quinta-feira, 25 de junho de 2009

AMOR, A VIRTUDE SUPREMA



A MAIOR DE TODAS AS GRAÇAS ESPIRITUAIS – (13.1-13)

Isaías de Jesus

No NT, a palavra para amor (que em algumas traduções é expressa como caridade) é agape. Embora esse termo não fosse comum antes do nascimento da igreja cristã, ele já era conhecido. A Septuaginta (LXX) usa freqüentemente essa palavra e ela foi adotada pelos cristãos do primeiro século para designar um amor diferente tanto de eros (amor egoísta e ligado aos desejos), como de philia (simpatia natural, ou amizade).

Ágape é um amor que está em completa harmonia com o caráter da pessoa que o exprime. Dessa forma, no NT a palavra ágape expressa cuidado e compaixão por aqueles que são totalmente indignos. Era um amor dedicado aos outros sem qualquer expectativa de benefício ou recompensa. Era um sentimento supremo e redentor, e só poderia vir de Deus. Sua maior expressão foi revelada na cruz de Cristo. Ele passaria a ser uma marca registrada especial de todos os cristãos.

“O Maior Dom” é o amor porque: 1) E o dom mais essencial, 1-3; 2) E uma característica acentuada de Cristo, 4-6; 3) E o dom mais abrangente, 7; 4) E o dom mais permanente, 8-13.

1. O Amor é Essencial (13.1-3)

Os dons têm um lugar especial na igreja e são muito úteis. Mas o amor representa a essência da vida cristã, e é absolutamente necessário. Ele encontra um lugar mesmo entre os dons carismáticos, porém os dons sem a presença do amor são como um corpo sem alma.

a) O amor é maior que a habilidade de falar (13.1). Paulo começa apresentando uma possibilidade hipotética: Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos. Se uma pessoa tiver o excelente dom da oratória, ou de pronunciar expressões angelicais, mas não tiver o amor, ela não acrescentará nada às outras pessoas. Sem amor, o dom de falar se torna vazio e imprudente — ele é como o metal que soa ou como o sino que tine. O metal que soa (“gongo barulhento”, RSV) significa um pedaço de metal não lavrado ou gongo usado para chamar a atenção.

Tinir (alalazon) significa “colidir”, ou um som alto e áspero. O sino (ou címbalo, RA) consistia de duas meias circunferências que eram golpeadas causando um estrondo. A idéia aqui é de um inexpressivo som de metal em lugar de música.

O objetivo do apóstolo é mostrar que o homem que professa o dom da glossolalia, da forma como era praticada em Corinto, mas que não tem amor, na realidade não é mais que um instrumento metálico impessoal. Entretanto, a finalidade “do versículo não é colocar a glossolalia sem amor contra a glossolalia com amor, mas compará-la com o amor”. No cristianismo não há um substituto para o amor.

b) O amor é mais necessário que a profecia, o conhecimento (ou ciência) e a fé (13.2). Paulo colocou a profecia ao lado do apostolado (12.28), sem minimizar a sua importância. Mas embora a profecia seja demasiadamente inspiradora e vital para o progresso da igreja, ela não é tão necessária quanto o amor. Os mistérios são verdades que não podem ser conhecidas pela razão humana; eles são concedidos através da revelação divina.

Estes mistérios são verdades espirituais relacionadas com a história da redenção, especialmente as verdades de natureza escatológica, isto é, relacionadas com os futuros acontecimentos do plano de Deus para o mundo. A ciência não é mais que um entendimento intelectual. Como a ciência é um dom, ela contém um elemento místico baseado na experiência e no relacionamento pessoal. Aqui, a fé se refere ao extraordinário poder de realizar milagres; portanto ela é um dom. Toda a fé indica a possibilidade de ter esse dom em seu sentido mais amplo.

A igreja de Corinto dava muita importância às pessoas que tinham conhecimento dos assuntos humanos e divinos, e que conseguiam fascinar as outras com seus feitos de fé. No entanto, Paulo faz uma declaração arrebatadora, as dizer que alguém pode ter esses dons e ainda assim não ser nada. E o amor que faz a diferença. Mesmo sem esses dons, o amor ainda representa o supremo valor. Sem amor todos os dons são insignificantes.

c) O amor é mais importante que o auto-sacrifício (13.3). Paulo comparou o amor aos dramáticos atos de falar e às dinâmicas atividades da mente e do espírito. Agora o apóstolo se volta aos fatos da misericórdia e do sacrifício. Ele escreve:

Ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade (ou amor), nada disso me aproveitaria. A palavra distribuir (psomiso) significa “partir e distribuir em pequenas porções; alimentar com pedacinhos; e pode ser aplicada até mesmo à repartição de uma propriedade em pequenas frações”. O verbo está no tempo aoristo, e indica que a ação se completou e a distribuição foi feita.

Mesmo vendendo suas posses e distribuindo o dinheiro em uma atitude única, completa e decidida, alguém ainda pode oferecer o seu próprio corpo para ser queimado. Essa expressão pode se referir ao ato de castigar o cristão como o criminoso que tem seu corpo marcado com ferro em brasa. Ou pode se referir ao martírio onde a pessoa experimenta a agonia da morte ao ser amarrada a um poste cercado de lenha para ser queimada. Outros pensam que o significado pode ser o da venda voluntária do corpo como escravo, a fim de angariar dinheiro para ajudar a causa de Cristo. De qualquer maneira, não importa o sacrifício que alguém tenha feito, se não houver amor, não haverá nenhum benefício.

2. O Amor é como Cristo (13.4-6)

a) É como Cristo em sua afirmação (13.4a). O amor é parente da paciência e da bondade. Paulo declara: A caridade (ou amor) é sofredora (makrothymia). Esse item significa paciência para suportar a injustiça sem sentir ira ou desespero. “O amor tem uma infinita capacidade de suportar”. Essa paciência envolve mais as pessoas do que as circunstâncias. Ser benigno (chrestotes) é ter um tipo de “bondade e de cortesia que vem do coração e que representa a contrapartida ativa da paciência”.

b) É como Cri sto em suas negações (13.4b-6). O amor se manifesta positivamente na paciência e na bondade.

Ele também se revela negativamente através das restrições que coloca a si mesmo. Assim sendo, podemos confiar no amor tanto pelo que ele faz, como por aquilo que ele não faz.

1)O amor não sente inveja (13.4). Invejar é um verbo usado às vezes em um sentido favorável, como em 12.31: “Procurai com zelo os melhores dons”. Essa palavra significa basicamente “ser zeloso por ou contra qualquer coisa ou pessoa”.6’ Quando usada em um contexto desfavorável, ela significa ser zeloso contra uma pessoa; portanto, ter ciúme ou sentir desprazer perante o sucesso de alguém.

2)O amor não se ufana (13.4, versão ARA). A expressão não trata com leviandade introduz uma vivida palavra que quer dizer “fanfarrão ou falador”,62 Ela é “usada em relação a alguém que louva suas próprias qualidades”.63 Essa advertência foi especialmente necessária aos coríntios, que eram inclinados a se orgulhar dos seus dons.

3) O amor não se ensoberbece (13.4). Ensoberbecer (physioutai) significa inflar, ofegar, suspirar. Portanto, quer dizer “inchado de orgulho, vaidade, e auto-estima”. E diferente de jactar-se, no sentido de expressar ativamente sentimentos de orgulho e egoísmo. Um homem pode ter um sentimento de auto-exaltação e ser suficientemente inteligente para disfarçá-lo através de uma demonstração de religiosidade. Dessa forma, ele não irá se expor às críticas de ser uma pessoa soberba. O amor elimina esse sentido interior de auto-exaltação, assim como a sua manifestação exterior.

4)O amor não se porta com indecência (13.5). Aqui Paulo está falando sobre o perfeito amor e a maneira como ele opera na vida cristã. O “caminho mais excelente” é o caminho da santidade. O apóstolo não está se referindo simplesmente a um ideal a ser alcançado, mas indicando uma experiência de amor que está no tempo presente. O momento é agora. Esse amor não se porta com indecência, não faz nada que seja “vergonhoso, desonroso ou indecente”. O amor demonstra o devido respeito para com aqueles que têm autoridade, e uma adequada consideração pelas pessoas sobre as quais a autoridade é exercida. O amor “inspira tudo que é conveniente e próprio na vida, e protege contra tudo que é inconveniente e impróprio”.

5) O amor não é interesseiro (13.5). Jesus descreveu a abordagem básica à vida cristã quando falou sobre o grão de trigo que cai na terra e morre para que possa viver (Jo 12.24). Esse é o amor cristão que está em direta oposição ao interesse egoísta. O egoísmo e o amor não podem residir no espírito do mesmo homem. O amor não pode encontrar a sua própria felicidade às custas dos outros. Isso não significa que o homem não deva se preocupar com o seu próprio bem-estar, nem que ele deva se descuidar de sua saúde física, de seus bens, felicidade ou salvação, Significa que o homem não deve fazer da sua felicidade pessoal e de seu bem-estar a principal motivação da sua vida, O amor leva o cristão a procurar o bem-estar dos outros, mesmo às custas do esforço, da abnegação e do sacrifício pessoal.

6) O amor não se irrita (13.5). O amor não se deixa provocar. “A leviandade é supérflua e dá um colorido diferente a uma afirmação que é absoluta: ele não é provocado, nem exasperado. Quando usada em um sentido desfavorável, a palavra irritar significa “provocar a ira, enervar”. Portanto, o amor não é melindroso, nem hipersensível, e não se ofende. Somente o amor pode vencer as irritações reais ou imaginárias que uma pessoa experimenta na vida.

7) O amor não suspeita mal (13.5). A palavra traduzida como suspeita (logizetai) significa levar em conta, acusar, calcular ou registrar. O amor não soma, nem atribui más intenções ou desejos perniciosos a um homem. Como Godet explica: “O amor, em vez de registrar o mal como um débito em seu livro contábil, voluntariamente ‘passa uma esponja’ sobre aquilo que ele suporta”

8)O amor não folga com a injustiça de qualquer espécie (13.6). O amor não participa de qualquer ato pessoal de pecado ou injustiça. Não se alegra com os vícios dos outros homens, nem encontra prazer quando outros se revelam culpados de algum crime. Pelo contrário, o amor se alegra com a verdade e encontra prazer nas virtudes dos outros. O amor e a verdade são irmãos gêmeos na família da fé. Esse amor não pode ser indiferente ou neutro; ele sempre é a favor de algum dos lados. O amor se retrai perante a injustiça, mas abraça a verdade.

3. O Amor é a Mais Abrangente de Todas as Graças (13.7)

Nesse ponto, o apóstolo muda seu tema de retumbantes afirmações negativas para emocionantes afirmações positivas. Os dons carismáticos, especialmente a glossolalia, estavam confinados apenas a algumas pessoas e tinham pouco valor prático. O amor, por outro lado, é tão amplo e abrangente quanto o espírito do homem que é moldado pela graça de Deus.

a) O amor tudo sofre, tudo suporta (13.7a). Na literatura clássica a palavra sofrer (stego) significava “cobrir, considerar em silêncio, manter confidencial”.69 Aqui, uma excelente tradução da idéia de Paulo é “o amor que lança um manto de silêncio sobre aquilo que é desagradável em uma outra pessoa”.7° Essa palavra também contém a idéia de suportar. Portanto, o amor pode ocultar ou suportar aquilo que é desagradável em alguém. Whedon comenta: “Assim como a mãe procura cobrir as faltas dos seus filhos, Paulo preferia ocultar os erros dos coríntios, ao invés de expô-los”.7’ O amor afasta os ressentimentos e espera o melhor das pessoas, mesmo quando as aparências indicam o contrário.

b) O amor gera confiança nos outros (13.7b). Os coríntios formavam uma multidão de céticos. Sentiam dificuldade em confiar uns nos outros. A rivalidade em relação aos vários dons havia produzido um abismo em sua confiança. Paulo diz a esses filhos problemáticos que o amor acredita em tudo; o amor tudo crê. O verbo crer (pisteuei) significa ter confiança nos outros, colocar a melhor interpretação em seus atos e motivos. Certamente Paulo não está sugerindo que um cristão cheio de amor seja uma pessoa extremamente crédula que acredita em tudo o que é apresentado à sua mente. Ele quer dizer que o amor está pronto para acreditar no melhor que existe nos outros e a tolerar as circunstâncias.

c) O amor produz uma esperança perpétua (13.7c). O amor nunca desiste — ele acompanha o homem até os limites da sepultura, sempre esperando o melhor. O amor não produz uma espécie de otimismo sentimental que cegamente se recusa a enfrentar a realidade, e se nega a aceitar o insucesso como definitivo. Em vez de aceitar o insucesso dos outros, “o amor irá se firmar nessa esperança até que todas as possibilidades de tal resultado tenham desaparecido, e é compelido a acreditar que a conduta não é suscetível a uma justa explicação”.

d) O amor permanece firme (13.7d). O amor permanece forte perante o desapontamento, é corajoso na perseguição e não se queixa. Suportar (hypomeno) significa “manter a posição, recusar-se a ceder, resistir”.73 Dessa forma, quando o cristão não consegue mais acreditar ou esperar, ainda assim ele pode amar. Essa permanência não é uma simples aquiescência, mas uma reação silenciosa e estável a pessoas ou eventos que não merecem paciência. O amor é permanente.

4. O Amor é a Graça Mais Completa (13.8-13)

Paulo atinge agora o seu clímax. Três dos dons de mais elevado conceito são mencionados como temporários. O permanente amor se coloca contra esse caráter temporário de todas as outras virtudes. Os dons carismáticos são parciais, enquanto o amor é perfeito.

a) O amor é eterno e nunca falha (13.8). Quando os redimidos estiverem diante de Deus, não haverá mais a necessidade de profecias. As línguas, tão consideradas pelo coríntios, cessarão, pois o homem estará livre de tudo que o separa de Deus e dos outros. A ciência — tanto a sabedoria adquirida pelo homem, como os mistérios revelados por Deus — desaparecerá perante o perfeito conhecimento de Deus.

b) O amor é perfeito e completo (13.9-12). Na consumação final da história redentora, todas as imperfeições serão substituídas pelo perfeito — Mas, quando vier o que é perfeito, então, o que o é em parte será aniquilado (10). Nesse dia, todas as imperfeições desaparecerão e tudo que aqui parece obscuro e incompreensível se tornará claro.

1) A imperfeição do entendimento parcial (13.11). O atual conhecimento do homem, comparado ao que ele terá no céu, é igual ao conhecimento de uma criança em relação ao de um homem maduro. Apalavra menino (nepios) quer dizer criança pequena, ou infante, embora sem nenhum limite específico de idade. Ela se refere ao primeiro período da existência antes da meninice ou da puberdade.

O verbo sentia (ephronoun) se refere aqui “ao primeiro e pouco desenvolvido exercício da mente infantil: a um pensamento que ainda não está ligado ao raciocínio”.74 O pensamento (logizomai) denota uma progressão para o entendimento, e de logizomai vem o significado de inferir as coisas ou relacionar conceitos. A idéia aqui é que quando Paulo amadureceu no amor cristão, ele abandonou as coisas infantis com deliberada decisão e finalidade.

2)A imperfeição da visão parcial (13.12). Paulo escreve: Porque, agora, vemos por espelho em enigma. Por causa da natureza dos espelhos da época de Paulo, seu reflexo era vago ou obscuro. O espelho dos gregos e romanos era um disco delgado de metal polido de um lado, sendo que o outro lado era liso ou continha algum desenho. Nessa época também eram feitos espelhos de vidro, mas não eram amplamente utilizados.

A palavra enigma (ainigmati) significa na verdade uma “adivinhação” e sugere um enigma ou uma obscura intimação. Portanto, da maneira como foi usada pelo apóstolo, a palavra significa de forma obscura, vaga, ou imperfeita. A expressão então, veremos face a face indica uma brilhante antecipação. Quando o homem estiver na presença de Deus sua visão será perfeita, e nada se colocará entre eles para obscurecer a presença de Deus.

O mesmo que acontece com a visão, acontecerá com o conhecimento. Paulo já havia afirmado que nosso conhecimento terreno é parcial (9), mesmo quando resulta de um dom especial. Contra esse conhecimento parcial o apóstolo coloca o perfeito conhecimento do redimido na presença de Deus. Os termos da versão TEV transmitem a seguinte idéia: “Agora, conheço em parte; mas, então, conhecerei de forma completa, assim como sou conhecido por Deus”.

3)A perfeição do amor (13.13). Fazendo um contraste com os dons temporários que tanto haviam ocupado a atenção dos coríntios, fica confirmada a permanência das três principais graças cristãs: Permanecem a fé, a esperança e a caridade. De acordo com Paulo a fé é essencial à salvação (Rm 3.28; Gl 2.20). E impossível viver sem esperança. Quando a esperança morre o espírito morre. Mas, dessas três graças cristãs básicas — a maior é o amor.

Faris D. Whitesell intitula esta exposição do capítulo 13 como: “A Excelência do Amor Demonstra a Sua Excelência”.

1) O amor torna os dons da vida aproveitáveis, 1-3;

2) O amor transforma os relacionamentos da vida em algo maravilhoso, 4-7;

3) O amor faz com que as contribuições da vida se tornem eternas, 8-13 (da obra Sermon Outlines on Favorite Bible Chapters).

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

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