). O homem mais santo é capaz de pecar, de transgredir. Nossos corações se não são iguais, são semelhantes. A medida em que andarmos em Espírito, venceremos as concupiscências da carne (Gl 5.16).
1. A tentação bate à porta (2 Sm 12.4). “Havia numa cidade dois homens; um rico e outro pobre”. Na casa do primeiro chegou um “viajante”. Este era a “tentação”, que bateu à porta de Davi. Tenhamos cuidado, meus irmãos, com este”viajor perigoso”,que bate em todas as portas: do rico, do pobre, do pastor, do presbítero, do diácono, do solteiro, do casado, do jovem e de todos os crentes, O “rico tinha muitíssimas ovelhas e vacas” (2 Sm 12.2), e o pobre nada possuía, senão uma cordeira que ele comprara e criara. Aquele tomou a ovelha deste, matou-a, preparou-a e banqueteou-se com o amigo.
2. Julgamento precipitado (2 Sm 12.5,6). O furor de Davi se acendeu contra aquele homem. Ele não notou que a mensagem era para si próprio; por isso condenou à morte o que tomara a única ovelha do pobre, dizendo:
“Digno de morte é o homem que fez isso” (2 Sm 12.5). Aquele que vive a pecar, não suporta as faltas. Presenciamos este fato dentro da igreja, onde alguns crentes em pecado estão sempre a acusar os outros.
3. O pecado endurece o coração (Pv 4.14-17). A transgressão desta lei levou o rei Salomão à queda. a manchar sua vida moral e espiritual, e perverter seu coração (Ne 13.26), fazendo-o esquecer a misericórdia de Deus.
Leia e anote as quatro dádivas de Deus concedidas a Davi:
l)”Eu te ungi rei sobre Israel;
2) Eu te livrei das mãos de Saul;
3)Eu te dei a casa de teu Senhor;
4) Eu te dei a casa de Israel e de Judá” (2 Sm 12.7,8).
“Tu feriste a Urias e a ele mataste com a espada dos filhos de Amom”(2 Sm 12.9).
Ninguém pode afirmar que a tentação vem de Deus (Tg 1.13,14). Às vezes, Ele consente,a título de provação, para convencer o homem de seus erros e trazê-lo para mais perto dele. Aconteceu assim com Davi, sendo necessário o envio de um profeta para levar-lhe uma mensagem de arrependimento.
I3. AS CONSEQUÊNCIAS DA INFIDELIDADE CONJUGAL
1. A infidelidade conjugal de Davi (2 Sm 12.10-12). Davi, depois de cometer o pecado de infidelidade conjugal, foi repreendido por Deus, e, através do profeta Natã, ouviu a sentença, por sua transgressão: “Não se apartará jamais a espada da Lua casa (família)...; o que fizeste em oculto, eu farei perante todo Israel e perante o sol”.
2. O pecado produz inquietação. Davi havia perdido toda a alegria, inclusive a da sua salvação (SI 51.12). No entanto, o Espírito Santo, embora triste (Ef 4.30), continuava ao seu lado ( Sl 51.11)0 pecado afasta o homem de Deus. Ninguém pode ter comunhão com o Senhor, sem que abandone o pecado.
Tem muita gente por aí conformada com essa situação. Davi clamou: “Não me lances fora”. Ele sabia que se não fosse perdoado, seria afastado de Deus, assim como Adão e Eva (Gn 3.23); Coré, Datã e Abirã (Nm 16.32,33); Acã, Minam e Arão (Js 7. 24,26; - Nm 12).
3. O perdão de Deus reabilita o homem (SI 32.1,2). Davi, ao confessar o seu pecado, recebeu o consolo através do profeta Natã: “Deus perdoou o teu
pecado”(2 Sm l2.13; - Sl32.5). O pecado perdoado pelo Senhor é totalmente esquecido por Ele (Mq 7.19). Perdão e gozo andam juntos. Este é fruto do Espírito Santo (Gl 5.22), e o possuir é mandamento do Espírito (Ef 4.4). Todos nós estamos sujeitos à queda, mas Deus é grandioso em perdoar os nossos pecados (Is 55.7), e jamais se lembra deles (Hb 8.12), pois os lança no “mar do esquecimento”.
Davi, apesar de perdoado, colheu o fruto de seu pecado:
1) morreu seu primeiro filho com a mulher de Urias (2 Sm 12.14-18);
2)sua filha, Tamar, desonrada por Amnom, também seu filho (2 Sm 13.12-14);
3) a revolta de Absalão (2 Sm 15.10-14) e o seu vergonhoso comportamento (2 Sm 16.20-23).
4. Confissão e perdão produzem gozo (2 Sm 12.13; - 1 Jo 1.9). A confissão é do homem, o perdão, de Deus.
Cada falta cometida deve ser confessada. A confissão deve ser: com palavras, não com gestos ou intenção (Rm 10.10); feita a Deus, que é perdoador, e a Jesus Cristo, nosso Sacerdote; e diante da igreja, a critério do pastor (Mt 18.15- 17).
Davi humilhou-se diante das palavras do profeta Natã. Após ouvir o que Deus mandara lhe dizer, arrependeu-se e recebeu o perdão. Ele pediu a purificação do seu pecado (SI 5 1.2): “Purifica-me com hissope”. Foi com este instrumento que levaram vinagre à boca de Jesus (Jo 19.29). Davi pediu que seu pecado fosse apagado. Isto mostra que a dor moral da nossa infidelidade não se “purifica” de qualquer forma.
“[...] Escolham hoje a quem irão servir [...]. Eu e a minha família serviremos ao Senhor” (Js 24.15). A Bíblia é a maior defensora da família: “Se alguém não cuida de seus parentes, e especialmente dos de sua própria família, negou a fé e é pior que um descrente” (1 Tm 5.8). Deus instituiu a família. Como projeto de Deus ela é a base da sociedade. Nos dias da igreja primitiva havia quem ensinasse contra o casamento (1 Tm 4.3). Em nossos dias isso tem se agravado. Existem movimentos intencionais contra a família.

Deus disse: “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne” (Gn 2.24). E mais: “Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém separe” (Mt 19.6). O casamento é mais que um contrato legal, é uma aliança feita diante de Deus. Na verdade, Deus é testemunha entre o homem e a mulher no casamento (Pv 2.17; Ml 2.14). “Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá” (Sl 127.3).

As palavras de Rute para sua sogra, ilustram o que cada casal deve pensar sobre a permanência do casamento: “Não insistas comigo que te deixe e que não mais te acompanhe. Aonde fores irei, onde ficares ficarei! O teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus! Onde morreres morrerei, e ali serei sepultada. Que o SENHOR me castigue com todo o rigor, se outra coisa que não a morte me separar de ti!” (Rt 1.16-17).

Estas palavras deixam claro que a família deve seguir junta sempre. Devemos descartar qualquer argumento sobre a possibilidade de termos nossa família separada, desintegrada. Mas não podemos esquecer jamais que ela deve ser construída cada dia, de forma proposital e consciente. Nenhuma família vive bem automaticamente. Deus instituiu a família para que ela seja uma unidade permanente na terra.
A destruição de um povo começa com a família. A expressão antiga deve ser sempre lembrada: a família é a célula-mãe da sociedade. Deus estabeleceu um padrão para a estrutura funcional da família. Se esse padrão for ignorado, a sociedade começa a sentir para pior, os efeitos diretos dessa mudança. Os que criticam os princípios bíblicos, dizem que o padrão familiar conforme a Bíblia orienta, já caducou. Aquela era uma visão primitiva de sociedade. Hoje, vivemos novos tempo de pós-modernidade onde tudo mudou e a evolução do pensamento humano já não permite a visão ultrapassada apresentada nas Escrituras Sagradas. É uma pena que os modernos formadores de opinião, alheios ao padrão de Deus, não apresentem algo melhor do que a Bíblia apresenta. Hoje vivemos uma total inversão de valores. Quero fazer menção de uma passagem bíblica que orienta cada membro da família sobre seu papel e conduta em casa. Refiro-me a Colossenses 3.18-21.
1. Mulheres submissas (v. 18). “Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como convém a quem está no Senhor”. A mulher deve ser submissa ao seu marido e tratá-lo com todo respeito (Ef 5.33). Ser submissa não é ser capacho, mas ter uma missão sob a missão do marido (sub-missão). Os ultra modernos são contra a liderança do marido.

2. Maridos que amam (v. 19). “Maridos, ame cada um a sua mulher e não a tratem com amargura”. O marido deve amar a sua esposa como Cristo amou a igreja (Ef 5.25). O marido não deve usar de grosseria com sua esposa. Ela deve ser tratada com honra. Quem não sabe tratar bem sua esposa, não sabe falar com Deus (1 Pe 3.7).

3. Filhos obedientes (v. 20). “Filhos, obedeçam a seus pais em tudo, pois isso agrada ao Senhor”. Aos filhos que honram seus pais Deus promete uma vida bem sucedida e longa (Ef 6.1-2). Os filhos devem reconhecer a autoridade de seus pais e obedecê-los em tudo que lhe dizem conforme a orientação da Palavra de Deus.

4. Pais coerentes (v. 21). “Pais, não irritem seus filhos, para que eles não desanimem”. Os pais devem ser justos com seus filhos. Não devem abusar da autoridade que têm sobre eles para darem vazão aos seus caprichos ou descontarem seus problemas neles. Os filhos não devem ser desanimados por seus pais.

Se Deus não for o construtor da família será inútil todo empenho nesse sentido. Deus compensa os que contam com ele (Sl 127.1-3). Deus criou a família e a Bíblia é o manual do fabricante para um lar abençoado. Não devemos abrir mão dos fundamentos antigos. Eles são o firme alicerce para a permanência da família.

16. COMO RESOLVER PROBLEMAS EM FAMILIA
Disse mais Davi a Abisai e a todos os seus servos: Eis que meu próprio filho procura tirar-me a vida, quanto mais ainda este benjamita? Deixai-o; que amaldiçoe, pois o Senhor lhe ordenou. Talvez o Senhor olhará para a minha aflição e o Senhor me pagará com bem a sua maldição deste dia. Prosseguiam, pois, o seu caminho, Davi e os seus homens; também Simei ia ao longo do monte, ao lado dele, caminhando e amaldiçoando, e atirava pedras e terra contra ele. (2 Samuel 16:11–13).
2 Samuel 15 a 18. Mais de sessenta capítulos da Bíblia são dedicados à história de Davi. Porque a Bíblia registra a vida de Davi com tantos detalhes, somos capazes de examinar seu desenvolvimento espiritual desde o tempo em que ele era um menino pastor até a sua velhice. Em seus últimos dias de vida, Davi foi auxiliado e enriquecido por algumas das lições espirituais que Deus lhe ensinou através dos anos. Não devemos nos desanimar ao saber que leva muitos anos para desenvolvermos a maturidade espiritual. Certa vez, um homem levou seu filho até James A. Garfield, diretor de uma conceituada escola. E perguntou-lhe quanto tempo levaria para o seu filho se formar. O diretor lhe disse: “pelo menos doze anos até o ensino médio”. “Você não pode fazer isto mais rápido?”, perguntou o homem.
“Claro”, respondeu Garfield. “O tempo que levar vai depender do que você quer. Leva só dez semanas para se cultivar uma abóbora, mas leva cem anos para um carvalho crescer”. A odisséia espiritual de Davi foi longa e difícil. Em seu conflito com Absalão, porém, ele mostrou que havia aprendido algumas lições importantes sobre espiritualidade. A profecia de Natã — “a espada não se apartará da tua casa” definiu o resto da vida de Davi (2 Samuel 12:10). Após pecar com Bate-Seba, Davi nunca mais teve paz como antes. Seu filho Absalão tornou-se seu maior inimigo.
Num ato de vingança, Absalão apresentou uma boa razão para sua atitude. Amom estuprara violentamente Tamar, irmã de Absalão, e depois a rejeitara cruelmente (2 Samuel 13:1–17). Absalão esperou dois anos e então mandou seus servos matarem Amom quando este estava embriagado (2 Samuel 13:18–28). Após a morte de Amom, Absalão fugiu exilando-se em Gesur por três anos. No final desse período, Davi permitiu que ele voltasse. Dois anos depois, Davi devolveu-lhe a posição de antes (2 Samuel 13:38; 14:28). No furor da juventude, Absalão não se contentou em esperar pela morte de Davi para se tornar rei.
Através de bajulação e conspiração, Absalão conquistou os corações do povo de Israel. Num momento oportuno, ele pediu que seus seguidores o ajudassem a usurpar o trono de Davi. Tendo iniciado uma revolução, Absalão persuadiu Aitofel, um dos conselheiros mais confiáveis de Davi, a unir-se a ele. Pronto para tomar o trono, Absalão fez soar a trombeta da rebelião e reuniu seu exército em Hebrom.
17. COMO RESOLVER PROBLEMAS EM 1 e 2 SAMUEL
Quando soube que Absalão estava vindo para a cidade, Davi e a maior parte da sua família evacuaram Jerusalém. Chorando e com os pés descalços, Davi atravessou o vale de Cedrom subindo a encosta do monte das Oliveiras. Zadoque e Abiatar, os sacerdotes, ofereceram-se para levar a arca da aliança e seguir Davi. Mas Davi mandou os dois de volta a Jerusalém como espias. Husai, arquita do rei, solidarizou-se com a tristeza de Davi e ofereceu-se para ir com ele.
Mas Davi o mandou de volta para dissuadir Aitofel. Ziba, mordomo de Mefibosete, mostrou-se leal somente a si mesmo. Ele encontrou Davi e mentiu acusando seu senhor, Mefibosete, de esperar em Jerusalém por Absalão. Num ato de precipitação, Davi deu a Ziba todas as propriedades de Mefibosete. Simei, um parente de Saul, amaldiçoou Davi e atirou pedras e terra nele. Davi, porém, conteve Abisai, um dos seus três homens valentes e não o deixou matar Simei pela sua difamação.
Em Jerusalém, Husai conseguiu frustrar o conselho de Aitofel e retardou os planos de Absalão de sair em perseguição a Davi. Quando os dois exércitos finalmente se encontraram, Absalão estava entre os mortos. Com o exército amotinado derrotado, Davi foi restaurado ao seu trono. Quando vemos Davi passando por essas tribulações, ficamos impressionados com sua grande força espiritual. Essa força permitiu que ele resistisse, superasse e vencesse essas dificuldades. Se conseguirmos ter semelhante força, poderemos partilhar do mesmo triunfo espiritual.
18. DAVI APRENDEU A IMPORTÂNCIA DA SUBMISSÃO À VONTADE DE DEUS
O momento em que Davi foi obrigado a sair de Jerusalém deve ter sido um dos mais deprimentes de sua vida. Aquele que antes havia matado “seus dez milhares” estava agora fugindo vergonhosamente de um exército que avançava cada vez mais. O senso comum dizia a Davi que a vontade de Deus era melhor atendida se ele não se opusesse a Absalão naquela ocasião. Esta lição de submissão, que ele aprendera da maneira mais difícil, provou ser a lição mais importante de sua vida. Muitas vezes no passado, Davi poderia ter questionado a sabedoria de Deus. Ele fora tratado injustamente. Saul recusou-se a lhe dar as recompensas prometidas a quem matasse Golias.
De fato, Saul fez muitas tentativas para matar Davi. Além disso, ele tomou a esposa de Davi, Mical, e a deu em casamento para outro homem. Posteriormente, o general de confiança de Davi, Joabe, agiu contra os interesses de Davi (2 Samuel 3:27, 28).
Enquanto Davi fugia de Jerusalém, sua fé estava sendo provada mais uma vez. Ele foi traído por aqueles em quem ele mais confiava. Homens inferiores a ele amaldiçoaram e injuriaram Davi. Mesmo passando por essa e por outras lutas,
Davi nunca perdeu a fé em Deus. Como precisamos aprender a ter a mesma confiança! Nem tudo o que nos acontece como cristãos é bom, mas podemos encontrar forças nas preciosas promessas de Deus. “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Romanos 8:28).
Como cristãos, temos consolação em toda situação. Deus operará em todas as circunstâncias para nos ajudar a encontrar a Sua vontade e a fazer o que é melhor para nós. O que acontece pode não ser bom, ou pode não parecer o melhor de acordo com a nossa sabedoria. Apesar disso, podemos ter certeza de que Deus agirá pelo que é melhor para nós. Em amor Ele reverterá a situação para o nosso bem e para a Sua glória. Examinemos o que Romanos 8:28 não diz. Não diz que todas as coisas darão certo. Diz que se amamos e servimos a Deus, podemos esperar que a Sua mão providencial e encaminhadora conduza e governe as nossas vidas. Nossa resposta a essa maravilhosa promessa deve ser como a de Jó: “Embora ele me mate, ainda assim esperarei nele…” (Jó 13:15a; NVI).
19. DAVI APRENDEU O VALOR DO ARREPENDIMENTO
Entristecido, Davi saiu de Jerusalém, mas sua maior tristeza não foi perder a sua cidade. De fato, Davi parecia confiante de que voltaria, deixando ali até alguns membros da família (2 Samuel 15:16, 25). Devemos concluir que Davi, provavelmente, estava lamentando pelos seus próprios pecados (Mateus 5:4; Lucas 6:21). Davi errou ao negligenciar sua posição de rei (2 Samuel 15:2, 3).
Encontramos ampla evidência da omissão de Davi em instruir e disciplinar os seus filhos (1 Reis 1:6). Pouco se duvida que a rebelião de Absalão não tenha sido resultado da negligência e do pecado de Davi. Davi aprendeu bem a dura lição do arrependimento. Uma vez, ele adiou o arrependimento por um ano, e isto lhe custou muito (2 Samuel 11:26, 27).
Desta vez seu arrependimento seria imediato. Talvez Davi tenha repetido as palavras encontradas em seus salmos: Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões (Salmos 51:1). Responde-me quando clamo, ó Deus da minha justiça; na angústia, me tens aliviado; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração (Salmos 4:1). Responde-me, Senhor, pois compassiva é a tua graça; volta-te para mim segundo a riqueza das tuas misericórdias (Salmos 69:16).
Quanta atenção deveríamos dar aos nossos pecados? Já que desfrutamos de perdão total, há algum benefício em recordar transgressões do passado? Temos de resolver o problema da culpa e não permitir que ela permaneça nas nossas vidas. Essa conscientização do pecado não deve ser um peso enorme para nós nem impedir que olhemos para a cruz em busca de misericórdia. Por outro lado, se a alegria de receber o perdão nos deixar impunes e não tivermos nenhum senso de desmerecimento, seremos culpados de uma falta semelhante. Deus se esquece do passado, mas esse esquecimento divino deve produzir em nós um profundo senso de humildade e desmerecimento da Sua graça. O arrependimento libera o poder de Deus! Quando nos dispomos a lamentar, nos arrepender e buscar o perdão dos nossos pecados, Deus libera o Seu poder através do perdão, da aceitação, da paz e da reconciliação. Ele dá aos Seus filhos arrependidos graça sem medida. A misericórdia e o amor do pai do filho pródigo não se revelaram enquanto o filho estava longe, mas somente quando ele voltou para casa.
20. DAVI SE LEMBROU DO VALOR DA CONFIANÇA NO SENHOR
Não podemos duvidar da existência da fé de Davi! Com o mundo ruindo ao redor de si, Davi não vacilou na fé. Quando Abisai pediu permissão para tirar a cabeça de Simei do seu corpo, Davi o deteve, dizendo: Que tenho eu convosco, filhos de Zeruia? Ora, deixai-o amaldiçoar; pois, se o Senhor lhe disse: Amaldiçoa a Davi, quem diria: Por que assim fizeste?… Talvez o Senhor olhará para a minha aflição e o Senhor me pagará com bem a sua maldição deste dia (2 Samuel 16:10–12).
Confiar é mais do que aceitar passivamente. Davi reconheceu que mesmo com todo o poder de Deus, ele era responsável por fazer o que estivesse ao seu alcance para amenizar a sua própria situação. Ele orou para que Deus anulasse o conselho de Aitofel e também neutralizou os planos e obras de Absalão encarregando Husai disso. Busquei o Senhor, e ele me acolheu; livrou-me de todos os meus temores (Salmos 34:4).
Confiar é uma faca de dois gumes. Significa depender totalmente do poder e da vontade de Deus. “Entregar [o problema] nas mãos do Senhor” não significa que estamos isentos de qualquer esforço; mas exige que empreguemos toda a nossa capacidade e recursos para encontrar a vontade de Deus. A serenidade que provém dessa confiança faz parte da maturidade espiritual. Paulo expressou esse tipo de maturidade em Filipenses 4:12 e 13: Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece. A paz que provém da confiança em Deus é algo que podemos aprender. É o resultado da provação da nossa fé seguida de vitória. Davi mostrou que ele aprendeu isso quando orou a Deus, falando de sua situação: Senhor, como tem crescido o número dos meus adversários!
São numerosos os que se levantam contra mim. São muitos os que dizem de mim: Não há em Deus salvação para ele. Porém tu, Senhor, és o meu escudo, és a minha glória e o que exaltas a minha cabeça. Com a minha voz clamo ao Senhor, e ele do seu santo monte me responde. Deito-me e pego no sono; acordo, porque o Senhor me sustenta. Não tenho medo de milhares do povo que tomam posição contra mim de todos os lados (Salmos 3:1–6).
CONCLUSÃO
Quando tudo acabou, do que Davi se lembrou? Ele experimentou muito sofrimento e tristeza nesse episódio. Sua dignidade foi reduzida a pó. Sua nação sofreu desordem e dissensão. Ele, pessoalmente, sofreu perda e humilhação. Uma vitória não seria suficiente para unir uma nação que, mais tarde, se dividiria para sempre. A consolação e esperança de Davi é a mesma que a nossa. Deus sabe, Deus cuida. Está é a nossa única certeza. Eu me alegrarei e regozijarei na tua benignidade, pois tens visto a minha aflição, conheceste as angústias de minha alma e não me entregaste nas mãos do inimigo; firmaste os meus pés em lugar espaçoso (Salmos 31:7, 8). Não importa quão escura esteja a noite ou quão violenta, a tempestade, Deus está no céu assistindo a tudo.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Historia de Israel do AT. De Eugene H. Nerrill - CPAD
Lições bíblicas CPAD 1993
achologia.blogspot.com
www.vivos.com.br

0 comentários:

Postar um comentário

Quem sou eu

Minha foto
Pregador do Evangelho Pela Graça do Senhor.

NOS INDIQUE

Uilson no twitter

ACESSOS

 

FAMÍLIA EBD. Copyright 2008 All Rights Reserved Revolution Two Church theme by Brian Gardner Converted into Blogger Template by Bloganol dot com | Distributed by Deluxe Templates